Nesta semana Rubinho Barrichello saiu para jantar com amigos em São Paulo e, quando entrou no restaurante, foi aplaudido. O torcedor brasileiro reage muito rapidamente a uma ação do ídolo no esporte. A ultrapassagem de Rubinho sobre Michael Schumacher na Hungria, pela forma como aconteceu, e por ter vindo na sequência de uma decepção que ainda doía no torcedor por causa da ordem de equipe da Ferrari contra Felipe Massa na Alemanha, tem o dom de cura na alma ferida.
Claro que fez bem a Rubinho sentir este reconhecimento. Um carinho que consola, mas não resgata o que ficou perdido na carreira. O talento natural que levou Rubinho à Fórmula-1 depois de ganhar o Europeu de Fórmula Opel e o Ingles de Fórmula-3 era suficiente para fazer dele um campeão, como descobriu recentemente o seu atual chefe de equipe Sam Michael, na Williams.
A Ferrari foi um passo importante na vida de Rubinho. Lá ele conquistou suas 11 vitórias e marcou 560 dos 637 pontos que lhe garantem o quarto lugar entre os pilotos com maior pontuação da história da F-1. Mas este período na Ferrari (de 2000 a 2005) também deixou um fardo difícil de carregar pela vida afora. Uma manifestação pública como a desta semana entre as pessoas que estavam no restaurante é, sem dúvida, um santo remédio.
Um outro remédio eficiente que eu aconselho a Rubinho é dizer cara a cara para Schumacher, quando os dois se encontrarem em Spa, que não aceita o pedido de desculpas que o alemão fez através site dele. É difícil que haja este encontro porque os dois já não se falam há algum tempo. Mas, se houver, eu já disse ao Rubinho que ele não pode perder a chance. Vai fazer um bem enorme.
O Schumacher já deve ter se tocado de como foi pouco inteligente. Se ele não tivesse espremido Barrichello no muro, a ultrapassagem – aliás, inevitável – nem mais seria lembrada no dia seguinte. Fez o que fez, tomou punição que vai prejudicar bastante a sua próxima corrida, saiu com cara de quem não estava nem aí depois da conversa com os comissários para, no dia seguinte, escrever que, ao rever a imagem, reconhecia que havia exagerado. Simplesmente, tinha caído a ficha.
Mesmo alguns dos maiores simpatizantes do alemão ao longo de sua carreira, não se conformam com o que ele fez. O engenheiro espanhol Joan Villadelprat, que trabalhou com o alemão na Benetton, considerou uma atitude intolerável que poderia ter terminado em tragédia. O piloto austríaco Alexander Wurtz fala em atitude deliberada de alguém que sabia muito bem o risco a que estava expondo Barrichello e a si próprio. O tricampeão Jackie Stewart considerou o maior abuso que já viu de um piloto e John Watson, ex-piloto que já trabalhou como comissário técnico convidado da FIA, comparou a atitude de Schumacher com o instinto animal. Pesado, e com razão.
A F-1 ganhou assunto para este curto de período de férias até o GP da Bélgica no dia 29 de agosto. Durante três semanas as equipes permanecem fechadas, e só no dia 23 os carros, motores e equipamentos serão embarcados para Spa-Francorchamps, vizinha à fronteira com a Alemanha. Quem mais deve sofrer com esta interrupção é a McLaren. Das três equipes que brigam pelo título, ela é a que está em baixa desde o GP da Inglaterra, apesar de ter se mantido na liderança dos campeonatos de pilotos e construtores até domingo passado. Depois do GP da Hungria, que das 12 etapas deste ano foi a mais negativa para a McLaren, com 4 pontos marcados, contra 40 da Red Bull e 30 da Ferrari, a liderança dos construtores voltou para a Red Bull e a de pilotos voltou para Mark Webber. O Mundial de Pilotos já mudou de líder oito vezes e o próprio Webber já tinha ocupado a posição após a sétima etapa do campeonato. Hamilton foi quem mais permaneceu na ponta, durante quatro etapas. Caiu para segundo e pode cair mais porque a tendência, agora, é a Red Bull dominar em Spa e também em Monza.
Muito bem observado pelo Reginaldo, não éa toa que sou fanzaço dele!
ResponderExcluirE Rubinho já tinha que ter adotado essa postura mais agressiva há muito tempo.
Mas se tiver essa chance, não pode perder de jeito nenhum!
O Rubinho tem o que grandes atletas tem o carisma ... e vale muito ainda mais na F1
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