CARREIRA EM RISCO*

* Por Luis Fernando Ramos

Um costume antigo da Fórmula 1 é julgar um piloto por seu último resultado. E é um costume errôneo. Lewis Hamilton pode ter feito lambança no último domingo no acidente desnecessário com Kamui Kobayashi, mas não é um fracassado por conta disso. Nem será o maior gênio das pistas caso vença o GP da Itália daqui a dez dias de maneira espetacular.

É preciso pegar uma amostragem maior de corridas para ver se há uma tendência clara ou apenas uma onda de altos e baixos na performance - e este segundo caso é o que se aplica ao inglês da McLaren.

No caso de Felipe Massa, porém, há uma clara tendência. Suas performances são apagadas faz muito tempo. E as medidas para mudar o quadro estão se mostrando ineficientes. No GP da Bélgica, ele ficou preso atrás da Mercedes de Nico Rosberg, enquanto outros pilotos de equipes de ponta superaram o alemão sem maiores problemas.

O brasileiro sempre encontra uma explicação técnica para sua forma. E o pior é que elas fazem sentido: a dificuldade de aquecer os pneus ou os problemas com a melhor velocidade no final da reta de Rosberg são fatores que ocorrem de verdade.

Mas o que incomoda é que Massa parece se resignar com o quadro. Ao contrário do piloto guerreiro que vimos em tantas fases de sua carreira, vemos na pista hoje o brasileiro se conformando com os limites do seu carro e não demonstrando muita garra para ganhar uma posição caso não esteja muito mais veloz que o piloto à frente.

Talvez isso ocorra por não estar mais à vontade numa Ferrari que gira em torno de Fernando Alonso.

O problema é que seu desempenho não está fazendo nenhum favor para a continuidade da sua carreira. Se a garra não voltar, pode ser que nenhum time queira contar com ele ao término de seu contrato com os italianos, ao final de 2012.