sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
BELLUCCI NÃO É BARRICHELLO*
* Por Victor Martins
À derrota que muitos julgavam inesperada na última segunda-feira na primeira rodada do Aberto da Austrália para o esloveno Blaž Kavčič, que merece todos os acentos do mundo em seu nome, muitas gentes trataram de procurar outros adjetivos para Thomaz Bellucci e sua carreira que teima em não passar da terceira marcha. No afã, compararam-no ao pobre Rubens Barrichello, ali quieto, esperando só as temporadas da F1 e da Stock Car começarem. “É o Barrichello do tênis”, simplesmente definiram, para apreciação de alguns.
Mas não. Nem de longe. É até espantoso que se faça tal paralelo, por mais compreensível que se apeguem aos rótulos dados a Rubens nas quase duas décadas de serviços prestados à F1, da pecha que carrega de não ter sido primeiro e tal.
A relação tênis/automobilismo talvez seja injusta, visto que o segundo depende inteiramente de um conjunto de fatores, sobretudo de uma equipe. Mas como foi feita, faz-se necessário romper os laços do que cada um representa a seu esporte.
Há neles a idolatria de dois gênios, Gustavo Kuerten de um lado, Ayrton Senna de outro. Não só os esportistas supracitados, mas todos os brasileiros que vierem depois deles sofrerão a pressão de serem no mínimo do mesmo nível daqueles que alcançaram a glória. Nesta linha, o debate sobre Barrichello é bem conhecido – aceitar a posição de novo herói nacional e acreditar no engano, muito embora tenha sido um dos grandes do período pós-Senna. Ao mesmo tempo, é uma grande verdade quando se olha para a história e se observa que Rubens é um dos vices que merecia sair da F1 como campeão. Seu azar foi ser contemporâneo e companheiro de Michael Schumacher.
Bellucci começa em 2013, segundo o site oficial, seu nono ano como profissional do circuito do tênis. Nesta trajetória, alcançou o posto de 21º do ranking – hoje ocupa a 33º posição – e ganhou três títulos. Seu número de derrotas é quase igual ao de vitórias (112-107) – em termos de comparação, Guga apresenta no currículo 358-195. Para muitos, ser o 21º ou o 33º é um feito e tanto. São universos distintos, é bom ressaltar de novo, mas é como ser o nono ou décimo melhor piloto da F1 atual. É um feito?
E um outro ponto: ranking engana. Ou alguém realmente leva a sério essas listas mensais entre seleções da Fifa, por exemplo? Hoje, segundo esta, o Brasil é o 18º futebol do mundo. O que não é verdade. Da mesma forma, Bellucci não foi o 21º melhor tenista.
Na comparação intraesportiva, Barrichello bateu Schumacher algumas vezes e pode-se dizer que não havia um abismo de diferença entre ambos. Bellucci, com o tênis que joga, dificilmente vai vencer Novak Djoković, Roger Federer, Rafael Nadal ou Andy Murray, os quatro melhores da raquete. A diferença é colossal. E com oito ou nove anos de estrada, já era para Thomaz ter despontado. Nenhum fora-de-série demora tanto tempo para se mostrar.
Se Bellucci engata uma sequência de vitórias e bons resultados, logo trata de cair facilmente num torneio qualquer. Nesse sentido, sim, assemelha-se a Barrichello, que nunca foi dos pilotos mais constantes em termos de bons resultados. E um outro fator que os aproxima é o psicológico. De resto, não há como colocar Bellucci e Barrichello no mesmo patamar.
É injusto demais com Rubens.
À derrota que muitos julgavam inesperada na última segunda-feira na primeira rodada do Aberto da Austrália para o esloveno Blaž Kavčič, que merece todos os acentos do mundo em seu nome, muitas gentes trataram de procurar outros adjetivos para Thomaz Bellucci e sua carreira que teima em não passar da terceira marcha. No afã, compararam-no ao pobre Rubens Barrichello, ali quieto, esperando só as temporadas da F1 e da Stock Car começarem. “É o Barrichello do tênis”, simplesmente definiram, para apreciação de alguns.
Mas não. Nem de longe. É até espantoso que se faça tal paralelo, por mais compreensível que se apeguem aos rótulos dados a Rubens nas quase duas décadas de serviços prestados à F1, da pecha que carrega de não ter sido primeiro e tal.
A relação tênis/automobilismo talvez seja injusta, visto que o segundo depende inteiramente de um conjunto de fatores, sobretudo de uma equipe. Mas como foi feita, faz-se necessário romper os laços do que cada um representa a seu esporte.
Há neles a idolatria de dois gênios, Gustavo Kuerten de um lado, Ayrton Senna de outro. Não só os esportistas supracitados, mas todos os brasileiros que vierem depois deles sofrerão a pressão de serem no mínimo do mesmo nível daqueles que alcançaram a glória. Nesta linha, o debate sobre Barrichello é bem conhecido – aceitar a posição de novo herói nacional e acreditar no engano, muito embora tenha sido um dos grandes do período pós-Senna. Ao mesmo tempo, é uma grande verdade quando se olha para a história e se observa que Rubens é um dos vices que merecia sair da F1 como campeão. Seu azar foi ser contemporâneo e companheiro de Michael Schumacher.
Bellucci começa em 2013, segundo o site oficial, seu nono ano como profissional do circuito do tênis. Nesta trajetória, alcançou o posto de 21º do ranking – hoje ocupa a 33º posição – e ganhou três títulos. Seu número de derrotas é quase igual ao de vitórias (112-107) – em termos de comparação, Guga apresenta no currículo 358-195. Para muitos, ser o 21º ou o 33º é um feito e tanto. São universos distintos, é bom ressaltar de novo, mas é como ser o nono ou décimo melhor piloto da F1 atual. É um feito?
E um outro ponto: ranking engana. Ou alguém realmente leva a sério essas listas mensais entre seleções da Fifa, por exemplo? Hoje, segundo esta, o Brasil é o 18º futebol do mundo. O que não é verdade. Da mesma forma, Bellucci não foi o 21º melhor tenista.
Na comparação intraesportiva, Barrichello bateu Schumacher algumas vezes e pode-se dizer que não havia um abismo de diferença entre ambos. Bellucci, com o tênis que joga, dificilmente vai vencer Novak Djoković, Roger Federer, Rafael Nadal ou Andy Murray, os quatro melhores da raquete. A diferença é colossal. E com oito ou nove anos de estrada, já era para Thomaz ter despontado. Nenhum fora-de-série demora tanto tempo para se mostrar.
Se Bellucci engata uma sequência de vitórias e bons resultados, logo trata de cair facilmente num torneio qualquer. Nesse sentido, sim, assemelha-se a Barrichello, que nunca foi dos pilotos mais constantes em termos de bons resultados. E um outro fator que os aproxima é o psicológico. De resto, não há como colocar Bellucci e Barrichello no mesmo patamar.
É injusto demais com Rubens.
Marcadores:
Formula 1,
GGOO,
Rubens Barrichello,
tenis,
Thomaz Bellucci
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário