quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Iceman: "Bernie Ecclestone - O Anti-Americano"
Bernie Ecclestone
Amigos leitores, no dia 9/02/2008 foi publicado que Bernie Ecclestone e a Federação Russa estão próximas de um acordo para a realização de um Grande Prêmio em terras czaristas. Não acreditem que penso que Ecclestone é o “Sr Contra-Cultura”, nem um representante do anti-americanismo que toma conta do mundo. Muito pelo contrário, se repararmos bem, o Império Americano e o Imperador da F-1 são capitalistas natos, seguem o faro de onde o dinheiro está. Mas com ressalvas.
Se começarmos a analisar os fatos, os anti-americanos teriam de “endeusar” a figura impoluta de Ecclestone, colando pôsteres em seus quartos e QGs contra a dominação mundial e disseminação da ideologia capitalista. Em 2005 ocorreu um dos fatos mais curiosos da F-1 quando 14 carros se retiraram da corrida após a volta de apresentação, deixando que apenas 6 carros largassem. E adivinhem onde ocorreu tal fato? No berço do automobilismo, nas raízes da velocidade, o Grande Prêmio de Indianápolis. Seis carros alinhados no grid, controvérsia, vaias, entradas devolvidas, dinheiro ressarcido, fiasco, confiança abalada, afinal, quem gostaria de ir a um autódromo ver as mais cobiçadas máquinas do mundo e encontrar apenas seis delas, sendo que duas estavam em um dos seus piores anos, e outras quatro nas quatro últimas posições? E foram dois anos tentando reconstruir uma imagem de disputas em que valeria a pena confiar na Fórmula 1, até que depois de dois anos e alguns depoimentos de ambos os lados em que qualquer amizade se abalaria, 2008 não terá o GP dos E.U.A.
O segundo fato é que todos os membros do famoso G4, ou o grupos dos países emergentes que tem maior influência na economia mundial, compostos por Brasil, China, Índia e Rússia, já possuem ou terão seus Gps realizados a partir de, provavelmente, 2010. Três deles confirmados e a Rússia próxima de um acordo. O curioso é que o Brasil é o único país com situação confortável com os E.U.A. Eles são nossos maiores compradores, não temos mais dívida externa, mas eles ainda são a base da nossa economia.
A Rússia, ex-U.R.S.S., que é governada com mãos-de-ferro por Vladimir Putin, parece que quer se tornar, novamente por meio da força, uma potência mundial fazendo frente aos americanos. Como um dos últimos acontecimentos, ter exposto seu poderio bélico em desfiles oficiais, acusar Kasparov, campeão mundial de xadrez e líder da oposição ao Kremlin, a receber patrocínio americano em sua campanha e ontem, 12/02/2008, ameaçou apontar seus mísseis à Ucrânia, pois a mesma está em negociação com a OMC, o que permitiria a entrada da OTAN no país vizinho. Por esses e outros motivos a Rússia e os E.U.A. não simpatizam entre si, pela história e pela atualidade. Mesmo assim, o país que já foi socialista e ainda possui espasmos da KGB, continua sendo uma pedra, menor, mais comportada e já acomodada aos pés do Tio Sam, mas ainda sim uma pedra que ainda cutuca. Mesmo assim, Bernie está lá, com o apoio de Putin.
A China é o país mais rico e poderoso do G4, cresce mais de 10% ao ano, vive um socialismo de fachada e suas relações com os americanos são conturbadas, sobretudo, porque a China caminha para se tornar uma potência mundial, econômica e militar, e tem todas as condições necessárias para tal. Ela entra no ano do rato, ano das Olimpíadas, e em uma modalidade já é campeã, a emissão de CO² na atmosfera. A mão-de-obra é barata, o mundo a acusa de dumping, mesmo assim ela invade a economia mundial como um hacker em um sistema desprotegido. A China é um canteiro de obras, novos ricos aparecem todos os dias, é a nova terra das oportunidades. Tornou-se uma economia essencial e um parceiro primordial. Lidera o grupo do G4, ignora o protocolo de Kyoto e visa aumentar em 10 vezes sua capacidade nuclear nos próximos 20 anos, segundo os chineses, para fins pacíficos. Por causa desses fatos, a China se prepara para fazer frente a dominação americana, há quem diga que já a faz. Os abalos da economia mundial nas últimas semanas mostram quem realmente ainda dá as cartas no mundo, mesmo assim, a China está se fortalecendo cada dia mais. E o visionário Bernie Ecclestone já está lá, desde 2004.
A Índia já está confirmada no circo em 2010. Já tem até equipe própria na F-1, que foi holandesa com a Spyker e russa com a Midland/MF1. Costuma receber apoio da China em questões nucleares, afinal, a Índia de Vijay Maliya, dono da Force India, é sim, uma potência nuclear. É o maior país emergente depois da China, cresce a olhos vistos. Mostrou fraqueza diante dos mini-colapsos financeiros causados pela atual fragilidade da economia americana, e possui relações com Irã, atual arqui-inimigo de George Bush.
E são nesses países, em questões políticas conflitantes com os Estados Unidos da América, que o inglês baixinho e atrevido coloca suas manguinhas de fora e faz os seus 22 carrinhos milionários desbravarem lugares cada vez mais exóticos e milionários. Malásia, China, Bahrein, Turquia, Cingapura, Coréia do Sul, Abu Dabhi, Rússia. Bernie é um visionário, sim, daqueles de carteirinha, afinal, quem ai já planejou férias no Bahrein? Esqueça as Twin Towers de Kuala Lumpur e o que você conhece da Malásia?
A primeira desculpa para a fuga à esses países de tradição quase nula na Fórmula 1 era a proibição de propagandas tabagistas na Europa e no próprio Brasil. Mas deu-se adeus a West, a Lucky Strike, Mild Seven. Ficou a Malboro, que faz parte da Ferrari, é associação quase imediata, tanto que os listinhas brancas na carenagem onde deveria ser o nome do patrocinador, remete a ele e a vontade de fumar. A Marboro está lá, oculta, quase subliminar. Saíram as empresas tabagistas, vieram as empresas de comunicação e bancos multinacionais. AT&T, Diageo, ING, Santander, para suprir algo que a Honda anunciou ao mundo que as grandes corporações não precisam. Patrocínio para que? Talvez para conquistar o mercado que Bernie abriu as portas. E estão todos ali, recebendo seus layouts, fazendo sua propaganda.
Afinal, vocês lembram no começo desta coluna quando eu citei o GP dos EUA? Havia seis carros. Dentre eles haviam um alemão, um brasileiro, um indiano, um português, um holandês, um austríaco, duas equipes italianas e uma equipe irlandesa no GP americano. São nove países interligados para a bizarra cena do grid com seis carros. O mundo todo viu.
Portanto, amigos leitores adoradores de automobilismo e odiadores do sistema repressivo, totalitarista e imperialista norte-americano, está ai um ícone de como a influência pode mudar valores e constituir poderes paralelos ao redor do mundo. Logicamente que Bernie Ecclestone não é uma preocupação americana de segurança nacional e nem motivo de atentados, retaliações e absurdas demonstrações de poder, mas está fazendo a ponte entre o Oriente e o Ocidente através do esporte e viabilizando a abertura de novos mercados. Eis nosso Marco Pólo do século XXI. Bernie Ecclestone, um anti-americano que não precisa levantar bandeira. O amigo das pedras no sapato, e amigo do pé que o calça.
Só espero que ele não esteja em conversações com Mahmoud Ahmadinejad e nem planejando o GP de Pyongyang.
Se começarmos a analisar os fatos, os anti-americanos teriam de “endeusar” a figura impoluta de Ecclestone, colando pôsteres em seus quartos e QGs contra a dominação mundial e disseminação da ideologia capitalista. Em 2005 ocorreu um dos fatos mais curiosos da F-1 quando 14 carros se retiraram da corrida após a volta de apresentação, deixando que apenas 6 carros largassem. E adivinhem onde ocorreu tal fato? No berço do automobilismo, nas raízes da velocidade, o Grande Prêmio de Indianápolis. Seis carros alinhados no grid, controvérsia, vaias, entradas devolvidas, dinheiro ressarcido, fiasco, confiança abalada, afinal, quem gostaria de ir a um autódromo ver as mais cobiçadas máquinas do mundo e encontrar apenas seis delas, sendo que duas estavam em um dos seus piores anos, e outras quatro nas quatro últimas posições? E foram dois anos tentando reconstruir uma imagem de disputas em que valeria a pena confiar na Fórmula 1, até que depois de dois anos e alguns depoimentos de ambos os lados em que qualquer amizade se abalaria, 2008 não terá o GP dos E.U.A.
O segundo fato é que todos os membros do famoso G4, ou o grupos dos países emergentes que tem maior influência na economia mundial, compostos por Brasil, China, Índia e Rússia, já possuem ou terão seus Gps realizados a partir de, provavelmente, 2010. Três deles confirmados e a Rússia próxima de um acordo. O curioso é que o Brasil é o único país com situação confortável com os E.U.A. Eles são nossos maiores compradores, não temos mais dívida externa, mas eles ainda são a base da nossa economia.
A Rússia, ex-U.R.S.S., que é governada com mãos-de-ferro por Vladimir Putin, parece que quer se tornar, novamente por meio da força, uma potência mundial fazendo frente aos americanos. Como um dos últimos acontecimentos, ter exposto seu poderio bélico em desfiles oficiais, acusar Kasparov, campeão mundial de xadrez e líder da oposição ao Kremlin, a receber patrocínio americano em sua campanha e ontem, 12/02/2008, ameaçou apontar seus mísseis à Ucrânia, pois a mesma está em negociação com a OMC, o que permitiria a entrada da OTAN no país vizinho. Por esses e outros motivos a Rússia e os E.U.A. não simpatizam entre si, pela história e pela atualidade. Mesmo assim, o país que já foi socialista e ainda possui espasmos da KGB, continua sendo uma pedra, menor, mais comportada e já acomodada aos pés do Tio Sam, mas ainda sim uma pedra que ainda cutuca. Mesmo assim, Bernie está lá, com o apoio de Putin.
A China é o país mais rico e poderoso do G4, cresce mais de 10% ao ano, vive um socialismo de fachada e suas relações com os americanos são conturbadas, sobretudo, porque a China caminha para se tornar uma potência mundial, econômica e militar, e tem todas as condições necessárias para tal. Ela entra no ano do rato, ano das Olimpíadas, e em uma modalidade já é campeã, a emissão de CO² na atmosfera. A mão-de-obra é barata, o mundo a acusa de dumping, mesmo assim ela invade a economia mundial como um hacker em um sistema desprotegido. A China é um canteiro de obras, novos ricos aparecem todos os dias, é a nova terra das oportunidades. Tornou-se uma economia essencial e um parceiro primordial. Lidera o grupo do G4, ignora o protocolo de Kyoto e visa aumentar em 10 vezes sua capacidade nuclear nos próximos 20 anos, segundo os chineses, para fins pacíficos. Por causa desses fatos, a China se prepara para fazer frente a dominação americana, há quem diga que já a faz. Os abalos da economia mundial nas últimas semanas mostram quem realmente ainda dá as cartas no mundo, mesmo assim, a China está se fortalecendo cada dia mais. E o visionário Bernie Ecclestone já está lá, desde 2004.
A Índia já está confirmada no circo em 2010. Já tem até equipe própria na F-1, que foi holandesa com a Spyker e russa com a Midland/MF1. Costuma receber apoio da China em questões nucleares, afinal, a Índia de Vijay Maliya, dono da Force India, é sim, uma potência nuclear. É o maior país emergente depois da China, cresce a olhos vistos. Mostrou fraqueza diante dos mini-colapsos financeiros causados pela atual fragilidade da economia americana, e possui relações com Irã, atual arqui-inimigo de George Bush.
E são nesses países, em questões políticas conflitantes com os Estados Unidos da América, que o inglês baixinho e atrevido coloca suas manguinhas de fora e faz os seus 22 carrinhos milionários desbravarem lugares cada vez mais exóticos e milionários. Malásia, China, Bahrein, Turquia, Cingapura, Coréia do Sul, Abu Dabhi, Rússia. Bernie é um visionário, sim, daqueles de carteirinha, afinal, quem ai já planejou férias no Bahrein? Esqueça as Twin Towers de Kuala Lumpur e o que você conhece da Malásia?
A primeira desculpa para a fuga à esses países de tradição quase nula na Fórmula 1 era a proibição de propagandas tabagistas na Europa e no próprio Brasil. Mas deu-se adeus a West, a Lucky Strike, Mild Seven. Ficou a Malboro, que faz parte da Ferrari, é associação quase imediata, tanto que os listinhas brancas na carenagem onde deveria ser o nome do patrocinador, remete a ele e a vontade de fumar. A Marboro está lá, oculta, quase subliminar. Saíram as empresas tabagistas, vieram as empresas de comunicação e bancos multinacionais. AT&T, Diageo, ING, Santander, para suprir algo que a Honda anunciou ao mundo que as grandes corporações não precisam. Patrocínio para que? Talvez para conquistar o mercado que Bernie abriu as portas. E estão todos ali, recebendo seus layouts, fazendo sua propaganda.
Afinal, vocês lembram no começo desta coluna quando eu citei o GP dos EUA? Havia seis carros. Dentre eles haviam um alemão, um brasileiro, um indiano, um português, um holandês, um austríaco, duas equipes italianas e uma equipe irlandesa no GP americano. São nove países interligados para a bizarra cena do grid com seis carros. O mundo todo viu.
Portanto, amigos leitores adoradores de automobilismo e odiadores do sistema repressivo, totalitarista e imperialista norte-americano, está ai um ícone de como a influência pode mudar valores e constituir poderes paralelos ao redor do mundo. Logicamente que Bernie Ecclestone não é uma preocupação americana de segurança nacional e nem motivo de atentados, retaliações e absurdas demonstrações de poder, mas está fazendo a ponte entre o Oriente e o Ocidente através do esporte e viabilizando a abertura de novos mercados. Eis nosso Marco Pólo do século XXI. Bernie Ecclestone, um anti-americano que não precisa levantar bandeira. O amigo das pedras no sapato, e amigo do pé que o calça.
Só espero que ele não esteja em conversações com Mahmoud Ahmadinejad e nem planejando o GP de Pyongyang.
Copyright®Iceman.2008
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2 comentários:
f1 na venezuela??? cuba??? irã??? fuck usa!!!
Pra quem cabulou as aulas de geograffia e "estudos sociais" (lembram disso?), essa coluna é um prato cheio!!!
Paraabéns Ice (1294)
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