quarta-feira, 3 de abril de 2013

Massa pode bater recorde histórico no GP da China*

* Por Lívio Oricchio


Olá amigos,

Em determinado instante da viagem de volta da Malásia, semana passada, tentei me lembrar quantas vezes um companheiro de equipe largou quatro vezes seguidas na frente de Alonso, como fez Felipe Massa em Sepang. Recordava de Hamilton, em 2007, mas não de Trulli. Fiz uma pesquisa demorada no site oficial da competição www.formula1.com para encontrar a resposta. Esse estudo me permitiu obter um raio x do retrospecto do espanhol com os parceiros.

A seguir, os dados compilados desse trabalho. Repare no placar do grid em 2004, quando Trulli largou mais vezes na frente de Alonso (7 x 8) e também recebeu a bandeirada da corrida em mais ocasiões na sua frente (6 x 8), embora fizesse menos pontos no Mundial. Já Hamilton ganhou com folga a luta do placar do grid (7 x 10), mas chegou mais vezes atrás nas corridas (11 x 6), o que não quer dizer ficar atrás no campeonato.

As provas em que Alonso e o companheiro se retiraram não computei no placar das corridas, daí a diferença entre o número de etapas do calendário e o placar das corridas. Mais: 2002 não consta nesse quadro por Alonso tornar-se piloto de testes da Renault depois do ano de estreia na Minardi, em 2001. Em 2003 o espanhol assumiu como titular da Renault.

O texto aborda a proeza de Massa, que pode se tornar recordista nesse ranking estranho, no GP da China, dia 14, se largar na frente de Alonso. E também resgata o tema de minha conversa com os amigos italianos da Gazzetta dello Sport, sobre as mudanças de humor e desempenho do espanhol quando o companheiro se mostra mais eficiente.

Abraços!

Histórico da disputa de Alonso com os nove companheiros de equipe em 11 temporadadas de F-1, de 2001 a 2012

Ano
Equipe
Companheiro (s)
Placar do grid
Placar das corridas

Mundial
2001
Minardi
Tarso Marques
Grid
12 x 2
Corrida
6 x 4
Alex Yoong
Grid
3 x 0
Corrida
2 x 0
Todos sem pontos

2003
Renault
Jarno Trulli
Grid
11 x 5
Corrida
10 x 5
6.º Alonso 55 pontos
8.º Trulli 33 pontos

2004
Renault
Jarno Trulli
Grid
7 x 8
Corrida
6 x 8
4.º Alonso 59
J. Villeneuve
Grid
2 x 1
Corrida
3 x 0
6.º Trulli 46
Villeneuve não pontuou

2005
Renault
G.Fisichella
Grid
15 x 4
Corrida
14 x 3
1.º Alonso 133
5.º Fisichella 58

2006
Renault
G.Fisichella
Grid
11 x 7
Corrida
14 x 3
1.º Alonso 134
5.º Fisichella 72

2007
McLaren
Lewis Hamilton
Grid
7 x 10
Corrida
11 x 6
2.º Hamilton 109 pontos
3.º Alonso 109

2008
Renault
Nelsinho Piquet
Grid
18 x 0
Corrida
13 x 3
5. Alonso 61
12.º Nelsinho 19

2009
Renault
Nelsinho Piquet
Grid
9 x 1
Corrida
8 x 2
9.º Alonso 26
Romain Grosjean
Grid
7 x 0
Corrida
5 x 1
Nelsinho e Grosjean não pontuaram

2010
Ferrari
Felipe Massa
Grid
15 x 4
Corrida
15 x 4
2.º Alonso 252
6.º Massa 144

2011
Ferrari
Felipe Massa
Grid
15 x 4
Corrida
16 x 3
4.º Alonso 257
6.º Massa 118

2012
Ferrari
Felipe Massa
Grid
18 x 2
Corrida
18 x 2
2.º Alonso 278
7.º Massa 122

O texto
No GP da Malásia, dia 24, Fernando Alonso disputou o 200.º GP da sua brilhante carreira. Desde a estreia na Fórmula 1, em 2001, pela modesta Minardi, até hoje, na mítica Ferrari, esse espanhol de 31 anos teve nove companheiros de equipe. Quase sempre os venceu, tanto na disputa por melhores colocações no grid como na classificação das corridas e no Mundial de Pilotos.

Apenas duas vezes experimentou uma condição como a atual: ficar atrás do companheiro quatro vezes seguidas. Felipe Massa foi mais veloz no treino que definiu o grid nos dois últimos Gps de 2012, Estados Unidos e Brasil, e nas duas primeiras etapas este ano, Austrália e Malásia. “Recuperei minha confiança e me sinto à vontade no atual carro da Ferrari”, afirmou Massa, em Sepang, na Malásia.

Se Massa conseguir largar na frente de Alonso também no GP da China, próxima corrida do campeonato, dia 14, baterá uma marca histórica: nunca um companheiro foi cinco vezes seguidas mais rápido que o bicampeão Alonso, reconhecidamente um dos maiores pilotos da história da Fórmula 1.

Em 2004, Alonso e o italiano Jarno Trulli compartilharam o time da Renault. Do GP da Espanha, quinto do calendário, ao do Canadá, oitavo, Trulli sempre largou na frente: 4.º x 8.º em Barcelona, 1.º x 3.º em Mônaco, 3.º x 6.º no GP da Europa, em Nurburgring, e 3.º x 5.º em Montreal.

O mesmo fez Lewis Hamilton com Alonso quando foram explosivos parceiros na McLaren, em 2007. O inglês venceu o duelo do grid da prova do Canadá, sexta do ano, à da Grã-Bretanha, nona: 1.º x 2.º em Montreal, 1.º x 2.º em Indianápolis, 2.º x 10.º, em Magny Cours, na França, e 1.º x 3.º em Silverstone.

Superar o companheiro de equipe é algo relativamente comum na Fórmula 1, em especial nas melhores escuderias, onde o nível dos pilotos, em geral, se assemelha. “Mas quando quem está em jogo é Fernando (Alonso), a história é outra. Fernando é excepcional, mas não lida bem quando o parceiro o vence”, comentou Jackie Stewart, ex-piloto três vezes campeão do mundo, ao Estado.

É exatamente essa característica do asturiano de Oviedo que lança sobre a definição do grid do GP da China enorme expectativa. A imprensa italiana, como o diário esportivo Gazzetta dello Sport, associou a decisão equivocada de Alonso permanecer na pista de Sepang com o aerofólio dianteiro solto ao desconforto emocional gerado por Massa estar sendo mais rápido nas classificações. Na Austrália, até mesmo na corrida.

Na Malásia, Alonso errou e tocou na traseira da Red Bull de Sebastian Vettel ainda na primeira curva, o que não é habitual. Stefano Domenicali, diretor da Ferrari, chamou para si a responsabilidade pela decisão que custou o abandono de Alonso, em razão de perder o controle do carro por causa da perda do aerofólio: “Nós dissemos que ele poderia tentar permanecer na pista com o aerofílio naquela condição”.

Mas é bem verdade que quando Alonso encontra um companheiro eficiente nem sempre responde com o seu melhor, a exemplo da temporada de 2007, quando estabeleceu uma guerra dentro da McLaren por Hamilton, um estreante na Fórmula 1, lhe superar em várias ocasiões. No fim do ano, o jovem inglês venceu a disputa do grid por 10 a 7. O mesmo descontrole emocional de Alonso pode estar se manifestando agora novamente.

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