segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
F-1: (novo) modo de usar*
* Por Fábio Seixas
O domínio de Vettel e da Red Bull tem apenas um paralelo na história da F-1: a Ferrari da era Schumacher.
Em 63 temporadas, são as únicas equipes a conquistar por três vezes seguidas, e com um mesmo piloto, os dois campeonatos em disputa.
(Ok, a escuderia italiana foi além: cinco dobradinhas, de 2000 a 2004. Mas não dá para duvidar que a Red Bull e seu alemão podem chegar lá.)
Ocorre que os dois períodos guardam sabores diferentes, deixam percepções bem distintas, antagônicas até. Contra a chatice e a previsibilidade de então, a emoção e as incertezas de agora. Quem torcia o nariz, hoje no máximo fica indiferente à repetição do resultado final.
Há alguns motivos para isso. Números, para começar.
Porque se é verdade que o desfecho foi perfeito para a Red Bull e para Vettel nos últimos anos, também é que eles enfrentaram paradas mais duras da concorrência.
Para chegar às três primeiras conquistas, Schumacher e a Ferrari disputaram 51 GPs. O alemão venceu 29, ou 57% das provas. A Ferrari colheu ainda cinco vitórias com Barrichello, elevando o índice para impressionantes 67%.
O melhor (ou pior) reflexo disso veio em 2002, quando Schumacher selou o título na 11ª das 17 etapas. Ok, parabéns, recorde, coisa e tal. Mas quer coisa mais enfadonha?
Já Vettel e a Red Bull disputaram 58 corridas entre 2010 e 2012. O alemãozinho ganhou 21, ou 36%. Somadas as sete de Webber, o sucesso da equipe chegou a 48% –e este “menos da metade” já é razão a mais para ligar a TV.
Apesar do tri legítimo e puro, não parece correto usar a palavra “hegemonia” agora.
Há ainda dois elementos intangíveis, incomensuráveis.
O primeiro, as personalidades dos dois pilotos.
Vettel é garoto de sorriso fácil, barba por fazer, batiza carros como mulheres, grita no rádio, fala palavrão no pódio. Pode não ser o rei do marketing com quem Ecclestone sonha, mas torna as coisas mais divertidas do que Schumacher e seus modos robóticos.
O segundo tem a ver com o primeiro, mas passa pelas equipes. Foi sintetizado por Vettel na festa do domingo: “Quando criança, aprendi a agir honestamente”.
A Ferrari pode até não ser desonesta, mas a maneira como leva o regulamento ao limite não soa muito simpático. Só para citar o caso mais recente, a retirada do lacre do câmbio de Massa em Austin não foi ilegal, mas foi imoral.
A questão é que os fãs cada vez mais se veem como os consumidores que são. E não curtem ser enganados. A octogenária Ferrari ainda não percebeu isso, age como se estivesse na F-1 dos anos 70. Já a Red Bull deita e rola. Até por ser, hoje, mais um conceito do que um energético.
Uma mudança de mentalidade que pode ser ótima para a F-1.
O domínio de Vettel e da Red Bull tem apenas um paralelo na história da F-1: a Ferrari da era Schumacher.
Em 63 temporadas, são as únicas equipes a conquistar por três vezes seguidas, e com um mesmo piloto, os dois campeonatos em disputa.
(Ok, a escuderia italiana foi além: cinco dobradinhas, de 2000 a 2004. Mas não dá para duvidar que a Red Bull e seu alemão podem chegar lá.)
Ocorre que os dois períodos guardam sabores diferentes, deixam percepções bem distintas, antagônicas até. Contra a chatice e a previsibilidade de então, a emoção e as incertezas de agora. Quem torcia o nariz, hoje no máximo fica indiferente à repetição do resultado final.
Há alguns motivos para isso. Números, para começar.
Porque se é verdade que o desfecho foi perfeito para a Red Bull e para Vettel nos últimos anos, também é que eles enfrentaram paradas mais duras da concorrência.
Para chegar às três primeiras conquistas, Schumacher e a Ferrari disputaram 51 GPs. O alemão venceu 29, ou 57% das provas. A Ferrari colheu ainda cinco vitórias com Barrichello, elevando o índice para impressionantes 67%.
O melhor (ou pior) reflexo disso veio em 2002, quando Schumacher selou o título na 11ª das 17 etapas. Ok, parabéns, recorde, coisa e tal. Mas quer coisa mais enfadonha?
Já Vettel e a Red Bull disputaram 58 corridas entre 2010 e 2012. O alemãozinho ganhou 21, ou 36%. Somadas as sete de Webber, o sucesso da equipe chegou a 48% –e este “menos da metade” já é razão a mais para ligar a TV.
Apesar do tri legítimo e puro, não parece correto usar a palavra “hegemonia” agora.
Há ainda dois elementos intangíveis, incomensuráveis.
O primeiro, as personalidades dos dois pilotos.
Vettel é garoto de sorriso fácil, barba por fazer, batiza carros como mulheres, grita no rádio, fala palavrão no pódio. Pode não ser o rei do marketing com quem Ecclestone sonha, mas torna as coisas mais divertidas do que Schumacher e seus modos robóticos.
O segundo tem a ver com o primeiro, mas passa pelas equipes. Foi sintetizado por Vettel na festa do domingo: “Quando criança, aprendi a agir honestamente”.
A Ferrari pode até não ser desonesta, mas a maneira como leva o regulamento ao limite não soa muito simpático. Só para citar o caso mais recente, a retirada do lacre do câmbio de Massa em Austin não foi ilegal, mas foi imoral.
A questão é que os fãs cada vez mais se veem como os consumidores que são. E não curtem ser enganados. A octogenária Ferrari ainda não percebeu isso, age como se estivesse na F-1 dos anos 70. Já a Red Bull deita e rola. Até por ser, hoje, mais um conceito do que um energético.
Uma mudança de mentalidade que pode ser ótima para a F-1.
Marcadores:
Formula 1,
GGOO,
Michael Schumacher,
Sebastian Vettel,
temporada 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário