sexta-feira, 26 de abril de 2013

SP INDY 300 2013: A PRIMEIRA VEZ É INESQUECÍVEL *

* Texto de Débora Longen

Os preparativos pareciam os mesmos do ano passado. Separar boné, capa de chuva, protetor solar, salgadinhos, celular, documentos e outros artigos básicos numa mochila, dormir tarde, "acordar cedo, tomar café, senão ia ficar de pé", arcar com a função de ajudar o Álvaro, ser ajudada por ele... e ter que se achar num lugar específico dentro da cidade que mais gosto nesse país. Porém, algumas coisas estavam diferentes dessa vez, já que eu estava indo pra um outro lugar, pra ver a Indy em vez da F1, já que meu irmão estava comigo e o Álvaro apareceria apenas como um bom amigo. Ou seja: voltei a ser totalmente ASPIRA, e não lembrava como isso era divertido!

Noite de sexta - Trabalhei até 22h, como sempre. A mochila usada na viagem era a mesma que uso no trabalho, então precisei chegar em casa e só depois pensar em organizá-la. Considerando que também precisava comer, lavar a louça, tomar banho, ajudar o Filipe com a mochila dele e cuidar pra não esquecer nada da listinha que fiz às pressas, só consegui deixar tudo pronto perto das 2h da manhã. Ainda precisava vir pra internet. Fui dormir às 2h20.

Manhã de sábado - Acordei 5h30 e chamei o mano. O pai chegaria do trabalho perto das 6h pra gente sair. Precisávamos estar em Navegantes antes das 7h pra pegar o vôo da Gol 7h40. E chegamos, meio mortos de sono, mas chegamos. Tentei ligar pro Álvaro, como combinado, mas ele não me atendia. Desisti. A voada foi tranquila, 50 minutos até Congonhas, provavelmente a viagem mais rápida que já fiz. Já em Congonhas, o negócio era esperar até umas 9h30, quando deveria chegar o nobre niteroiense, e irmos juntos pro Anhembi. Com o passar dos minutos, parecia que o saguão de desembarque ficava cada vez mais tenso. Com o passar das HORAS, comecei a cogitar a possibilidade de meu acompanhante ter tido algum problema. Em duas das vezes que liguei pra ele, o telefone chamou até cair. Nas outras dezoito, reto pra caixa postal. Liguei pra casa do hômi e fiquei sabendo da proeza que ele conseguira: esquecer em casa "apenas" os ingressos. Segundo minhas fontes, ele conseguiu voltar em casa, pegar os ingressos, trocar de vôo e estaria chegando a qualquer momento. Infelizmente pra nós, o "qualquer momento" passou de meio-dia. O treino de classificação era às 14h, já tínhamos perdido toda a graça da companhia dos amigos e todo lugar decente do setor B. Restava-nos apenas lutar pra chegar lá antes do treino, pra que não fosse tudo em vão.

Tarde de sábado (antes do treino) - Por mais que eu goste de São Paulo, a falta de informação dos organizadores de grandes eventos é algo que merece sim ser comentado. Velho, ninguém sabia nada! Estive de olho na internet o tempo todo buscando informações sobre transporte pro Anhembi, sabia que o serviço Atende disponibilizaria vans pra transportar pessoas com mobilidade reduzida desde o aeroporto até o circuito. Mas foi um sofrimento pra encontrar. E aí caímos na velha história do "labrador que não anda guiando um condutor que não vê". Foi preciso ir e voltar pelo mesmo caminho, fazer curvas, subir, descer... mas achamos a van (vou ouvir um Amém?? AMÉM!!). A primeira van nos levou até o portão 20 do Anhembi e lá nos largou. Ninguém por ali sabia o que devíamos fazer a seguir. Eu só sabia que precisava achar uma bilheteria pra pegar meus ingressos - que a "merda" do LivePass não quis entregar na minha casa -, mas nem sabia pra que lado seguir. É foda a gente querer participar de um evento desse porte e precisar pedir ajuda pra CIDADÃOS pra encontrar os lugares porque ninguém da organização se digna a dar uma orientação decente. Felizmente as pessoas se solidarizam nessas horas, talvez por já terem passado pela mesma coisa antes, e ajudam.

Uma observação não tão importante, meio engraçada e que vai ficar pra sempre na cabeça do Filipe: a caminho da bilheteria, o mano, inexperiente guia de cadeira de rodas conseguiu derrubar o Álvaro no chão. Ninguém se feriu, só o mano ficou assustado e eu ri bobamente enquanto uns camaradas guinchavam o cara de volta ao lugar. A queda? Culpa do guia, por estar andando mais rápido do que precisava, mas principalmente da calçada irregular. A gente muda de cidade, de Estado, de região, e parece que o problema é sempre o mesmo, tanto pra quem mal enxerga quanto pra quem não anda: CAL-ÇA-DAS. Alô, prefeitura! O Anhembi é um centro de eventos internacional ou não é? Fiquem ligadinhos que esse ano tem eleição!

Já com os ingressos na mão, a próxima luta era pra chegar até o setor. Novamente, todos os que deveriam poder ajudar usavam do joão-sem-bracismo pra se livrar daquele PROBLEMA. Com uma informação catada aqui e ali, descobrimos que era preciso atravessar a passarela sobre a pista, e que, pra cadeirantes, haviam elevadores hidráulicos em vez de escadas. Sem a menor confiança em quem nos ajudava, subimos e descemos enquanto o tempo passava rápido e a hora do treino se aproximava. Do outro lado da passarela, mais uma van; esta deveria nos deixar já no B. Deveria. Largou-nos perto de um elevador convencional que - ufa! - nos levaria até as arquibancadas. Tudo lindo, não fosse o fato de o elevador parar apenas no segundo andar. A gente não sabia onde estava, acabamos indo pro segundo andar mesmo. Lá nos perguntaram se nosso destino era o "camarote do setor B". Pensamos haver um engano, porque nosso ingresso era comum, dos mais baratos, nada de camarote. Só que o elevador não ia ao primeiro andar, onde deveríamos ficar. Então pense num grupo de bombeiros - acho que eram bombeiros - descendo uma cadeira de rodas por três lances de escadas, só com a cara e a coragem. Pois é. E, o mais legal: quando chegamos finalmente ao nosso destino, alguém disse que o que chamavam de camarote era apenas a parte superior da arquibancada, e que a gente poderia ter ficado lá.

Tarde de sábado (treino) - Chegar lá faltando cinco minutos pra começar o último dos treinos do dia não fazia parte dos meus planos. Ter o acesso às arquibancadas bloqueado pela organização também não. Segundo eles, haviam lugares específicos pra cadeirantes. Ora, então ano que vem, quando forem fazer o mapa de preços por setor, não escrevam "acessibilidade", e sim "acessibilidade parcial", assim não vamos mais prometer ficar junto dos nossos amigos e pronto. Antes de viajar, eu já tinha decidido que, se algo assim acontecesse, eu pediria licença ao Álvaro e subiria pra arquibancada com meu irmão. Era a primeira vez do Filipe num evento automobilístico, não seria justo com ele privá-lo das coisas mais legais se o Álvaro estivesse bem. Mas, como chegamos em cima da hora, era meio inútil ter todo o trabalho de subir pra descer logo depois. Essas coisas são complicadas pra nós também, nós que quase não enxergamos. Então ficamos lá. Não choveu, o clima estava ameno, o treino foi bacana, o filho da puta do Power fez a pole, o Spider largaria lá no cu da cobra e vi os olhinhos do meu irmão brilhando ao ver os carros voando baixo ali na frente dele.

Tarde de sábado (depois do treino) - Acabada a sessão, começaria novamente nosso calvário. Mas foi muito mais tranquilo, graças principalmente à ajuda do amigo Maradona, morador de Sampa, foi mais fácil. Ele enxergava melhor do que eu e andava melhor do que o Álvaro. Não consegui levar o Filipe pra andar de trem, como prometi, porque estava garoando na volta e fomos aconselhados a fazer só os caminhos necessários. Ainda bem que o metrô saindo do Tietê faz um trecho por terra, então deu pra ele ter uma noção básica. E dali pra frente, foi tudo tranquilão, chegamos na Av. São João antes das 17h.

Noite de sábado - Por estarmos todos famintos (em jejum, diga-se), comer era uma prioridade no hotel. No já conhecido esquema da rede Formule One, escolhemos cada um um prato e pedimos que esquentassem no micro-ondas. E ali, naquela banalidade de esperar a comida ficar pronta, um cara nos parou, nos reconheceu. Quem? Se ele não dissesse, eu jamais saberia: o Verde! Dono do Bandeira Verde, blogueiro fodão, gente boa por demais e moderador da F1 Brasil, nossa "rival", disse ter reconhecido a gente da SporTV, daquela matéria de quase um ano atrás. Lamentou por pertencermos mais ao outro fórum, fofocamos um pouco uns dos outros e ele soltou um "que merda" quando eu disse que não estamos mais namorando. Temos foto com ele também, essa postarei em breve, pra me exibir. Quanto à comida do micro-ondas, foda-se ela, foda-se a fome, o sono, e Viva o Verde!

Manhã de domingo - Dessa vez ninguém esqueceria ingresso nenhum. Acordamos 5h da manhã, arrumamos tudo, fechamos a conta do hotel, fomos pra República e pegamos o metrô. Na Sé, encontramos um cara vindo da balada, totalmente torto de bêbado - o Álvaro atrai pessoas iguais a ele u.u - que se dispôs a ajudar no que fosse preciso. Sorte que a namoradinha dele ameaçou ir pra casa (de vergonha, né?), ele pegou de volta o copo que deixara com o Filipe e foi correndo atrás, porque penso que ele poderia ser um guia pior do que eu, ou não, hehe

Novamente, aquela via sacra pra chegar ao Anhembi. Dessa vez, felizmente, ninguém caiu. Mas um dos elevadores hidráulicos demorou cerca de meia hora pra ser liberado. O Warm-Up acontecia, a chuva apertava, ficamos parecendo idiotas e a garganta do Filipe ainda tá inflamada. Tínhamos decidido que, no domingo, ficaríamos com o pessoal da GGOO!, já que chegamos mais cedo. O plano era esse no sábado também, mas não rolou por causa da hora. O elevador que deveria nos levar ao dito "camarote" estava quebrado, bem legal, mas a decisão já tinha sido tomada, ninguém ia sossegar antes de chegar lá. Pois foi mais uma turma subir vários lances de escada com o Álvaro, até alcançarmos o lugar desejado. Uma vez lá, descobrimos que não tinha jeito de subir um cadeirante lá, que a arquibancada era estreita demais e que ninguém queria se comprometer, novamente, com esse PROBLEMA.

Tinha encontrado o Igor, da GGOO!, lá na parte coberta do setor. Ele disse que estavam lá fugindo da chuva e que subiriam depois. Mas eu disse que, se fosse preciso, subiria a arquibancada só com o Filipe, e foi o que fiz. Achamos um lugar excelente lá em cima, bem no alto, e só aí pude sentir o que é a estrutura do Anhembi, de fato. Arquibancada de alvenaria, mais sossegado pra ficar sentado o dia todo, sem falar do telão bem na nossa frente. Foi lá de cima que vimos a apresentação das motos e tomamos muito vento pelo lado da cara. Problema era encontrar por lá o pessoal da GGOO!, sem enxergar direito. Quase onze horas, a chuva já tinha parado há tempos e nada dos meninos. Pra melhorar tudo, meu celular sem crédito, até pra ligar a cobrar! Pensamos "Ficar sozinhos aqui vai ser chato, apesar de o lugar ser bom. Sem a turma, não tem a menor graça" e saímos à procura do Roque. Tivemos ajuda de um policial, que saiu pela parte alta do B procurando a GGOO! junto com a gente, e nada. Até que dei a ele o número do celular do Roque. Aí você pensa a cena "É o Augusto Roque? Aqui é da polícia militar, só um instante..." hahahah Soubemos então que o Roque, o Igor e mais gente que não lembro o nome continuavam lá na parte coberta, que iriam ficar lá, então saímos escada abaixo atrás do policial pra encontrar os caras. Encontramos, agradecemos ao policial, subimos com eles até a área coberta e assistimos a apresentação da Truck. E ficamos lá com eles até o fim do dia.

Tarde de domingo - Ao meio-dia, quando Luiza Possi entoou o hino dos EUA, sabíamos que a hora da verdade estava chegando. E quanto mais a piazada da arquibancada gritava "Sabrina, eu te amo!" "Vai dar uma bandeirada lá em casa!" e outros elogios, mais sabíamos que a hora tinha chegado. O vôo rasante dos caças foi algo inesquecível, alucinante, melhor que várias partes da corrida, uma benção pro fim de semana inteiro. Recomendo muito! E depois, a transmissão-lixo da Band, com o babaca do Luciano do Valle da Morte. Dava pra ouvir e ver tudo pelo telão, um custo-benefício excelente. Só o Do Valle que é insuportável mesmo. Ao longo do fim de semana, chamou o Ryan de Rei Hunter, o James de Rit-Clit e, a melhor, misturou Hunter-Reay com Rahal e criou o Hunter-Rahal. Fuuuuuu-são! Rá! --' O feio, chato e burro do Power ganhou - como ganhou todas as anteriores aqui - e o Spider conseguiu um 4º lugar de encher os olhos. A Bia tava possuída por algum espírito muito doidão... e os meninos da KV também foram bem, foi uma boa prova.

Terminada a corrida e a cerimônia do podium, tentamos juntar o pessoal da GGOO! pra foto oficial, mas justamente o cara que estava com a minha camiseta - prometida desde o ano passado - parece que saiu voado pra casa, e levou minha camisa junto. Começo a ter dúvidas se essa camiseta realmente existe ou se é um truque da GGOO! pra me prender a eles. Mas a foto aconteceu, mesmo sem o Stik.

Conclusão - Se você quer ir assistir a um evento de automobilismo internacional sem precisar tomar sol e chuva na cabeça, pagando bem menos que na F1 e ainda com telão à disposição e várias atrações legais ao longo do dia, eu indico, sim, a Indy. Os carros são lindos, o circuito é legalzinho e até o clima é mais "família" do que a F1. Mas não vou deixar de pensar em ir pra Interlagos esse ano por causa disso. A Fórmula 1 também tem muitos atrativos, tem mais gente conhecida, tem a festa pra galera que dorme na fila, tem um certo "glamour" por ser num lugar tão tradicional, e é claro, o "Desce, filho da puta!" nostro de cada dia. São eventos diferentes que me atraem por razões diferentes. Agora quero ir na GT Brasil daqui a um mês e ver o que vai me atrair lá.

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