quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Estamos de volta*
* Por Lívio Oricchio
Neva. Neva ininterruptamente desde ontem à tarde, quando aqui cheguei, em Madonna di Campiglio, nos Alpes italianos. E quando neva você sabe, não faz tanto frio. Estamos nesse instante, 18 horas, no meu horário, três a mais em relação a Brasília, com 2 graus negativos.
Como manda a tradição do Wroom, evento promovido pela Philip Morris para aproximar a equipe Ferrari de Fórmula 1 e a Ducati da MotoGP da mídia internacional, jornalistas e integrantes dessas organizações compartilham a agenda por quatro dias num local absolutamente lindo, a região do Dolomite.
Almoçamos hoje com Alonso e Massa, no mesmo restaurante, Cascina Zeledria, no alto de uma montanha, com cardápio bastante calórico. A entrada de cogumelos Porcini grelhados com polenta é aluciantemente deliciosa. Assim como o restante do menu.
Os dois me pareceram mais confiantes que em 2012. Em conversa informal com Massa, no ano passado, aqui mesmo, sempre me lembrava o fato de o F2012 ser revolucionário. “O que talvez exija um tempo para ser desenvolvido”, disse-me. Foi o que aconteceu. Apenas a partir do GP da Espanha a Ferrari tornou-se mais competitiva.
Alonso e Massa sabem, agora, que o carro que já viram em construção em Maranello e será apresentado provavelmente dia 2, lá mesmo, representa o desenvolvimento das avançadas ideias incorporadas no modelo F2012. “Não é o caso de descobrirmos como o carro vai se comportar”, disse Alonso, ainda no Brasil. O espanhol não espera surpresas, como em 2012.
Domenicali dá entrevista amanhã, quarta-feira, enquanto os pilotos, quinta-feira. Hoje falaram com os jornalistas os pilotos da Ducati na MotoGP, Nicky Hayden e Andrea Dovizioso, substituto de Valentino Rossi, de volta a Yamaha.
O diretor da Ferrari tem adotado um discurso verdadeiro mas, na minha visão, perigoso: “Não vamos ter os problemas do ano passado no início da temporada. Estamos trabalhando em outro túnel de vento. Construiremos um novo para nós”. O grupo coordenado por Nikolas Tombazis realiza seus estudos no túnel da Toyota, em Colônia, Alemanha.
Digo perigoso porque se o novo modelo da Ferrari apresentar desequilíbrios graves no início, como em 2012, ficará evidente que não foi apenas a falta de calibragem do túnel da Ferrari que levou o time a produzir um carro tão inguiável. Depois, corrigido em parte.
É grande a confiança de Alonso de que terá um monoposto sem reações extremas, como em 2012, desde a abertura do Mundial, dia 17 em Melbourne, na Austrália. Confirmada sua expectativa, de a Ferrari começar o ano num estágio bem melhor que o do ano passado, restará saber como vão trabalhar Red Bull, McLaren, Lotus e Mercedes, pelo menos.
A preservação do mesmo regulamento, em essência, nos permite imaginar que não deveremos ter nenhum projeto com soluções geniais capazes de fazer algum time vencer em série, como vimos em 2009 com a Brawn GP e seu duplo difusor. Seria surpreendente.
O desafio maior que enxergo para os projetistas diz respeito aos novos pneus Pirelli. Em almoço com Paul Hembery, em São Paulo, mês passado, disse-me que foram concebidos para interferir na aerodinâmica dos carros, por suas paredes apresentarem maior grau de flexibilidade que em 2012. À distância me parece uma tremenda variável nesse sistema de incógnitas que podem explicar o comportamento dos monopostos.
Paredes que fletem significa variação da altura do assoalho, pavor de todo projetista, em decorrência de variar a densidade do ar que flui sob o assoalho. Precisamos esperar os testes de Jerez de la Frontera, de 5 a 8 de fevereiro, para entender melhor o quanto esses pneus vão interferir na resposta aerodinâmica.
Hora de me aprontar para sair com o grupo. Daqui do centro de imprensa – meu hotel está do lado – vamos de ônibus até Pradalago, base de um dos muitos teleféricos que há na bela e típica cidade, coberta de neve. Lá em cima, sim, o frio é intenso. Já enfrentei 14 graus negativos, não me recordo o ano. Talvez 2004.
Os que esquiam bem descem a montanha com uma tocha na mão, ziguezagueando, para não ganhar muita velocidade, pois a inclinação da pista é considerável. Quem apenas assiste aos esquiadores, como eu, volta de teleférico e fica na base, aguardando sua chegada. Vê-los, juntos, serpenteando a montanha, com as tochas acesas, é um espetáculo grandioso.
Na base há um grupo de senhores do local com um vinho quente produzido à moda deles, agradável e necessário. A neve acumulada desde ontem já está alta. E é em meio a essa neve que esperamos os esquiadores, dentre eles Alonso e Massa. Na base temos a chance de conversar informalmente com eles. O público, em geral em grande número, fica isolado por uma espécie de rede, a meia altura, respeitada.
Amanhã teremos importantes notícias. Domenicali deve dar detalhes do novo carro e de como estão os trabalhos para 2014. Isso mesmo, 2014, quando muita coisa mudará na Fórmula 1.
Grande abraço, amigos!
Neva. Neva ininterruptamente desde ontem à tarde, quando aqui cheguei, em Madonna di Campiglio, nos Alpes italianos. E quando neva você sabe, não faz tanto frio. Estamos nesse instante, 18 horas, no meu horário, três a mais em relação a Brasília, com 2 graus negativos.
Como manda a tradição do Wroom, evento promovido pela Philip Morris para aproximar a equipe Ferrari de Fórmula 1 e a Ducati da MotoGP da mídia internacional, jornalistas e integrantes dessas organizações compartilham a agenda por quatro dias num local absolutamente lindo, a região do Dolomite.
Almoçamos hoje com Alonso e Massa, no mesmo restaurante, Cascina Zeledria, no alto de uma montanha, com cardápio bastante calórico. A entrada de cogumelos Porcini grelhados com polenta é aluciantemente deliciosa. Assim como o restante do menu.
Os dois me pareceram mais confiantes que em 2012. Em conversa informal com Massa, no ano passado, aqui mesmo, sempre me lembrava o fato de o F2012 ser revolucionário. “O que talvez exija um tempo para ser desenvolvido”, disse-me. Foi o que aconteceu. Apenas a partir do GP da Espanha a Ferrari tornou-se mais competitiva.
Alonso e Massa sabem, agora, que o carro que já viram em construção em Maranello e será apresentado provavelmente dia 2, lá mesmo, representa o desenvolvimento das avançadas ideias incorporadas no modelo F2012. “Não é o caso de descobrirmos como o carro vai se comportar”, disse Alonso, ainda no Brasil. O espanhol não espera surpresas, como em 2012.
Domenicali dá entrevista amanhã, quarta-feira, enquanto os pilotos, quinta-feira. Hoje falaram com os jornalistas os pilotos da Ducati na MotoGP, Nicky Hayden e Andrea Dovizioso, substituto de Valentino Rossi, de volta a Yamaha.
O diretor da Ferrari tem adotado um discurso verdadeiro mas, na minha visão, perigoso: “Não vamos ter os problemas do ano passado no início da temporada. Estamos trabalhando em outro túnel de vento. Construiremos um novo para nós”. O grupo coordenado por Nikolas Tombazis realiza seus estudos no túnel da Toyota, em Colônia, Alemanha.
Digo perigoso porque se o novo modelo da Ferrari apresentar desequilíbrios graves no início, como em 2012, ficará evidente que não foi apenas a falta de calibragem do túnel da Ferrari que levou o time a produzir um carro tão inguiável. Depois, corrigido em parte.
É grande a confiança de Alonso de que terá um monoposto sem reações extremas, como em 2012, desde a abertura do Mundial, dia 17 em Melbourne, na Austrália. Confirmada sua expectativa, de a Ferrari começar o ano num estágio bem melhor que o do ano passado, restará saber como vão trabalhar Red Bull, McLaren, Lotus e Mercedes, pelo menos.
A preservação do mesmo regulamento, em essência, nos permite imaginar que não deveremos ter nenhum projeto com soluções geniais capazes de fazer algum time vencer em série, como vimos em 2009 com a Brawn GP e seu duplo difusor. Seria surpreendente.
O desafio maior que enxergo para os projetistas diz respeito aos novos pneus Pirelli. Em almoço com Paul Hembery, em São Paulo, mês passado, disse-me que foram concebidos para interferir na aerodinâmica dos carros, por suas paredes apresentarem maior grau de flexibilidade que em 2012. À distância me parece uma tremenda variável nesse sistema de incógnitas que podem explicar o comportamento dos monopostos.
Paredes que fletem significa variação da altura do assoalho, pavor de todo projetista, em decorrência de variar a densidade do ar que flui sob o assoalho. Precisamos esperar os testes de Jerez de la Frontera, de 5 a 8 de fevereiro, para entender melhor o quanto esses pneus vão interferir na resposta aerodinâmica.
Hora de me aprontar para sair com o grupo. Daqui do centro de imprensa – meu hotel está do lado – vamos de ônibus até Pradalago, base de um dos muitos teleféricos que há na bela e típica cidade, coberta de neve. Lá em cima, sim, o frio é intenso. Já enfrentei 14 graus negativos, não me recordo o ano. Talvez 2004.
Os que esquiam bem descem a montanha com uma tocha na mão, ziguezagueando, para não ganhar muita velocidade, pois a inclinação da pista é considerável. Quem apenas assiste aos esquiadores, como eu, volta de teleférico e fica na base, aguardando sua chegada. Vê-los, juntos, serpenteando a montanha, com as tochas acesas, é um espetáculo grandioso.
Na base há um grupo de senhores do local com um vinho quente produzido à moda deles, agradável e necessário. A neve acumulada desde ontem já está alta. E é em meio a essa neve que esperamos os esquiadores, dentre eles Alonso e Massa. Na base temos a chance de conversar informalmente com eles. O público, em geral em grande número, fica isolado por uma espécie de rede, a meia altura, respeitada.
Amanhã teremos importantes notícias. Domenicali deve dar detalhes do novo carro e de como estão os trabalhos para 2014. Isso mesmo, 2014, quando muita coisa mudará na Fórmula 1.
Grande abraço, amigos!
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