terça-feira, 20 de abril de 2010
JORNALISTAS, FOTÓGRAFOS, BLOGUEIROS, CORRIDAS...*
*Por Luciano Monteiro
Sábado, abordei aqui a questão do credenciamento de jornalistas para os eventos de automobilismo. Nem dou link, foi no texto logo aí abaixo. E, como prometido, sabatinei no domingo em Jacarepaguá o presidente da CBA, Cleyton Pinteiro, a esse respeito. Pinteiro, como já comentei, é sujeito bom de papo, tem boas tiradas, aplica frases de efeito pertinentes e não costuma fugir de um debate.
Manda a regra do bom jornalismo que entrevistas têm de ser gravadas. Não gravei porcaria nenhuma. Primeiro, porque o BLuc não é produto jornalismo. Segundo, porque conversa de homem pra homem é fiada no princípio básico de que ninguém compromete-se com o que não vá honrar, é o que se espera, principalmente de alguém que fala sabendo que terá suas considerações reproduzidas a outros. Terceiro, porque a conversa não foi uma porcaria.
Aos fatos. Pinteiro confirmou que a CBA trabalha para diminuir o número de jornalistas credenciados à cobertura dos eventos. Um trabalho, obviamente, confiado ao assessor de imprensa da entidade, no caso o jornalista Wagner Gonzalez. Concordou, o presidente, que o critério para a cessão do credenciamento não deve ser atrelado ao porte ou não de diploma universitário e definiu a postura como “de valorização”.
Pinteiro entende que a credencial de imprensa existe para profissionais que exercem atividade jornalística ou de divulgação terem reconhecimento. “Há muita gente que pede a credencial, pega, vem pro autódromo e fica andando de lá para cá, olhando os carros, tira uma fotinha com o celular. Só para colocar no Orkut, às vezes nem isso, e ele está com uma credencial de imprensa pendurada no pescoço. Aí, o jornalista de fato fica rebaixado ao mesmo nível de um curioso que está aqui dentro só porque gosta”, falou.
Foi quando ponderei que há casos de blogs ou mesmo de sites que são mantidos por puro diletantismo de seus mantenedores e que acabam proporcionando a seus públicos direcionados uma exposição em larga escala. O presidente concordou que essas pessoas têm de ser credenciadas para os eventos. “Sempre com critérios, e existe a condição para sabermos sempre quem é do ramo, quem dá essa exposição como contrapartida ao automobilismo”, condicionou.
Aí impus a questão mais delicada de que ouço falar – a de fotógrafos que atuam nas corridas credenciados como membros de imprensa, mas que não têm qualquer ligação com veículos de comunicação. São fotógrafos, e conheço vários deles, que vão a um autódromo ou kartódromo, produzem seu material e comercializam fotos e pôsteres aos pilotos, aos patrocinadores, a agências, a quem bem entenderem.
Expus a Pinteiro que uma imagem vendida pelo fotógrafo a alguém envolvido com o contexto fotografado também há de proporcionar retorno. Não na mídia quando compreendida a partir de um veículo de comunicação, mas em exposição que terá potencial para atrair ao automobilismo a atenção de um público que não consome, necessariamente, esses veículos.
Deu para entender o que eu quis dizer aqui? Parece linguagem acadêmica, credo. Tomem o exemplo do pôster de um carro ou kart na parede de um comércio qualquer. Da loja de tintas do pai de um piloto, por exemplo. Todo mundo que ali entrar para comprar uma lixa ou uma brocha vai, ainda que por instantes, ter um contato – por vezes inédito – com o kartismo.
Bem, a conversa com o Pinteiro não foi tão enrolada e nem tão chata, ele tinha mais o que fazer em Jacarepaguá e eu também. Resumo da ópera, o dirigente garantiu-me que há, também, espaço para estes profissionais. E opinou que são úteis para o automobilismo, talvez não com esses termos – como já disse, não gravei a entrevista. “Mas temos de elaborar um outro tipo de credenciamento, esse fotógrafo vai para o autódromo fazer seu trabalho, mas não com uma credencial de imprensa”, comprometeu-se.
Existe, explicou Cleyton Pinteiro, uma preocupação adicional com a segurança. “Principalmente nas provas de kart, o fotógrafo vai para o meio da pista, acaba dando um carteiraço no fiscal, no segurança, e fica tirando suas fotos em posição de risco”, ilustrou, citando o caso de um fotógrafo que acabou sendo atingido por um kart desgovernado enquanto trabalhava de um ponto onde não deveria estar e depois acionou as entidades esportivas.
“Nós não queremos impedir ninguém de trabalhar. Queremos, sim, dar condições melhores para quem vai trabalhar. Por isso estamos estudando e avaliando as mudanças que vamos fazer na regulamentação desse credenciamento”, concluiu. “É mais fácil, ou menos difícil, você administrar uma exceção do que combater uma regra”, ilustrou.
Tenho, quando converso com Pinteiro, a impressão de que evita comparações com a gestão de seu antecessor Paulo Scaglione. No caso do credenciamento de imprensa, foi explícito. “Nos anos anteriores, a CBA distribuiu um número excessivo de credenciais de imprensa, isso também acabou acostumando mal as pessoas”, observou.
Enfim, o compromisso que Cleyton Pinteiro assumiu – e disse que eu poderia escrever que ele assinaria embaixo – é que ninguém que de fato faça por merecer o credenciamento para atuação no automobilismo deixará de obter o acesso, e que só o que vai mudar são os critérios desse processo todo.
Quem disse que uma boa conversa não leva a soluções?
Sábado, abordei aqui a questão do credenciamento de jornalistas para os eventos de automobilismo. Nem dou link, foi no texto logo aí abaixo. E, como prometido, sabatinei no domingo em Jacarepaguá o presidente da CBA, Cleyton Pinteiro, a esse respeito. Pinteiro, como já comentei, é sujeito bom de papo, tem boas tiradas, aplica frases de efeito pertinentes e não costuma fugir de um debate.
Manda a regra do bom jornalismo que entrevistas têm de ser gravadas. Não gravei porcaria nenhuma. Primeiro, porque o BLuc não é produto jornalismo. Segundo, porque conversa de homem pra homem é fiada no princípio básico de que ninguém compromete-se com o que não vá honrar, é o que se espera, principalmente de alguém que fala sabendo que terá suas considerações reproduzidas a outros. Terceiro, porque a conversa não foi uma porcaria.
Aos fatos. Pinteiro confirmou que a CBA trabalha para diminuir o número de jornalistas credenciados à cobertura dos eventos. Um trabalho, obviamente, confiado ao assessor de imprensa da entidade, no caso o jornalista Wagner Gonzalez. Concordou, o presidente, que o critério para a cessão do credenciamento não deve ser atrelado ao porte ou não de diploma universitário e definiu a postura como “de valorização”.
Pinteiro entende que a credencial de imprensa existe para profissionais que exercem atividade jornalística ou de divulgação terem reconhecimento. “Há muita gente que pede a credencial, pega, vem pro autódromo e fica andando de lá para cá, olhando os carros, tira uma fotinha com o celular. Só para colocar no Orkut, às vezes nem isso, e ele está com uma credencial de imprensa pendurada no pescoço. Aí, o jornalista de fato fica rebaixado ao mesmo nível de um curioso que está aqui dentro só porque gosta”, falou.
Foi quando ponderei que há casos de blogs ou mesmo de sites que são mantidos por puro diletantismo de seus mantenedores e que acabam proporcionando a seus públicos direcionados uma exposição em larga escala. O presidente concordou que essas pessoas têm de ser credenciadas para os eventos. “Sempre com critérios, e existe a condição para sabermos sempre quem é do ramo, quem dá essa exposição como contrapartida ao automobilismo”, condicionou.
Aí impus a questão mais delicada de que ouço falar – a de fotógrafos que atuam nas corridas credenciados como membros de imprensa, mas que não têm qualquer ligação com veículos de comunicação. São fotógrafos, e conheço vários deles, que vão a um autódromo ou kartódromo, produzem seu material e comercializam fotos e pôsteres aos pilotos, aos patrocinadores, a agências, a quem bem entenderem.
Expus a Pinteiro que uma imagem vendida pelo fotógrafo a alguém envolvido com o contexto fotografado também há de proporcionar retorno. Não na mídia quando compreendida a partir de um veículo de comunicação, mas em exposição que terá potencial para atrair ao automobilismo a atenção de um público que não consome, necessariamente, esses veículos.
Deu para entender o que eu quis dizer aqui? Parece linguagem acadêmica, credo. Tomem o exemplo do pôster de um carro ou kart na parede de um comércio qualquer. Da loja de tintas do pai de um piloto, por exemplo. Todo mundo que ali entrar para comprar uma lixa ou uma brocha vai, ainda que por instantes, ter um contato – por vezes inédito – com o kartismo.
Bem, a conversa com o Pinteiro não foi tão enrolada e nem tão chata, ele tinha mais o que fazer em Jacarepaguá e eu também. Resumo da ópera, o dirigente garantiu-me que há, também, espaço para estes profissionais. E opinou que são úteis para o automobilismo, talvez não com esses termos – como já disse, não gravei a entrevista. “Mas temos de elaborar um outro tipo de credenciamento, esse fotógrafo vai para o autódromo fazer seu trabalho, mas não com uma credencial de imprensa”, comprometeu-se.
Existe, explicou Cleyton Pinteiro, uma preocupação adicional com a segurança. “Principalmente nas provas de kart, o fotógrafo vai para o meio da pista, acaba dando um carteiraço no fiscal, no segurança, e fica tirando suas fotos em posição de risco”, ilustrou, citando o caso de um fotógrafo que acabou sendo atingido por um kart desgovernado enquanto trabalhava de um ponto onde não deveria estar e depois acionou as entidades esportivas.
“Nós não queremos impedir ninguém de trabalhar. Queremos, sim, dar condições melhores para quem vai trabalhar. Por isso estamos estudando e avaliando as mudanças que vamos fazer na regulamentação desse credenciamento”, concluiu. “É mais fácil, ou menos difícil, você administrar uma exceção do que combater uma regra”, ilustrou.
Tenho, quando converso com Pinteiro, a impressão de que evita comparações com a gestão de seu antecessor Paulo Scaglione. No caso do credenciamento de imprensa, foi explícito. “Nos anos anteriores, a CBA distribuiu um número excessivo de credenciais de imprensa, isso também acabou acostumando mal as pessoas”, observou.
Enfim, o compromisso que Cleyton Pinteiro assumiu – e disse que eu poderia escrever que ele assinaria embaixo – é que ninguém que de fato faça por merecer o credenciamento para atuação no automobilismo deixará de obter o acesso, e que só o que vai mudar são os critérios desse processo todo.
Quem disse que uma boa conversa não leva a soluções?
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3 comentários:
Parabéns ao Luciano, é esse tipo de profissional que realmente o automobilismo precisa.
E o argumento dele é muito pertinente com relação ao critério de distribuição destas credenciais, há muitos blogs e sites independentes que divulgam materiais melhores que os grandes conhecidos. E como tem gente ruim nesses conhecidos!
E a temática do texto, vira e mexe, comentamos por aqui.
quem é luciano monteiro??? tb quero credenciais...
e a CBA tem presidente??? nem parece...
Somos de um site (http://www.espacoautomotivo.com.br) que tem como principal objetivo incentivar e fazer crescer as pequenas categorias e equipes, mas conseguir credenciais para grandes eventos, no intuíto de colocar grandes e pequenos num mesmo espaço, é muito complicado. É quase impossível saber quem são os organizadores, e quando consegue não temos retorno dos mesmos. Falta essa visão: de que tem muita gente querendo divulgar, com bom material e público diferenciado. Fantástico o texto do blog e colocou uma luz num túnel que parecia não tem fim. Abraço...
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