terça-feira, 11 de março de 2014

O ano de Massa?*

* Por Julianne Cerasoli


Felipe Massa foi, ainda que nos centésimos, o mais rápido da pré-temporada. Rivais como Alonso e Button veem a Williams na frente. Frank Williams fala em “aproveitar a oportunidade”. Então quer dizer que o piloto brasileiro vai arrasar a concorrência e partir para um título quando ninguém mais acreditava nele? A uma semana do início da temporada mais imprevisível da história da Fórmula 1, tudo é possível, mas vamos aos fatos.

Primeiro sobre o piloto Massa. Se ele nunca foi capaz de responder aos anseios da expectativa criada na temporada de 2008 – quando viveu uma combinação especial de um grande carro nas mãos, apoio da equipe e um rival errático – acabou sendo tratado como piloto de segunda linha após as decepções das últimas temporadas de Ferrari. Massa nunca foi um virtuoso e, de fato, sofreu problemas de adaptação e de confiança que foram colocando-o em uma espiral negativa no time italiano, mas está longe de ser um braço duro.

Nesta temporada, corre com a experiência a seu lado frente a Valtteri Bottas – mas o duelo interno está longe de ser uma barbada. O finlandês é um piloto mais cerebral, qualidade importante para lidar com o novo regulamento, e há quem diga dentro da Williams que se trata de um futuro campeão do mundo.

E há, claro, os rivais. Apostar em um campeão do mundo no momento é um chute do meio do campo. A Fórmula 1 passa por sua maior revolução técnica de todos os tempos, com a adoção de sistemas híbridos com os quais equipe alguma tem experiência. Isso quer dizer que não há quaisquer garantias de que o carro que vencer o GP da Austrália no próximo dia 16 será o melhor sequer daqui dois meses, tamanha a possibilidade de desenvolvimento ao longo do ano. E isso serve inclusive para a Red Bull, que deve sofrer no início, mas pode muito bem se recuperar e virar o jogo ao longo da temporada.

O que dá para falar com certa propriedade no momento é que a Williams andará no bolo da frente no início do ano, ao menos antes dos carros passarem por sua primeira grande “reforma” no GP da Espanha, em maio. As quatro primeiras etapas serão uma chance de ouro para os pilotos do time inglês e da Mercedes, as duas equipes que deram todos os indícios durante a pré-temporada de estarem mais bem preparados – tanto em termos de confiabilidade, quanto de velocidade.

Só uma grande revolução nas regras explica tamanho salto, se lembrarmos que a Williams foi a terceira pior equipe do ano passado. De lá para cá, além do motor, também mudaram as caras no comando técnico do time, lideradas por Pat Symonds. A estrutura já era boa e dinheiro não falta. Mas será o suficiente para a equipe se tornar uma nova Red Bull, que se estruturou para aproveitar uma mudança no regulamento e pular do meio do pelotão para a ponta? No momento, quem veste melhor essa carapuça é a Mercedes, uma vez que o projeto da Williams está muito mais verde do que o do time hoje tetracampeão mundial em 2009. Isso pesa contra, e teremos uma ideia melhor de como pode ser o ano do time de Grove em Barcelona.

Portanto, melhor não incorrer nas mesmas expectativas exageradas de alguns anos atrás em cima de Massa. O carro parece bom hoje, assim como o da Mercedes, mas isso pode mudar. Afinal, a lógica indica que, quando se fala em campeonato longo, desta vez não é só força de expressão.

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