segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O demolidor*

* Por Rodrigo Mattar

Ele já é tetracampeão, mas a sanha de Sebastian Vettel em busca de recordes e mais recordes na Fórmula 1 não pára. O piloto da Red Bull conquistou hoje no GP de Abu Dhabi talvez a sua mais enfática vitória em 2013, a sétima consecutiva na atual temporada, igualando a marca histórica do compatriota e multicampeão Michael Schumacher. Foi a 37ª vez em que o “Colosso de Heppenheim” chegou ao topo do pódio, a quatro vitórias da marca de Ayrton Senna.

Mais: trata-se do sexagésimo pódio do piloto em toda a sua carreira de 118 GPs, igualando Nelson Piquet – só que na razão de um para cada duas corridas. Querem mais? Foi o 100º pódio da história da Red Bull, hoje a equipe a ser superada na categoria. Os rubrotaurinos celebraram também a 15ª dobradinha da dupla Vettel-Webber. Talvez as parcerias Prost-Senna nos anos de ouro da McLaren e Schumacher-Barrichello na Ferrari tenham sido tão ou mais profícuas que esta que reporto agora, mas a memória não me é amiga neste momento.



E quando falo que a vitória de Vettel foi enfática na antepenúltima corrida do campeonato, basta olhar a diferença que o separou de Webber na quadriculada. Exatos 30″829, praticamente um terço da distância da pista de Yas Marina. E ainda há quem diga que só o carro faz a diferença em favor do tetracampeão. Ok, então… podem continuar acreditando nessa ladainha.

O piloto da Red Bull voltou a comemorar com estilo e deu os “zerinhos” com que celebrou o tetra em Buddh, na semana passada. Desta vez, sem a interferência da FIA, que na ocasião passada multou a equipe porque Vettel parou o carro longe do parque fechado. Agora foi diferente e ele passou incólume de uma nova reprimenda da entidade máxima do desporto automobilístico.

A corrida, em si, foi desprovida de grandes emoções diante de mais um massacre de Vettel. Nem Kimi Räikkönen, cuja participação foi posta em sérias dúvidas diante da falta de pagamento por parte da Lotus, conseguiu dar algum brilho ao GP de Abu Dhabi, como era esperado: o vencedor do ano passado largou de último em razão de uma irregularidade em seu carro e logo na primeira volta pegou uma Caterham pela proa. Fim de prova prematuro para o finlandês, que não quis nem saber: fardou-se de roupa comum, com direito a prosaicos chinelos de dedo e foi para o hotel, provavelmente chorar as mágoas dos mais de € 13 milhões que a equipe lhe deve abraçado com uma “marvada”.

Na briga pelos milhões da receita auferida às equipes pela classificação do Mundial de Construtores, a Mercedes construiu mais alguns tijolinhos de vantagem em relação à Ferrari. Com o pódio de Nico Rosberg e a apagada 7ª colocação de Lewis Hamilton, a equipe alemã chegou ao total de 334 pontos contra 323 da Ferrari, que chegou hoje ao total de sessenta e cinco corridas consecutivas com pelo menos um carro na zona de pontuação – novo recorde histórico na Fórmula 1.

A performance da equipe italiana foi mediana, mais uma vez. Massa até figurou por oito voltas em 2º lugar e Alonso andou, no máximo, na 3ª posição, vindo de décimo no grid. Mas a estratégia de tentar fazer uma só parada não deu certo para o brasileiro, que acabou na oitava posição. Alonso, que largou com pneus macios, também trocou duas vezes e no fim, fez as voltas mais rápidas da corrida. Envolvido em mais uma polêmica na Fórmula 1 – já que voltou perigosamente dos boxes após sua última parada, investindo furiosamente para cima da Toro Rosso de Jean-Eric Vergne, com direito a uma “pisada” na linha dos boxes – o espanhol ficou livre de uma punição que o teria derrubado substancialmente na classificação final da corrida. Acabou em 5º lugar, a quilométricos 1’07″181 de Vettel. A Ferrari, como dizem por aí, é apenas e tão somente uma equipe histórica.

Os demais destaques foram o ótimo 4º lugar de Romain Grosjean (quarta corrida seguida nos pontos); a Force India com seus dois carros na zona de pontuação – pela segunda corrida consecutiva, aliás, o que não acontecia desde o GP da Inglaterra; e mais uma vez Sergio Pérez salvando a honra da McLaren num dos piores anos da história do time.

E foi tudo. Agora é esperar por Austin e pela movimentação no mercado de pilotos. Hoje, o oráculo finalmente admitiu o que já se sabe há alguns dias, acerca do futuro de Felipe Massa ligado à Williams. Também saberemos se Räikkönen e a Lotus vão chegar finalmente a um acordo e se o finlandês vai de fato correr no Texas e em Interlagos, nas duas corridas finais da Fórmula 1.

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