No domingo 11, Rubens Barrichello, de 35 anos, vai se tornar o piloto que mais disputou corridas na história da Fórmula 1. Com o Grande Prêmio da Turquia, o seu 257º, Rubinho passará o italiano Riccardo Patrese em número de provas. Barrichello, que trocou a Ferrari pela Honda em 2006, falou ao repórter Alexandre Salvador em seu escritório, em São Paulo.
O QUE REPRESENTA O RECORDE DE LONGEVIDADE PARA VOCÊ?
Estou muito orgulhoso, é um momento histórico. Outro dia, encontrei o Patrese e ele me disse: "Sua carreira foi pesada como a minha. Eu tinha um carro competitivo, mas um companheiro favorecido pela equipe. Por isso, deixo você quebrar meu recorde. Se fosse o Michael Schumacher, eu alugaria um carro para manter a marca". Ninguém deveria entrar na Fórmula 1 pela longevidade, mas é uma vitória ficar tanto tempo. Meu sonho ainda é ser campeão do mundo.
SEU CARRO ATUAL, DA HONDA, É RUIM. O QUE O MANTÉM MOTIVADO?
Tento me sentir bem, mesmo largando em 13º, para marcar um pontinho miserável. Por que ainda me submeto a isso? A resposta: porque gosto demais da velocidade. Se não fosse assim, ficaria em casa com meus filhos. Estou mais maduro.
DE QUE FORMA?
Descobri que preciso ser feliz comigo mesmo e não dar satisfação a ninguém. Eu usava essa filosofia na vida pessoal e no golfe, mas não nas pistas. Antes, era como se a vida quisesse me mostrar certas coisas e eu não conseguisse enxergar. Depois de ler O Segredo (livro de auto-ajuda) e assistir a Quem Somos Nós? (filme de auto-ajuda), mudei muito. Não acredito mais na sorte. Pensar de maneira derrotista atrai energias negativas. Essa coisa da energia teve muita influência sobre mim.
COM ESSA ATITUDE, SEU DESEMPENHO NA FERRARI TERIA SIDO MELHOR?
Se eu estivesse como estou hoje, sorrindo muito mais para a vida, até acredito que poderia ter sido melhor. Um piloto costuma enfrentar uma situação muito difícil: fica ali, sozinho no carro, tendo de tomar decisões imediatas sem poder ligar para o pai ou para um amigo para pedir conselhos.
VOCÊ FOI PREJUDICADO NA FERRARI?
No dia em que eu assinei meu contrato com a Ferrari, disse que não aceitaria nenhuma cláusula que me obrigasse a me submeter ao companheiro de equipe. Mas, nas reuniões, todos os engenheiros puxavam uma cadeira e se sentavam ao lado de Schumacher. Quando me dava conta, estávamos só eu e meu engenheiro sentados em outro canto. Então eu puxava minha cadeira e ia lá participar da conversa. Passou o tempo e, como vi que nada mudava, comecei a bater boca. Minhas nove vitórias foram excepcionais porque, além de lutar contra todos os outros competidores, tinha de superar as dificuldades dentro da escuderia.
SE VOCÊ ESTIVESSE NA POSIÇÃO DE SCHUMACHER, RECUSARIA O PRIVILÉGIO?
Sim. Eu pequei na minha vida por ser honesto. Passei por bobo nos momentos em que fui muito leal. Esse comportamento vem desde cedo. Ao jogar tênis com meu pai, por exemplo, não conseguia ganhar. Isso acontecia porque, quando eu estava um pouco na frente, olhava para ele e ficava com dó. Eu facilitava, ele ganhava e no fim dava risada de mim. Hoje, consigo ser egoísta o suficiente para trabalhar em equipe, mas sabendo o que é melhor para mim.
AS PIADAS SOBRE SEU DESEMPENHO INCOMODAM?
Não posso dizer que nunca me senti incomodado. No início da carreira eu só apanhei, não tive carinho. Já vi vários vídeos na internet com piadas sobre mim. Sei que isso é natural. Se só falassem bem, seria chato.
Fonte: Veja
PARABÉNS BARRICHELLO!!! ainda, o melhor brasileiro na F1...
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