segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
iiGGOOrr: QUANDO O AUTOMOBILISMO FICA EM SILÊNCIO!
Para mim, fã de corridas de carros desde que me conheço por gente (muitas das minhas melhores brincadeiras na infância envolviam disputas imaginárias entre meus carrinhos em miniatura sobre o tapete da sala ou ao controle de um autorama), o show é ver os pilotos chegarem o mais próximo do limite, as disputas, toques e até batidas (quem não gosta).
Mas, talvez traumatizado pelo fatídico e já distante (não para mim) final de semana em Ímola/1994, ter que assistir a angústia do resgate de um piloto gravemente ferido na pista sempre mexe profundamente comigo. É duro quando a realidade nos lembra de forma agressiva que esses “heróis” (sim, todos eles são heróis, do campeão mundial de fórmula 1 ao último colocado da menor categoria, gostaríamos de estar no lugar deles) são de carne e osso como nós!
“HÁ UM SEGUNDO, TUDO ESTAVA EM PAZ...” (Herbert Vianna)
Mais um domingo de corrida, Stock Car, dessa vez ao vivo em Interlagos. Tempo bom, ao lado de amigos que tem essa mesma paixão pela velocidade. Piadas, brincadeiras, gozações, bate-papo e o tempo vai passando. Chega a hora da largada da Stock V8; carros alinhados, a sinfonia de 38 motores em alta rotação, o cheiro da gasolina e as cores que só são possíveis “in loco”. Após a prova, grande parte do público presente vai embora, os mais fanáticos ficam: “ainda tem a Light e a Junior”. A turma resolve conhecer outros setores do autódromo, as novas arquibancadas. Começa a prova da Light, acidente, relargada, outra paralisação. Ainda cheguei a comentar com alguém: “essa corrida está meio estranha”.
Voltando para a “nossa” arquibancada, o narrador do autódromo anuncia: “bandeira vermelha, prova paralisada”. Outro acidente. A batida foi forte. Todos correm para chegar ao local, eu também. Carros destruídos. Um dos pilotos (Renato Russo) já foi resgatado. O outro ainda não. “Quem é ele?”, nesse momento isso já não importa. Clima pesado entre os médicos e nas arquibancadas. O piloto-apresentador Otávio Mesquita (também envolvido no acidente) demonstra total desespero. Uma fiscal de pista se aproxima do que restou do carro e sai de lá em estado de choque.
Os minutos passam, lentos, não sei se foram cinco, dez ou quarenta minutos. Silêncio total no autódromo. Ouve-se apenas o som do aço sendo cortado para retirar o piloto. Não quero ver, saio de perto. Quero ver, volto. Na cabeça, vêm à tona lembranças de outros acidentes graves e trágicos que assisti pela TV (entre outros, Ratzenberger e Senna em Ímola, Panis no Canadá, Schumacher em Silverstone, Burti em Spa; Emmerson Fittipaldi, Greg Moore e Zanardi na Fórmula Indy; Gualter Salles na Argentina pela própria Stock, os mega-acidentes da Fórmula Truck que sempre assustam e que algum dia ainda vão acabar em tragédia). Mas dessa vez, ver pessoalmente foi diferente, único. Todos ao redor já sabem que não há como salvá-lo. O piloto é retirado das ferragens. Corpo coberto. Todos o aplaudem. A ambulância se vai, sem muita pressa pois não há mais nada a se fazer.
Minutos depois, a confirmação: RAFAEL SPERAFICO, um dos poucos nomes por mim conhecidos nessa categoria está morto. A brincadeira acabou. O dia acabou. Agora só me resta voltar pra casa, com as lembranças de mais um domingo de corrida!
Mas, talvez traumatizado pelo fatídico e já distante (não para mim) final de semana em Ímola/1994, ter que assistir a angústia do resgate de um piloto gravemente ferido na pista sempre mexe profundamente comigo. É duro quando a realidade nos lembra de forma agressiva que esses “heróis” (sim, todos eles são heróis, do campeão mundial de fórmula 1 ao último colocado da menor categoria, gostaríamos de estar no lugar deles) são de carne e osso como nós!
“HÁ UM SEGUNDO, TUDO ESTAVA EM PAZ...” (Herbert Vianna)
Mais um domingo de corrida, Stock Car, dessa vez ao vivo em Interlagos. Tempo bom, ao lado de amigos que tem essa mesma paixão pela velocidade. Piadas, brincadeiras, gozações, bate-papo e o tempo vai passando. Chega a hora da largada da Stock V8; carros alinhados, a sinfonia de 38 motores em alta rotação, o cheiro da gasolina e as cores que só são possíveis “in loco”. Após a prova, grande parte do público presente vai embora, os mais fanáticos ficam: “ainda tem a Light e a Junior”. A turma resolve conhecer outros setores do autódromo, as novas arquibancadas. Começa a prova da Light, acidente, relargada, outra paralisação. Ainda cheguei a comentar com alguém: “essa corrida está meio estranha”.
Voltando para a “nossa” arquibancada, o narrador do autódromo anuncia: “bandeira vermelha, prova paralisada”. Outro acidente. A batida foi forte. Todos correm para chegar ao local, eu também. Carros destruídos. Um dos pilotos (Renato Russo) já foi resgatado. O outro ainda não. “Quem é ele?”, nesse momento isso já não importa. Clima pesado entre os médicos e nas arquibancadas. O piloto-apresentador Otávio Mesquita (também envolvido no acidente) demonstra total desespero. Uma fiscal de pista se aproxima do que restou do carro e sai de lá em estado de choque.
Os minutos passam, lentos, não sei se foram cinco, dez ou quarenta minutos. Silêncio total no autódromo. Ouve-se apenas o som do aço sendo cortado para retirar o piloto. Não quero ver, saio de perto. Quero ver, volto. Na cabeça, vêm à tona lembranças de outros acidentes graves e trágicos que assisti pela TV (entre outros, Ratzenberger e Senna em Ímola, Panis no Canadá, Schumacher em Silverstone, Burti em Spa; Emmerson Fittipaldi, Greg Moore e Zanardi na Fórmula Indy; Gualter Salles na Argentina pela própria Stock, os mega-acidentes da Fórmula Truck que sempre assustam e que algum dia ainda vão acabar em tragédia). Mas dessa vez, ver pessoalmente foi diferente, único. Todos ao redor já sabem que não há como salvá-lo. O piloto é retirado das ferragens. Corpo coberto. Todos o aplaudem. A ambulância se vai, sem muita pressa pois não há mais nada a se fazer.
Minutos depois, a confirmação: RAFAEL SPERAFICO, um dos poucos nomes por mim conhecidos nessa categoria está morto. A brincadeira acabou. O dia acabou. Agora só me resta voltar pra casa, com as lembranças de mais um domingo de corrida!
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2 comentários:
Acho que a esperança foi o maior sentimento ali...
Nao queria acreditar no que estava acontecendo, no que estava vendo...
Aquele silêncio chegou a ser sufocante, a emoção de ver a arquibancada aplaudindo a saida da ambulancia chegou a dar um gelo.
Aquela sensação de estar tão perto e tão impotente é desesperador.
foi triste.
Foi triste...
mas a vida segue, e precisamos retomar a alegria, e o sorriso.
Lindos textos...
Abraços,
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