* Por Julianne Cerasoli
Nico Rosberg levou uma lavada de Lewis Hamilton na Malásia, estudou os dados com sua abordagem toda técnica, e foi fracionalmente mais rápido que o inglês no Bahrein. E perdeu de novo. Agora, resta estudar as táticas de ataque e defesa de posição. Foram elas, e não o ritmo, que garantiram a Lewis uma das vitórias mais espetaculares da carreira.
Foram dois os momentos capitais que deram a vitória a Hamilton. A largada lhe deu ar limpo para cuidar dos pneus na fase mais crítica da corrida, quando o carro está mais pesado, e a retomada da ponta na volta 19 lhe garantiu prioridade nos boxes. Em uma tarde em que o undercut chegou a render 6s, essa seria a única forma de manter um Rosberg ligeiramente mais veloz atrás.
O primeiro sinal da velocidade de Nico foi no stint inicial, quando não deixou que o inglês abrisse mais de 1s5 e o atacou nas voltas finais, como se estivesse cozinhando o galo o tempo todo. Para se ter uma ideia, quando foi liberado pelo pit stop Hamilton, Rosberg foi 1s mais rápido do que nas voltas anteriores, o que deve ter motivado a demora de duas voltas para o alemão entrar nos boxes. Talvez o plano fosse aproveitar que tinha ritmo para estender o stint e chegar com pneus mais inteiros no final.
A segunda prova é o stint seguinte. Teoricamente, a diferença entre os dois compostos era de meio segundo. De fato, ela provou ser menor que isso durante a corrida, mas não tão pequena quanto os 0s18/volta que Rosberg perdeu, em média, após voltar de sua primeira parada.
No final, o Safety Car eliminou a vantagem que Hamilton construiu e inverteu as posições: agora era Rosberg quem tinha os pneus mais rápidos. Uma chance que ele não conseguiu aproveitar, parando na muralha Hamilton, que se defendia fazendo a freada ideal na curva 1 e pegando a linha de dentro na 3. Com menos ritmo, pneus mais lentos e sem DRS, mas com uma determinação que nenhum número explica.
O desastre das 3 paradas
O Safety Car na volta 41 beneficiou quem tinha usado pneus médios durante a prova e quem tinha alongado os dois primeiros stints visando fazer só duas paradas: além de terem os pneus mais rápidos no final, não sofreriam com desgaste. Era possível que estes pilotos sofressem o ataque especialmente das duas Williams – as Ferrari não demonstraram em momento algum ter ritmo para tanto – nas voltas finais. Felipe Massa, logo após a prova, chegou a falar em pódio.
A situação do brasileiro era a seguinte: foram 13 voltas no primeiro stint, 15 no segundo, 10 no terceiro – diminuído para garantir o undercut em cima de Bottas – e 19 no quarto. Quando voltou à pista após o terceiro pit stop, estava em décimo, com três pilotos (Bottas e as Ferrari) que parariam novamente a sua frente, a 1s de Ricciardo e a 3s de Vettel.
Considerando a diferença de velocidade de reta e o menor número de voltas no pneu, é bem provável que o brasileiro conseguisse passar ambos sem o Safety Car ajudar Vettel e Ricciardo a economizar seus compostos. Hulkenberg, então com 18s de vantagem, seria um alvo bem mais difícil. Então faz sentido dizer que Massa perdeu um quinto lugar com a barbeiragem de Maldonado.
O uso do médio durante a prova foi bom para as Red Bull, que lutaram com vantagem contra as Force India, que estavam com os médios. Importante notar, inclusive, que a maior estabilidade faz do RB10 um carro que gasta menos pneu – e Ricciardo, durante toda a prova, pareceu se aproveitar melhor disso que Vettel.
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