quinta-feira, 25 de abril de 2013

O exemplo da McLaren*

* Por Luis Fernando Ramos




Os fãs da Fórmula 1 assistiram admirados no último domingo ao duelo entre Jenson Button e Sergio Perez, ambos pilotos da McLaren, durante cerca de 40 voltas. Uma briga no limite - às vezes até acima dele, com os carros se tocando levemente em três ocasiões, sem consequências maiores. Duas corridas depois da categoria ficar envolvida numa polêmica sobre ordens de equipe, quem gosta do esporte respirou aliviado.

Vale lembrar: nas voltas finais do GP da Malásia, Red Bull e Mercedes ordenaram via rádio que seus pilotos mantivessem as posições. Não funcionou no time anglo-austríaco porque Sebastian Vettel desobedeceu. Todo mundo julgou a atitude do alemão, poucos a do time em interferir na disputa tão cedo no campeonato.

Pois este é o ponto central da questão. Numa fase decisiva do campeonato, é normal quem não está na briga pelo título ajudar o companheiro de equipe que está. Mas é preciso haver bom senso. Se olharmos historicamente, as ordens de equipe que geraram polêmica foram as que interviram na disputa pela vitória de uma corrida no início ou no meio de um Mundial: Áustria 2002, Alemanha 2010 (ambas na Ferrari) ou Malásia 2013 (na Red Bull e na Mercedes).

Legal ver a McLaren esfregar na cara de todas elas o quanto é bom deixar a disputa correr solta. Perez estava mais rápido que Button no Bahrein e poderia ter chegado uma posição à frente da que chegou tivesse o time ordenado que o inglês deixasse o mexicano ultrapassá-lo sem luta. O próprio Button poderia ter economizado pneus se não brigasse com Perez e, com isso, teria feito uma parada a menos e terminado a prova em oitavo ao invés do décimo lugar.

Mas o time de Woking não vai chorar estes cinco pontos jogados fora. Mesmo que, no final do ano, eles signifiquem a diferença entre uma posição acima no Mundial de Construtores e, por consequência, um prêmio maior na distribuição dos lucros da Fórmula 1. Afinal, atitudes como esta mostram que, na cabeça de seus líderes, o esporte ainda vem antes do dinheiro. Sorte nossa.

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