* Por Julianne Cerasoli
Daniel Ricciardo cruzou a linha de chegada no GP da China a 1s2 de Fernando Alonso e do que seria um pódio – desta vez, de “verdade”. No meio da prova, os números mostram que o australiano perdeu cerca de 3s atrás do companheiro Sebastian Vettel, cuja primeira reação ao ouvir o pedido da Red Bull para abrir, pois Ricciardo estava mais rápido, respondeu “azar dele”. Teria isso custado o terceiro posto para a equipe?
Vamos às circunstâncias. Primeiro, a ordem da Red Bull, acertada para maximizar o resultado da equipe. De fato, Ricciardo, com pneus três voltas mais novos e uma conservação melhor por todo o final de semana, estava vindo 0s9 mais rápido que Vettel nas voltas anteriores à ordem e viu o ritmo despencar em 1s/volta nos três giros em que ficou preso. Tão logo passou o companheiro, voltou à casa dos 1min43, enquanto os tempos de Vettel despencaram para 1min45. A briga, portanto, foi ruim para ambos.
No stint final, quando Ricciardo se aproximou de Alonso, o espanhol tinha pneus quatro voltas mais velhos e um ataque seria plausível caso o australiano estivesse mais próximo. Mas também temos de levar em conta o fator Alonso: em determinado momento, parecia que Ricciardo vinha mais inteiro, mas o espanhol começou a reagir, sinalizando que havia economizado equipamento prevendo um ataque. Tirando uma volta em que Ricciardo tirou 0s8, quando Alonso fritou os pneus atrás de um retardatário, o bicampeão sempre parecia ter uma resposta para as tentativas de aproximação. Apenas na última volta, a Ferrari diminuiu o ritmo e eles cruzaram a linha de chegada mais próximos.
Dois fatores nos fazem acreditar que, mesmo que Vettel não tivesse atrasado Ricciardo, o australiano poderia chegar mais perto, mas não na frente de Alonso: a diferença de velocidade de reta entre os carros e o fato da prova ter, efetivamente, terminado na volta 54, quando a diferença entre os dois era de 3s5. Aliás, imagine as teorias da conspiração caso Ricciardo tivesse passado Alonso na última volta e o resultado fosse alterado por um erro na bandeirada?
O undercut e o offset
Se o GP do Bahrein foi marcado pela força do undercut, a tática inversa funcionou bem na China. O chamado offset, ou a aposta de esticar ao máximo um stint para estar com pneus mais novos no final foi eficiente para ajudar Nico Rosberg no tráfego – mas tem suas contra-indicaçõs.
No primeiro stint, Rosberg usou o undercut para superar Ricciardo. Passou Vettel no meio da prova e depois foi à caça de Alonso. Como o espanhol fez sua última parada cedo, a opção da Mercedes foi não responder imediatamente, deixá-lo ganhar a vantagem do undercut, e parar Nico só quatro voltas depois. Não demorou 5 giros para o alemão recortar a diferença e passar. Inteligentemente, Alonso não brigou pois sabia que não teria chances – e que sua luta era com Ricciardo. Apesar do offset ser uma opção, ele depende da velocidade de reta porque é preciso passar na pista. A Red Bull usou o mesmo expediente com Ricciardo mas, como vimos, ele não chegou perto o suficiente de Alonso para comprovar se a tática funcionaria em seu caso.
O undercut ainda esteve presente e foi importante, por exemplo, para Hulkenberg chegar na frente de Bottas. O alemão era pressionado pelo finlandês antes da primeira parada, mas antecipou seu pit stop e ganhou 2/3s de vantagem que permaneceriam estáveis até o final. Alonso também usou do mesmo expediente para passar Vettel após o primeiro stint.
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