sexta-feira, 12 de março de 2010
A corrida de dois mundos – “Indy” vs. F1*
* Por Rianov (retirado do site: www.motorpasion.com.br)
De vez em quando sempre aparece um sujeito perguntando: – Quem é mais rápido, um carro de Formula Indy ou um carro de Formula 1? Difícil responder certo? A resposta varia muito de época para época, e as duas categorias quase nunca compartilharam o mesmo traçado, mas sabia que uma corrida entre estes dois mundos já aconteceu?
Pois é, foi o Questor GP. Para este evento grandioso, foi usado o mais novo oval americano: o oval de Ontário. Situado a 40 km de Los Angeles, este super autódromo foi construído pela bagatela de 25 milhões de dólares, por um conglomerado americano.
O circuito oval, praticamente idêntico a Indianápolis, tinha um comprimento de 2,5 milhas, mas se somando o circuito interno que o autódromo possuía, a extensão chegava a 3,21 milhas. 140 mil pessoas lotariam as arquibancadas no dia 28 de Março de 1971 para prestigiar esta épica batalha.
A data foi um pequeno empecilho, pois em ambas as categorias, haveria uma corrida neste dia. Mesmo assim a F1 veio com um plantel fortíssimo, e os pilotos da USAC (antecessora da CART) pilotando carros da Formula A empurrados com motores de 5 litros.
Pela F1 as grandes equipes compareceram, como exemplo da Ferrari, Lotus e McLaren, inclusive com seus grandes pilotos, como Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi, Mario Andretti, Ronnie Peterson… No lado americano, grandes nomes vieram prestigiar o encontro: Mark Donohue, AJ. Foyt, Al Unser, Ron Grable entre outros.
A prova seria disputada em duas baterias, e o tempo agregado de ambas sinalizariam o vencedor. A movimentação em Ontário se deu a partir de 4ª feira, onde os carros já começavam a se familiarizar com a pista. Desde esta época, foi perceptível a diferença entre os F1 e os FA. Os carros europeus eram consistentemente mais rápidos.
Bateria 1
Como já era de se esperar, acompanhando os treinos não classificatórios dos dias anteriores, os carros e pilotos da F1 dominaram a classificação oficial para o grid de largada. Jackie Stewart andou forte com sua Tyrrell e pegou a ponta. A Matra de Chris Amon ficou em segundo a “um fio de cabelo” de Stewart. Ickx, de Ferrari, foi o 3º.
Como os F1 não estavam acostumados a correr com pressões e velocidades tão elevadas, alguns carros já demonstravam certa fragilidade com o passar das voltas. O caso que mais chamou a atenção foi o das BRM P163, pilotadas por Pedro Rodriguez e Jo Siffert. Apesar de serem bem rápidas, elas sofriam com rachaduras no suporte da suspensão traseira.
Mario Andretti e Henri Pescarolo ficaram um pouco mais para trás, pois preferiram poupar um pouco seus equipamentos. Pelo lado da USAC, Mark Donohue vinha fazendo milagres, com sua Lola consegue uma honrosa 8ª posição. Era o limite para os carros da Formula A.
Largada
Devido à falta de espaço para armazenagem de combustível dentro dos tanques dos F1, a corrida foi dividida em duas baterias. A largada foi no estilo “Indy”, com os carros sendo enfileirados atrás de um carro de segurança (que foi pilotado pelo ator James Garner, diga-se de passagem).
Logo na largada, uma sensacional ultrapassagem de Ickx “jantando” Amon e Stewart era presságio de uma corrida magnífica. Jo Siffert que largara em 8º, ganha algumas posições no início da prova, mas roda logo em seguida, abrindo um vão entre o pelotão da frente e o 2º, liderado por Donohue e Andretti.
Na frente, Stewart fazia de tudo para encostar em Ickx, até que conseguiu retomar a ponta quando o belga sofreu um furo de pneu. O azarado Chris Amon sofre o mesmo problema. Andretti, que conseguira se livrar de Donohue, parte para cima de Stewart.
Na parte de trás, muito iam quebrando. Os pilotos da USAC iam caindo um a um. Os da F1 estavam indo para o mesmo caminho, mas a Ferrari de Andretti continuava sedenta atrás do escocês.
Na volta 29 de 32, a multidão vai a loucura quando vê o “americano” Andretti passar Jackie. Stewart sofria com problemas nos freios e também com o calor. Donohue, que vinha fazendo bonito teve que reduzir com problemas na bomba de combustível.
Na primeira batalha, Andretti vence com Stewart em segundo. Bem longe, vem Jô Siffert. Donohue foi o melhor com os ‘FA cars’ terminando em 9º. Para a segunda bateria, as posições seriam mantidas, mas o tempo de diferença seria agregado posteriormente, para se manter uma real diferença.
Bateria 2
Respeitando-se a posição de chegada da bateria 1, Andretti parte na frente, mas logo os pneus Firestone entrariam em problemas em virtude do calor. Na saída de curva que antecede a reta principal, Stewart aproveita a ‘rabeada’ de Mario, pega o vácuo durante a reta e a curva 1, concluindo a ultrapassagem no início da parte mista.
A suspensão traseira de Stewart começou a apresentar avarias, mas com toda a sua experiência, ele começou a se concentrar mais e se acostumar com o novo estilo de direção.
Andretti já não mais o pressionava, e ele andava num ritmo bom, mas ela não aguentou. A suspensão traseira da Tyrrell começou a se partir perigosamente, e o escocês levantou (e muito) o pé, deixando a vitória livre novamente para Mario Andretti.
Amon foi o 3º passando muito próximo de Stewart. Ickx e Siffert vinham se bicando durante a parte final, tanto que se tocaram deixando livre o caminho para Pedro Rodriguez assumir a 4ª posição. O mexicano ainda anotou a volta mais rápida da corrida, com 1:42.777.
Nesta batalha entre Europa e America, Formula 1 contra USAC, os europeus da F1 se deram melhor, mas por ironia do destino, o ítalo-americano Mario Andretti foi quem deu as cartas.
Depois de sediar algumas etapas da Formula Indy e da Nascar, em 1980, por falta de patrocínios e afundado em dívidas, este elefante branco foi fechado, e em 81, foi demolido por completo, se tornando um lote vazio. Uma pena. Hoje o local é habitado e lá se encontra uma grande área comercial.
Ficou com vontade de ver vídeos? Pois então delicie-se com esse especial cobrindo o Questor GP de 71. A narração é do grande Jim Nettlenton. O agradecimento vai para tifosi27, por compartilhar esta raridade com a gente.
De vez em quando sempre aparece um sujeito perguntando: – Quem é mais rápido, um carro de Formula Indy ou um carro de Formula 1? Difícil responder certo? A resposta varia muito de época para época, e as duas categorias quase nunca compartilharam o mesmo traçado, mas sabia que uma corrida entre estes dois mundos já aconteceu?
Pois é, foi o Questor GP. Para este evento grandioso, foi usado o mais novo oval americano: o oval de Ontário. Situado a 40 km de Los Angeles, este super autódromo foi construído pela bagatela de 25 milhões de dólares, por um conglomerado americano.
O circuito oval, praticamente idêntico a Indianápolis, tinha um comprimento de 2,5 milhas, mas se somando o circuito interno que o autódromo possuía, a extensão chegava a 3,21 milhas. 140 mil pessoas lotariam as arquibancadas no dia 28 de Março de 1971 para prestigiar esta épica batalha.
A data foi um pequeno empecilho, pois em ambas as categorias, haveria uma corrida neste dia. Mesmo assim a F1 veio com um plantel fortíssimo, e os pilotos da USAC (antecessora da CART) pilotando carros da Formula A empurrados com motores de 5 litros.
Pela F1 as grandes equipes compareceram, como exemplo da Ferrari, Lotus e McLaren, inclusive com seus grandes pilotos, como Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi, Mario Andretti, Ronnie Peterson… No lado americano, grandes nomes vieram prestigiar o encontro: Mark Donohue, AJ. Foyt, Al Unser, Ron Grable entre outros.
A prova seria disputada em duas baterias, e o tempo agregado de ambas sinalizariam o vencedor. A movimentação em Ontário se deu a partir de 4ª feira, onde os carros já começavam a se familiarizar com a pista. Desde esta época, foi perceptível a diferença entre os F1 e os FA. Os carros europeus eram consistentemente mais rápidos.
Bateria 1
Como já era de se esperar, acompanhando os treinos não classificatórios dos dias anteriores, os carros e pilotos da F1 dominaram a classificação oficial para o grid de largada. Jackie Stewart andou forte com sua Tyrrell e pegou a ponta. A Matra de Chris Amon ficou em segundo a “um fio de cabelo” de Stewart. Ickx, de Ferrari, foi o 3º.
Como os F1 não estavam acostumados a correr com pressões e velocidades tão elevadas, alguns carros já demonstravam certa fragilidade com o passar das voltas. O caso que mais chamou a atenção foi o das BRM P163, pilotadas por Pedro Rodriguez e Jo Siffert. Apesar de serem bem rápidas, elas sofriam com rachaduras no suporte da suspensão traseira.
Mario Andretti e Henri Pescarolo ficaram um pouco mais para trás, pois preferiram poupar um pouco seus equipamentos. Pelo lado da USAC, Mark Donohue vinha fazendo milagres, com sua Lola consegue uma honrosa 8ª posição. Era o limite para os carros da Formula A.
Largada
Devido à falta de espaço para armazenagem de combustível dentro dos tanques dos F1, a corrida foi dividida em duas baterias. A largada foi no estilo “Indy”, com os carros sendo enfileirados atrás de um carro de segurança (que foi pilotado pelo ator James Garner, diga-se de passagem).
Logo na largada, uma sensacional ultrapassagem de Ickx “jantando” Amon e Stewart era presságio de uma corrida magnífica. Jo Siffert que largara em 8º, ganha algumas posições no início da prova, mas roda logo em seguida, abrindo um vão entre o pelotão da frente e o 2º, liderado por Donohue e Andretti.
Na frente, Stewart fazia de tudo para encostar em Ickx, até que conseguiu retomar a ponta quando o belga sofreu um furo de pneu. O azarado Chris Amon sofre o mesmo problema. Andretti, que conseguira se livrar de Donohue, parte para cima de Stewart.
Na parte de trás, muito iam quebrando. Os pilotos da USAC iam caindo um a um. Os da F1 estavam indo para o mesmo caminho, mas a Ferrari de Andretti continuava sedenta atrás do escocês.
Na volta 29 de 32, a multidão vai a loucura quando vê o “americano” Andretti passar Jackie. Stewart sofria com problemas nos freios e também com o calor. Donohue, que vinha fazendo bonito teve que reduzir com problemas na bomba de combustível.
Na primeira batalha, Andretti vence com Stewart em segundo. Bem longe, vem Jô Siffert. Donohue foi o melhor com os ‘FA cars’ terminando em 9º. Para a segunda bateria, as posições seriam mantidas, mas o tempo de diferença seria agregado posteriormente, para se manter uma real diferença.
Bateria 2
Respeitando-se a posição de chegada da bateria 1, Andretti parte na frente, mas logo os pneus Firestone entrariam em problemas em virtude do calor. Na saída de curva que antecede a reta principal, Stewart aproveita a ‘rabeada’ de Mario, pega o vácuo durante a reta e a curva 1, concluindo a ultrapassagem no início da parte mista.
A suspensão traseira de Stewart começou a apresentar avarias, mas com toda a sua experiência, ele começou a se concentrar mais e se acostumar com o novo estilo de direção.
Andretti já não mais o pressionava, e ele andava num ritmo bom, mas ela não aguentou. A suspensão traseira da Tyrrell começou a se partir perigosamente, e o escocês levantou (e muito) o pé, deixando a vitória livre novamente para Mario Andretti.
Amon foi o 3º passando muito próximo de Stewart. Ickx e Siffert vinham se bicando durante a parte final, tanto que se tocaram deixando livre o caminho para Pedro Rodriguez assumir a 4ª posição. O mexicano ainda anotou a volta mais rápida da corrida, com 1:42.777.
Nesta batalha entre Europa e America, Formula 1 contra USAC, os europeus da F1 se deram melhor, mas por ironia do destino, o ítalo-americano Mario Andretti foi quem deu as cartas.
Depois de sediar algumas etapas da Formula Indy e da Nascar, em 1980, por falta de patrocínios e afundado em dívidas, este elefante branco foi fechado, e em 81, foi demolido por completo, se tornando um lote vazio. Uma pena. Hoje o local é habitado e lá se encontra uma grande área comercial.
Ficou com vontade de ver vídeos? Pois então delicie-se com esse especial cobrindo o Questor GP de 71. A narração é do grande Jim Nettlenton. O agradecimento vai para tifosi27, por compartilhar esta raridade com a gente.
Marcadores:
Anhembi,
desafio do dia,
F-Indy,
Formula 1,
Formula Indy,
GGOO,
Indycar Series,
Mario Andretti,
São Paulo,
SP Indy 300
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
só hoje fui assistir aos vídeos... ótima história!!!
Postar um comentário