sexta-feira, 19 de julho de 2013

O verdadeiro problema*

* Por Luis Fernando Ramos


A questão dos pneus parece ter sido resolvida com as mudanças iniciadas em Nürburgring e que estão sendo testadas nestes dias em Silverstone para serem ratificadas no próximo GP da Hungria. O título da temporada também parece bem encaminhado para um infalível Sebastian Vettel. Sem grandes questões esportivas para acontecer em 2013, é hora da Fórmula 1 olhar com carinho para algo mais importante: sua própria estrutura.

Os sinais estão por todos os lados: a Sauber precisou abrir suas portas para Sergey Sirotkin, um piloto russo de 17 anos e resultados discretíssimos nas categorias de base para garantir sua sobrevivência. É a mesma equipe que, no passado, empregou novatos apenas pelo talento, como Kimi Raikkonen, Felipe Massa e Robert Kubica. Agora, é mais uma que atua vendendo cockpits para quem puder pagar mais, como fazem muitas outras do grid.

Mas é errado culpar a Sauber (ou a Williams, a Caterham, a Marussia, etc). Não é de hoje que se discute no paddock a introdução de um teto no orçamento gasto na temporada, o que garantiria um bom funcionamento dos times menores e mais competitividade. Mas as equipes grandes como Ferrari, Red Bull, Mercedes e McLaren fogem disso como o diabo da cruz. Donas de orçamentos generosos, sabem que o poder financeiro lhes garante uma superioridade esportiva.

O pior é que o pensamento delas é premiado, literalmente, pelo sistema de premiações de Bernie Ecclestone, que reserva fatias enormes para as equipes mais bem colocadas no Mundial de Construtores e algumas migalhas para as piores colocadas. Este sistema tende a criar uma espécie de “Campeonato Espanhol” dentro da F-1, onde apenas dois ou três times possuem o poder financeiro necessário para lutar pelo título da temporada. Fica uma coisa sem graça.

A solução, simples até, seria criar um teto orçamentário, aumentar a fatia do lucro da F-1 reservada para as equipes e fazer com que partes iguais fossem distribuídas para ela. Isto seria possível se todos os times se unissem. Mas Ecclestone já aprendeu faz tempo que basta prometer um privilégio para a Ferrari aqui, outro para a Red Bull ali e uma pretensa união vai por água baixo, mantendo o esquema que interessa apenas a ele - e aos times poderosos.

Quem perde com isso é a própria Fórmula 1.

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