quarta-feira, 9 de maio de 2012
Nosso doido favorito*
* Por Ivan Capelli
Insano, alucinado, doido, destemido, kamikaze. Mas, acima de tudo isso, um baita piloto. Assim era Gilles Villeneuve, cuja morte completa 30 anos hoje, num terrível acidente durante o treino de classificação para o GP da Bélgica, em Zolder. O canadense teve uma passagem meteórica pela Fórmula 1, mas permanece até hoje vivo na memória dos fãs, ainda que tenha disputado apenas quatro temporadas completas na categoria. Sua passagem foi meteórica, mas apaixonante.
Gilles estreou na F1 em 1977, com um terceiro carro da McLaren, no GP da Inglaterra. Foi indicado por James Hunt, a quem havia batido em uma prova de F2 no ano anterior. Chamou a atenção com um nono lugar no grid e na corrida chegou a andar em 6º lugar, embora tenha terminado em 11º, fora da zona de pontos. No entanto, foi o suficiente para chamar a atenção de Enzo Ferrari. O comendador ligou para Villeneuve, que imediatamente abandonou seu acordo de disputar mais três corridas pela McLaren e passou a negociar com a equipe italiana, visando a temporada de 1978. Niki Lauda, então primeiro piloto e brigado com toda a equipe, conquistou o título mundial com duas corridas de antecedência e mandou avisar que não sentaria mais em nenhum dos carros vermelhos. Foi a oportunidade de Villeneuve, que estreou pela Ferrari naquele ano mesmo, no GP do Canadá. Ali nasceria uma parceria para toda a vida, literalmente.
Lembrado hoje pelas grandes performances e pela grande habilidade que tinha no comando de um carro, o fato é que em vida Gilles nunca foi uma unanimidade. Diversas vezes foi questionado sobre o "risco" que sua pilotagem arrojada trazia aos colegas. Logo em sua terceira corrida de F1, no Japão, avaliou mal uma ultrapassagem sobre a Tyrrell de Ronnie Peterson, decolou e voou por sobre o alambrado, atingindo o público. Na confusão, morreram um fiscal de pista e um fotógrafo. Em fins de 1978, quando a Ferrari contratou Jody Scheckter, teve sua demissão seriamente avaliada. Acabou ficando na equipe graças ao acordo de Carlos Reutemann com a Lotus, quase que como um refugo.
Era um gênio de pilotagem, mas tinha dificuldades em controlar seu ímpeto, assumindo riscos desnecessários e fazendo, algumas vezes, bobagens homéricas. No GP de Long Beach de 1979, por exemplo, largava na pole position pela primeira vez na carreira. Porém, errou a sua posição no grid ao final da volta de apresentação, parando o carro muitos metros além do local demarcado. Uma confusão geral foi estabelecida e a direção de prova ordenou uma nova volta de apresentação. Para sua sorte, o regulamento à época não era tão rigoroso e ele pôde partir novamente da pole, o que lhe permitiu vencer a corrida.
Porém, o que fica na memória são mesmo os grandes momentos e, nisso, sua passagem pela Fórmula 1 foi prodigiosa. Sua loucura no GP do Canadá de 1981, quando disputou praticamente a corrida toda com a asa dianteira do carro completamente torta, prejudicando a visão, e ainda assim chegando em terceiro lugar. Sua briga com René Arnoux pelo segundo lugar nas últimas voltas do GP da França de 1979, tocando rodas o tempo inteiro e chegando na frente, mesmo com pneus desgastados e com um motor inferior ao turbo da Renault na pista de Dijon-Prenois. Sua primeira vitória na categoria, em "casa", no GP do Canadá de 1978, no circuito que hoje leva seu nome. A vitória na Espanha, em 1981, segurando uma gigantesca fila de carros mais rápidos no circuito de Jarama, sem que ninguém conseguisse ultrapassá-lo. Gilles na pista era garantia de show.
Talvez essa genialidade irresponsável não lhe tenha permitido brigar efetivamente pelo título nenhuma vez na carreira. Tivesse vivido o suficiente para amadurecer, poderia ter chegado lá, como aconteceu com Ayrton Senna e Nigel Mansell, pilotos tão agressivos quanto Gilles na juventude mas que, depois de alguns anos, aprenderam a aliar a agressividade inata a uma necessária cautela para vencer com consistência. Mas Gilles não era consistência, era paixão. E por isso, mesmo 30 anos depois da morte e com apenas seis vitórias no currículo, seu nome ainda é reverenciado pelos fãs da velocidade e, principalmente, pelos tifosi da Ferrari. A pilotagem de Gilles transbordava coragem e emoção. E é isso que bate no peito de um fã.
Caras como Gilles fazem falta.
Insano, alucinado, doido, destemido, kamikaze. Mas, acima de tudo isso, um baita piloto. Assim era Gilles Villeneuve, cuja morte completa 30 anos hoje, num terrível acidente durante o treino de classificação para o GP da Bélgica, em Zolder. O canadense teve uma passagem meteórica pela Fórmula 1, mas permanece até hoje vivo na memória dos fãs, ainda que tenha disputado apenas quatro temporadas completas na categoria. Sua passagem foi meteórica, mas apaixonante.
Gilles estreou na F1 em 1977, com um terceiro carro da McLaren, no GP da Inglaterra. Foi indicado por James Hunt, a quem havia batido em uma prova de F2 no ano anterior. Chamou a atenção com um nono lugar no grid e na corrida chegou a andar em 6º lugar, embora tenha terminado em 11º, fora da zona de pontos. No entanto, foi o suficiente para chamar a atenção de Enzo Ferrari. O comendador ligou para Villeneuve, que imediatamente abandonou seu acordo de disputar mais três corridas pela McLaren e passou a negociar com a equipe italiana, visando a temporada de 1978. Niki Lauda, então primeiro piloto e brigado com toda a equipe, conquistou o título mundial com duas corridas de antecedência e mandou avisar que não sentaria mais em nenhum dos carros vermelhos. Foi a oportunidade de Villeneuve, que estreou pela Ferrari naquele ano mesmo, no GP do Canadá. Ali nasceria uma parceria para toda a vida, literalmente.
Lembrado hoje pelas grandes performances e pela grande habilidade que tinha no comando de um carro, o fato é que em vida Gilles nunca foi uma unanimidade. Diversas vezes foi questionado sobre o "risco" que sua pilotagem arrojada trazia aos colegas. Logo em sua terceira corrida de F1, no Japão, avaliou mal uma ultrapassagem sobre a Tyrrell de Ronnie Peterson, decolou e voou por sobre o alambrado, atingindo o público. Na confusão, morreram um fiscal de pista e um fotógrafo. Em fins de 1978, quando a Ferrari contratou Jody Scheckter, teve sua demissão seriamente avaliada. Acabou ficando na equipe graças ao acordo de Carlos Reutemann com a Lotus, quase que como um refugo.
Era um gênio de pilotagem, mas tinha dificuldades em controlar seu ímpeto, assumindo riscos desnecessários e fazendo, algumas vezes, bobagens homéricas. No GP de Long Beach de 1979, por exemplo, largava na pole position pela primeira vez na carreira. Porém, errou a sua posição no grid ao final da volta de apresentação, parando o carro muitos metros além do local demarcado. Uma confusão geral foi estabelecida e a direção de prova ordenou uma nova volta de apresentação. Para sua sorte, o regulamento à época não era tão rigoroso e ele pôde partir novamente da pole, o que lhe permitiu vencer a corrida.
Porém, o que fica na memória são mesmo os grandes momentos e, nisso, sua passagem pela Fórmula 1 foi prodigiosa. Sua loucura no GP do Canadá de 1981, quando disputou praticamente a corrida toda com a asa dianteira do carro completamente torta, prejudicando a visão, e ainda assim chegando em terceiro lugar. Sua briga com René Arnoux pelo segundo lugar nas últimas voltas do GP da França de 1979, tocando rodas o tempo inteiro e chegando na frente, mesmo com pneus desgastados e com um motor inferior ao turbo da Renault na pista de Dijon-Prenois. Sua primeira vitória na categoria, em "casa", no GP do Canadá de 1978, no circuito que hoje leva seu nome. A vitória na Espanha, em 1981, segurando uma gigantesca fila de carros mais rápidos no circuito de Jarama, sem que ninguém conseguisse ultrapassá-lo. Gilles na pista era garantia de show.
Talvez essa genialidade irresponsável não lhe tenha permitido brigar efetivamente pelo título nenhuma vez na carreira. Tivesse vivido o suficiente para amadurecer, poderia ter chegado lá, como aconteceu com Ayrton Senna e Nigel Mansell, pilotos tão agressivos quanto Gilles na juventude mas que, depois de alguns anos, aprenderam a aliar a agressividade inata a uma necessária cautela para vencer com consistência. Mas Gilles não era consistência, era paixão. E por isso, mesmo 30 anos depois da morte e com apenas seis vitórias no currículo, seu nome ainda é reverenciado pelos fãs da velocidade e, principalmente, pelos tifosi da Ferrari. A pilotagem de Gilles transbordava coragem e emoção. E é isso que bate no peito de um fã.
Caras como Gilles fazem falta.
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