terça-feira, 16 de julho de 2013

A arte de sobreviver*

* Por Luis Fernando Ramos


A Sauber anunciou nesta manhã na Europa um acordo com um fundo de investimentos estatal russo. Em meio às notícias de uma severa crise financeira atingindo a equipe suíça, a novidade indica que seu futuro na categoria está assegurado, o que é uma ótima notícia para a Fórmula 1. Das equipes atuais do grid, ela é a quarta há mais tempo na ativa - deixando de lado, claro, a longa novela do nome “Lotus” e a relação zero entre o time atual de Enstone e o dos tempos de Colin Chapman.

O ponto mais interessante do anúncio está na criação de um programa para preparar o russo Sergey Sirotkin, atual oitavo colocado na Renault World Series, para virar piloto da Sauber em 2014. Fica a pergunta: um piloto apenas mediano entrando no lugar de quem? As notícias são que Nico Hülkenberg não vinha recebendo do time em dia e se liberou de seu contrato atual, correndo agora numa base “free-lance”. Vendo alguma lógica no potencial cenário do mercado de pilotos, ele seria um forte candidato para a Lotus se for confirmada a ida de Kimi Raikkonen para a Red Bull.

Fica a dúvida se a Claro permaneceria na Sauber apoiando Esteban Gutierrez. O tímido mexicano está tendo resultados ainda mais tímidos nas pistas. É, para mim, a maior decepção da temporada até aqui - mas nem tão grande assim depois que eu baixei minhas expectativas em cima dos resultados discretos que ele teve em duas temporadas na GP2. Talvez Carlos Slim resolva colocar todas suas fichas em Sergio Perez na McLaren, o que abriria a vaga de Gutierrez na Sauber para Sirotkin ou um outro piloto.

Dito tudo isso, ainda não está claro se a Sauber conseguirá manter a mesma combinação dos últimos anos, com um piloto mais experiente que receba para correr com um jovem pagante. Ou se terá dois pilotos pagantes e, no caso de uma parceria Sirotkin/Gutierrez, de qualidade bastante questionável. Em face ao cenário de recessão que se abate sobre os pelotões do meio e do fundo do grid da F-1, uma decisão compreensível. Mas que seria uma pena para uma casa que abriu as portas da categoria para um Kimi Raikkonen e para pilotos que venceriam GPs como Heinz-Harald Frentzen, Felipe Massa e Robert Kubica.

Já passou da hora da Fórmula 1 buscar uma maneira de reequilibrar seus custos para atrair novos pilotos por merecimento técnico, não financeiro.

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