segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Condição para Massa continuar na F-1: ter liberdade*

* Por Lívio Oricchio

Amigos, bati um longo papo ontem, por telefone, com Nicolas Todt, como vocês bem sabem o empresário de Felipe Massa.

Parte do que conversamos está no texto a seguir, disponível também, junto de outros sobre F-1, na seção
Esportes-Velocidade do portal www.estadao.com.br

O texto:

Nicolas Todt, francês, 35 anos, filho do presidente da FIA e homem de grande sucesso no automobilismo, Jean Todt, confia na permanência de Felipe Massa na Fórmula 1. Nicolas é o empresário do brasileiro e de dois outros pilotos da competição, o venezuelano Pastor Maldonado, da Williams, e o francês Jules Bianchi, da Marussia. “Felipe é o melhor piloto disponível no mercado. Nenhum outro foi vice-campeão do mundo, tem 11 vitórias, 15 poles e a experiência necessária em 2014 com o novo regulamento”.

Mas adiantou nessa entrevista exclusiva ao Estado que o fator principal que o está orientando nas negociações é a liberdade que Massa deverá ter. “Devemos muito a Ferrari. Não teríamos tanto apoio em nenhum outro time. É verdade, também, que situações como a vivida em Monza, sábado, dentre as muitas experimentadas na Ferrari, comprometem a capacidade de um piloto obter resultados.”

O francês diz entender que um piloto tenha mesmo de trabalhar para a equipe se o companheiro está mais bem colocado no campeonato. “Mas quando Massa saiu do carro depois da classificação, na Itália, e realizou um trabalho melhor que o de Fernando (Alonso), em vez de ser cumprimentado quiseram entender por qual razão Felipe não ajudou Fernando.”

Massa não reduziu a velocidade para permitir a aproximação de Alonso, o que daria ao espanhol a oportunidade de fazer a volta no vácuo de seu carro, melhorando a marca. Na sexta-feira os dois ensaiaram a manobra nos treinos livres. Alonso reclamou no rádio questionando porque Massa estava tão à frente, o que o impediu de pegar o vácuo.

“Essas questões em que você não pode fazer o seu trabalho porque tem de pensar, primeiro, no êxito do companheiro desestabilizam um piloto”, explica o empresário. “É por isso que se assinarmos com outra escuderia terá de ficar bem claro que Felipe não terá de servir a ninguém.”

Outro exemplo em que a obrigação de ser útil a Alonso compromete a chance de uma melhor classificação é nos pit stops das corridas. “Felipe não pode fazê-los no instante em que estrategicamente seria o mais indicado para ele porque primeiro são atendidas as necessidades de Fernando.”

Preocupado em não ferir Stefano Domenicali, diretor da Ferrari, Nicolas volta ao tema: “A melhor opção para nós e qualquer piloto seria permanecer na Ferrari. Mas que não tivéssemos de pensar em nós mesmos apenas depois de ajudar o outro piloto conquistar o melhor resultado”.

É importante esclarecer, diz Todt, que não é por essa razão apenas que Massa soma bem menos pontos que Alonso. “Porém ajuda muito a explicar. Quero, agora, Felipe com a cabeça livre se continuarmos na Fórmula 1. Tenho certeza de que o veremos diferente.”

O interesse de Todt em garantir um lugar para seu piloto provém da gana que diz sentir em Massa. “Ele realmente está disposto a mostrar que é ainda o mesmo piloto que não foi campeão, em 2008, lutando contra um adversário do nível de Lewis Hamilton, por um ponto, apenas.” Se Massa tiver nova oportunidade, numa atmosfera diferente da dos últimos anos, Todt pensa que as pessoas irão se surpreender com seu desempenho. “O psicológico na Fórmula 1 conta tanto quanto o técnico”, afirma.

Todt pede a palavra: “Gostaria apenas de reforçar que não temos nada contra a Ferrari, pelo contrário. Se Felipe é hoje um piloto consagrado deve a Ferrari, que lhe deu tudo, mesmo em momentos bem difíceis. Estou apenas dizendo que Felipe é mais do que vimos nos últimos anos, mas não pôde demonstrar”.

Os caminhos para Massa e Todt são poucos. “Teria de ser num time que desse a chance de Felipe mostrar melhor seu valor. Comecei a trabalhar há dois dias, depois de saber que não ficaríamos na Ferrari.” Confirmou estar conversando com Eric Boullier, diretor da Lotus, dentre outros, sem dizer quem. “Já tivemos uma primeira conversa, agora está nas suas mãos. Vamos precisar de algumas semanas para ter a definição.”

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