segunda-feira, 27 de maio de 2013

Mercedes ratifica seu favoritismo em Mônaco*

* Por Lívio Oricchio



Ainda em Barcelona, depois da corrida, há duas semanas, Kimi Raikkonen, da Lotus, segundo colocado, a exemplo de outros pilotos, afirmou: “A Mercedes é a favorita para vencer o GP de Mônaco. Eles têm o carro mais rápido hoje da Fórmula 1, naquele circuito o desgaste de pneus é pequeno e as ultrapassagens muito difíceis.” Foi uma profecia. Ontem Nico Rosberg deu ao time alemão, no tumultuado GP de Mônaco, a primeira vitória na temporada.

A vantagem da Mercedes foi tão grande que o seu companheiro, Lewis Hamilton, só não foi o segundo colocado porque a entrada do safety car, na 30.ª volta de um total de 78, permitiu que Sebastian Vettel e Mark Webber, da Red Bull, o ultrapassassem na operação de pit stop para terminar em segundo e terceiro. Hamilton acabou em quarto.

Mas nem tudo ocorreu bem para a Mercedes. Ontem de manhã as demais escuderias souberam que Rosberg e Hamilton realizaram mil quilômetros de testes para a Pirelli, fornecedora de pneus da Fórmula 1, em Barcelona, logo depois do GP da Espanha. A Red Bull fez um protesto formal e a Ferrari pediu esclarecimento à FIA. Ficou no ar um sentimento de traição. Um acordo estabeleceu a proibição dos treinos particulares durante o campeonato.

“A sensação de vencer onde cresci, estudei e resido é incrível”, descreveu Rosberg. Oficialmente é alemão, mas também tem nacionalidade finlandesa, por causa de seu pai, Keke Rosberg, campeão do mundo de 1982, pela Williams, e até hoje vive no Principado. Uma curiosidade: há exatos 30 anos, Keke também foi primeiro no GP de Mônaco. Nico e Keke formam o primeiro caso de pai e filho a vencerem no Principado.

“É muito especial ouvir isso, mas honestamente não foi o que pensei na hora. Tivemos na equipe momentos tão difíceis ultimamente. Largamos nas três últimas provas na pole e depois caímos tanto na corrida. Por isso estava feliz mesmo por vencer”, explicou Rosberg. Evitou o tema que dominou o domingo, em Mônaco, o teste secreto de seu time. “Não vou falar sobre isso.”

Rosberg venceu em condições bem difíceis: teve de administrar por duas vezes a entrada do safety car e até mesmo a interrupção da prova, na 45.ª volta, por causa de um acidente provocado por Max Chilton, da Marussia, envolvendo Pastor Mandonado, Williams, e seu companheiro de Marussia, Jules Bianchi. A pista na curva da Tabacaria ficou interrompida com o deslocamento das proteções de plástico em frente o guardrail.

Hamilton o acompanhava de perto, em segundo lugar, quando na 30.ª volta Felipe Massa, da Ferrari, sofreu acidente quase idêntico ao de sábado de manhã, no mesmo ponto, a primeira curva (leia a reportagem sobre o ocorrido). O safety car entrou na pista. Hamilton deveria ter entrado no box da Mercedes para o pit stop 6 segundos depois de Rosberg. Ross Brawn, diretor técnico, não queria os dois carros parados no boxes, as chances de os mecânicos errarem seria grande, sentem-se muito pressionados.

“Eu entrei um pouco mais tarde (7 segundos e meio) e perdi duas posições. Não dá para usar a desculpa do safety car, simplesmente não fui eficiente hoje”, afirmou o inglês. Foi a terceira vez seguida que largou atrás de Rosberg. Uma surpresa até agora.

O segundo lugar deixou Vettel bastante feliz. “Sabíamos que seria difícil ultrapassar as Mercedes durante a corrida. Esses 18 pontos são ótimos, principalmente porque Kimi (Kimi Raikkonen, da Lotus) e Fernando (Fernando Alonso, da Ferrari) chegaram bem atrás de mim”, disse o tricampeão do mundo, cada vez mais líder do Mundial. Raikkonen, vice-líder, ficou em décimo e Alonso, terceiro, em sétimo. Vettel soma 107 pontos diante de 86 do finlandês e 78 do espanhol.

Alonso esteve irreconhecível. Largou em sexto e foi ultrapassado por Adrian Sutil, da Force India, ótimo quinto colocado na prova, e Sergio Perez, da McLaren, que abandonou por colidir com Raikkonen. “Há pilotos sem compromisso com a luta do título que não têm a perder numa disputa. Se eu tivesse fechado a porta para Sutil e Perez não teria somado 6 pontos e um campeonato às vezes é decidido por 1 ponto”, argumentou o piloto da Ferrari. “Aqui em Mônaco não tivemos bom ritmo no sábado, na classificação, e mesmo na corrida.” Atacou duramente Perez: “Só a McLaren vê suas qualidades. Basta ver o carro que está estacionado lá na Rascasse e o que aconteceu com Kimi”.

A próxima etapa do campeonato é o GP do Canadá, sétimo do calendário, dia 9 de junho, no circuito Gilles Villeneuve, em Montreal. Nos próximos dias, no entanto, a grande discussão na Fórmula 1 será sobre o teste da Mercedes para a Pirelli. Há a tendência de que todos, este ano, possam realizar o mesmo treino com os carros deste ano.

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