quarta-feira, 17 de julho de 2013
O futuro de Massa e Hulkenberg*
* Por Lívio Oricchio
O retrospecto histórico e os números da temporada mostram que há cinco equipes mais bem estruturadas na Fórmula 1: Red Bull, Ferrari, Mercedes, Lotus e McLaren. As quatro primeiras venceram corridas este ano e a McLaren ganhou as duas últimas etapas do campeonato de 2012. Pois há vaga em aberto em três das cinco, daí o mercado de pilotos estar bastante agitado.
Há conversas de toda natureza. Mas as definições devem esperar a resposta de Kimi Raikkonen a Christian Horner, diretor da Red Bull, se aceita a oferta que já lhe foi feita ou permanecerá na Lotus. Tratamos do tema no capítulo anterior sobre a movimentação entre os chefes de equipes e os empresários de pilotos.
A conversa, hoje, diz respeito a Felipe Massa e Nico Hulkenberg. Curto e grosso: Massa está fora da Ferrari? Não. Ainda não. A partir da segunda metade da temporada do ano passado, o GP da Hungria, Massa marcou pontos até a prova de Xangai, este ano, 13 corridas. Não ficou entre os dez primeiros no último GP de Bahrein, quebrando a série, por causa de dois problemas com os pneus. Mas na etapa seguinte, Espanha, chegou ao pódio, em terceiro.
Massa produzia para a Ferrari exatamente o que a escuderia mais deseja dele: trazer pontos para casa. Foi por essa razão que no GP do Canadá Stefano Domenicali, diretor da Ferrari, afirmou em entrevista ao Estado não estar pensando em piloto. Fernando Alonso e Felipe Massa atendiam com precisão o que esperava deles.
No currículo do piloto brasileiro constava, até então, apenas o acidente no treino livre de sábado, em Mônaco. E até hoje não está claro para muita gente, dentre eles eu, de que foi mesmo um erro de Massa. O ocorrido durante a prova, domingo, ficou comprovado tratar-se de um problema na suspensão.
O desgaste de Massa começou a se revelar em Montreal, na sessão de classificação. No Q2, no piso molhado, seu tempo não o faria passar para o Q3. Pressionado pelas circunstâncias, forçou demais e bateu o carro. Também não seria por demais comprometedor se na etapa seguinte, em Silverstone, não tivesse cometido outro equívoco e colidido contra a barreira de pneus no treino livre de sexta-feira.
O mais grave, porém, foi abandonar o GP da Alemanha, ainda na quarta volta, há pouco mais de uma semana. No fim da reta dos boxes, Massa freou, a traseira da Ferrari se projetou para o lado de dentro da curva, com as rodas traseiras bloqueadas, o piloto corrigiu e a traseira foi para o outro lado, fazendo o carro rodar na área de escape. Com o câmbio bloqueado na quinta marcha, tentou ainda retornar à pista, mas o motor morreu.
Vinha de uma classificação excelente, sempre mais rápido que Alonso, no Q1, Q2 e Q3. A corrida era a chance de deixar para trás o difícil período iniciado ainda em Mônaco ou no GP do Canadá. Ocupava a sexta colocação, enquanto Alonso, a oitava. Só que em vez de ser a retomada do ciclo favorável o erro de Nurburgring, diagnóstico da equipe ratificado pelo piloto, o lançou numa situação complexa, difícil agora de ser revertida.
Mas não impossível. Porque não está decidido que Massa vai deixar a Ferrari. Conversei com um amigo, nesta segunda-feira, profissional com largo trânsito entre os homens da alta cúpula da escuderia. Massa precisa nessas duas próximas corridas, Hungria e Bélgica, mostrar que retomou a fase que levou Domenicali a não pensar mais na questão dos pilotos, como era até o GP de Mônaco.
Tudo o que o dirigente quer, e necessita, é concentrar-se nos imensos desafios técnicos de 2014, exercício que consome, hoje, como me disse em Montreal, a maior parte do seu tempo e energias. Se Massa não errar e somar importantes pontos em Hungaroring e Spa-Francorchamps, com performances convincentes, Domenicali terá argumentos para defender a renovação do seu contrato, apesar das pressões para não fazê-lo, provenientes de parte importante de imprensa italiana, sensível ao desejo de porção significativa da torcida.
E se não for Massa, hipótese mais provável, quem será o companheiro de Fernando Alonso?
Assim como a lista de Christian Horner para a Red Bull, em 2014, tem três nomes, citados por ele mesmo, Kimi Raikkonen, Daniel Ricciardi e Jean-Eric Vergne, a dupla da Toro Rosso, a da Ferrari possui três nomes também. É possível discriminá-los: Nico Hulkenberg, da Sauber, Paul Di Resta, Force India, e Jules Bianchi, Marussia.
Hulkenberg é a primeira opção da Lotus para o caso de Raikkonen se transferir para a Red Bull. Eric Boullier, diretor do time do finlandês, já antecipou à imprensa. As duas partes estão conversando. Mas e se Raikkonen resolver ficar onde está?
Independentemente da decisão de Raikkonen, Hulkenberg faz parte da lista da Ferrari. Domenicali não é obrigado a esperar o finlandês dizer “sim” ou “não” para a Red Bull. Nada o impede de fazer uma oferta ao bom piloto alemão. Apostaria que ao menos um primeiro contato já tiveram depois de Domenicali ter ficado em dúvida sobre o que fazer com Massa.
Assim como o diretor da Ferrari não tem obrigação de esperar a decisão de Raikkonen para oferecer algo a Hulkenberg, o próprio piloto alemão ficaria muito tentado se eventualmente o italiano lhe vier com algo concreto, um contrato. Tudo isso antes de Raikkonen responder a Boullier se fica ou sai da Lotus.
Hulkenberg teria de decidir entre esperar Raikkonen dizer o que deseja para a Red Bull e correr o risco de não ir para a Lotus, caso o finlandês decida permanecer, ou aceitar um contrato com a Ferrari, mesmo tendo como companheiro de equipe Fernando Alonso, por quem todos os sinos tocam. Não hesito em acreditar que Hulkenberg assinaria rápido com os italianos.
Importante: o alemão tem chances na Lotus mesmo que Raikkonen fique. Basta o francês Romain Grosjean não repetir o impressionante desempenho no GP da Alemanha, em que só não foi o segundo colocado porque acatou a ordem de Boullier para deixar o finlandês ultrapassá-lo, a fim de lutar pela vitória com Sebastian Vettel, da Red Bull.
Se pelos mais estranhos motivos da Fórmula 1 Hulkenberg não assinar com a Ferrari, na hipótese de Massa não ter o compromisso estendido, Paul Di Resta é o segundo da lista. Não é presunção a afirmação. Basta olhar na lista de pilotos para ver quem possui algum cacife técnico para pilotar para a Ferrari e já não tem contrato com outra equipe. É um raciocío lógico que, nesse caso, apesar de ser a Fórmula 1, faz todo sentido.
Com Di Resta no páreo tudo ficaria mais fácil. O mau humorado escocês não tem nada que o prenda a Force India. Iria para a Ferrari correndo e não faria restrição de nenhuma natureza. Receberia quanto lhe pagassem. Muito menos dos estimados 8 milhões de euros destinados a Massa.
O último da lista da Ferrari é o francês Jules Bianchi, da Marussia, e formado na Academia de Jovens Pilotos da Ferrari, coordenada pelo ex-engenheiro de Michael Schumacher, Luca Baldisseri. A escuderia italiana não tem a cultura de contratar pilotos com pouca experiência. Seria uma surpresa. Não deve ser o escolhido se não for Massa. A Ferrari deverá ajudá-lo a correr por um time melhor em 2014 e então avaliar seu verdadeiro potencial.
No caso de Massa não permanecer na Ferrari, há espaço ainda para ele na Fórmula 1? O inteligente Nicolas Todt, seu empresário, já compreendeu que, nesse momento, seu piloto está mais fora que dentro do time de Maranello. E faz sentido acreditarmos que deve ter tido alguma conversa, mesmo que preliminar, com Boullier, da Lotus, e Vijai Mallya, da Force India, para sondar a possibilidade de Massa competir por eles. Colocaria nessa lista, agora, a Sauber, por conta dos recursos financeiros dos russos.
São organizações em que o patrocínio é importante porém não essencial se o piloto reunir o que eles mais precisam, experiência e liderança para levá-los a disputar colocações no pódio, promover o salto de performance que lhes falta. E essa imagem Massa tinha no distante 2008. Faz tempo. Infelizmente, seu conceito, hoje, não é positivo para a maioria dos profissionais da Fórmula 1, em especial depois dos últimos resultados, bem abaixo dos possíveis pelo carro da Ferrari.
Nas últimas quatro etapas Massa somou 12 pontos. Alonso, 51. São fatores que pesam muito nas negociações, quase as inviabilizam. Só mesmo desempenhos capazes de gerar grande impacto nas provas da Hungria, Bélgica e talvez Itália seriam capazes de reverter sua imagem desgastada. Na Fórmula 1, como tantos afirmam, você vale tanto quanto o seu último resultado. A missão de Massa é difícil, porém não impossível, como ele mesmo já provou em outras oportunidades.
O retrospecto histórico e os números da temporada mostram que há cinco equipes mais bem estruturadas na Fórmula 1: Red Bull, Ferrari, Mercedes, Lotus e McLaren. As quatro primeiras venceram corridas este ano e a McLaren ganhou as duas últimas etapas do campeonato de 2012. Pois há vaga em aberto em três das cinco, daí o mercado de pilotos estar bastante agitado.
Há conversas de toda natureza. Mas as definições devem esperar a resposta de Kimi Raikkonen a Christian Horner, diretor da Red Bull, se aceita a oferta que já lhe foi feita ou permanecerá na Lotus. Tratamos do tema no capítulo anterior sobre a movimentação entre os chefes de equipes e os empresários de pilotos.
A conversa, hoje, diz respeito a Felipe Massa e Nico Hulkenberg. Curto e grosso: Massa está fora da Ferrari? Não. Ainda não. A partir da segunda metade da temporada do ano passado, o GP da Hungria, Massa marcou pontos até a prova de Xangai, este ano, 13 corridas. Não ficou entre os dez primeiros no último GP de Bahrein, quebrando a série, por causa de dois problemas com os pneus. Mas na etapa seguinte, Espanha, chegou ao pódio, em terceiro.
Massa produzia para a Ferrari exatamente o que a escuderia mais deseja dele: trazer pontos para casa. Foi por essa razão que no GP do Canadá Stefano Domenicali, diretor da Ferrari, afirmou em entrevista ao Estado não estar pensando em piloto. Fernando Alonso e Felipe Massa atendiam com precisão o que esperava deles.
No currículo do piloto brasileiro constava, até então, apenas o acidente no treino livre de sábado, em Mônaco. E até hoje não está claro para muita gente, dentre eles eu, de que foi mesmo um erro de Massa. O ocorrido durante a prova, domingo, ficou comprovado tratar-se de um problema na suspensão.
O desgaste de Massa começou a se revelar em Montreal, na sessão de classificação. No Q2, no piso molhado, seu tempo não o faria passar para o Q3. Pressionado pelas circunstâncias, forçou demais e bateu o carro. Também não seria por demais comprometedor se na etapa seguinte, em Silverstone, não tivesse cometido outro equívoco e colidido contra a barreira de pneus no treino livre de sexta-feira.
O mais grave, porém, foi abandonar o GP da Alemanha, ainda na quarta volta, há pouco mais de uma semana. No fim da reta dos boxes, Massa freou, a traseira da Ferrari se projetou para o lado de dentro da curva, com as rodas traseiras bloqueadas, o piloto corrigiu e a traseira foi para o outro lado, fazendo o carro rodar na área de escape. Com o câmbio bloqueado na quinta marcha, tentou ainda retornar à pista, mas o motor morreu.
Vinha de uma classificação excelente, sempre mais rápido que Alonso, no Q1, Q2 e Q3. A corrida era a chance de deixar para trás o difícil período iniciado ainda em Mônaco ou no GP do Canadá. Ocupava a sexta colocação, enquanto Alonso, a oitava. Só que em vez de ser a retomada do ciclo favorável o erro de Nurburgring, diagnóstico da equipe ratificado pelo piloto, o lançou numa situação complexa, difícil agora de ser revertida.
Mas não impossível. Porque não está decidido que Massa vai deixar a Ferrari. Conversei com um amigo, nesta segunda-feira, profissional com largo trânsito entre os homens da alta cúpula da escuderia. Massa precisa nessas duas próximas corridas, Hungria e Bélgica, mostrar que retomou a fase que levou Domenicali a não pensar mais na questão dos pilotos, como era até o GP de Mônaco.
Tudo o que o dirigente quer, e necessita, é concentrar-se nos imensos desafios técnicos de 2014, exercício que consome, hoje, como me disse em Montreal, a maior parte do seu tempo e energias. Se Massa não errar e somar importantes pontos em Hungaroring e Spa-Francorchamps, com performances convincentes, Domenicali terá argumentos para defender a renovação do seu contrato, apesar das pressões para não fazê-lo, provenientes de parte importante de imprensa italiana, sensível ao desejo de porção significativa da torcida.
E se não for Massa, hipótese mais provável, quem será o companheiro de Fernando Alonso?
Assim como a lista de Christian Horner para a Red Bull, em 2014, tem três nomes, citados por ele mesmo, Kimi Raikkonen, Daniel Ricciardi e Jean-Eric Vergne, a dupla da Toro Rosso, a da Ferrari possui três nomes também. É possível discriminá-los: Nico Hulkenberg, da Sauber, Paul Di Resta, Force India, e Jules Bianchi, Marussia.
Hulkenberg é a primeira opção da Lotus para o caso de Raikkonen se transferir para a Red Bull. Eric Boullier, diretor do time do finlandês, já antecipou à imprensa. As duas partes estão conversando. Mas e se Raikkonen resolver ficar onde está?
Independentemente da decisão de Raikkonen, Hulkenberg faz parte da lista da Ferrari. Domenicali não é obrigado a esperar o finlandês dizer “sim” ou “não” para a Red Bull. Nada o impede de fazer uma oferta ao bom piloto alemão. Apostaria que ao menos um primeiro contato já tiveram depois de Domenicali ter ficado em dúvida sobre o que fazer com Massa.
Assim como o diretor da Ferrari não tem obrigação de esperar a decisão de Raikkonen para oferecer algo a Hulkenberg, o próprio piloto alemão ficaria muito tentado se eventualmente o italiano lhe vier com algo concreto, um contrato. Tudo isso antes de Raikkonen responder a Boullier se fica ou sai da Lotus.
Hulkenberg teria de decidir entre esperar Raikkonen dizer o que deseja para a Red Bull e correr o risco de não ir para a Lotus, caso o finlandês decida permanecer, ou aceitar um contrato com a Ferrari, mesmo tendo como companheiro de equipe Fernando Alonso, por quem todos os sinos tocam. Não hesito em acreditar que Hulkenberg assinaria rápido com os italianos.
Importante: o alemão tem chances na Lotus mesmo que Raikkonen fique. Basta o francês Romain Grosjean não repetir o impressionante desempenho no GP da Alemanha, em que só não foi o segundo colocado porque acatou a ordem de Boullier para deixar o finlandês ultrapassá-lo, a fim de lutar pela vitória com Sebastian Vettel, da Red Bull.
Se pelos mais estranhos motivos da Fórmula 1 Hulkenberg não assinar com a Ferrari, na hipótese de Massa não ter o compromisso estendido, Paul Di Resta é o segundo da lista. Não é presunção a afirmação. Basta olhar na lista de pilotos para ver quem possui algum cacife técnico para pilotar para a Ferrari e já não tem contrato com outra equipe. É um raciocío lógico que, nesse caso, apesar de ser a Fórmula 1, faz todo sentido.
Com Di Resta no páreo tudo ficaria mais fácil. O mau humorado escocês não tem nada que o prenda a Force India. Iria para a Ferrari correndo e não faria restrição de nenhuma natureza. Receberia quanto lhe pagassem. Muito menos dos estimados 8 milhões de euros destinados a Massa.
O último da lista da Ferrari é o francês Jules Bianchi, da Marussia, e formado na Academia de Jovens Pilotos da Ferrari, coordenada pelo ex-engenheiro de Michael Schumacher, Luca Baldisseri. A escuderia italiana não tem a cultura de contratar pilotos com pouca experiência. Seria uma surpresa. Não deve ser o escolhido se não for Massa. A Ferrari deverá ajudá-lo a correr por um time melhor em 2014 e então avaliar seu verdadeiro potencial.
No caso de Massa não permanecer na Ferrari, há espaço ainda para ele na Fórmula 1? O inteligente Nicolas Todt, seu empresário, já compreendeu que, nesse momento, seu piloto está mais fora que dentro do time de Maranello. E faz sentido acreditarmos que deve ter tido alguma conversa, mesmo que preliminar, com Boullier, da Lotus, e Vijai Mallya, da Force India, para sondar a possibilidade de Massa competir por eles. Colocaria nessa lista, agora, a Sauber, por conta dos recursos financeiros dos russos.
São organizações em que o patrocínio é importante porém não essencial se o piloto reunir o que eles mais precisam, experiência e liderança para levá-los a disputar colocações no pódio, promover o salto de performance que lhes falta. E essa imagem Massa tinha no distante 2008. Faz tempo. Infelizmente, seu conceito, hoje, não é positivo para a maioria dos profissionais da Fórmula 1, em especial depois dos últimos resultados, bem abaixo dos possíveis pelo carro da Ferrari.
Nas últimas quatro etapas Massa somou 12 pontos. Alonso, 51. São fatores que pesam muito nas negociações, quase as inviabilizam. Só mesmo desempenhos capazes de gerar grande impacto nas provas da Hungria, Bélgica e talvez Itália seriam capazes de reverter sua imagem desgastada. Na Fórmula 1, como tantos afirmam, você vale tanto quanto o seu último resultado. A missão de Massa é difícil, porém não impossível, como ele mesmo já provou em outras oportunidades.
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