terça-feira, 19 de março de 2013

Pílulas do Dia Seguinte*

* Fábio Seixas


Mesmo com a vitória, não acho que Raikkonen seja candidato ao título. Sacadas estratégicas não acontecem todos os dias. E é bom lembrar que ele saiu do sétimo lugar do grid. Ou seja, não tem um carro dos mais velozes. Numa situação “convencional”, lutaria pelo pódio e olhe lá. Ainda acho que, em dias normais, o finlandês vai brigar com a dupla da Mercedes, com Massa e com Webber. Com enormes chances de ser novamente terceiro na tabela;

Isto dito, admito que eu adoraria queimar a língua (e os dedos). Ver Raikkonen disputando o título no final do ano seria assistir ao triunfo do talento nato;

Domenicali falou mais ou menos nesta linha. Reconheceu os méritos do finlandês e da Lotus, mas acha que esse tipo de “pulo do gato” é passageiro: “Temos que ser prudentes nas análises, porque esta foi apenas a primeira corrida. Muitas coisas mudarão nas próximas semanas em termos de compreensão dos carros, de preparação para os GPs, de administração dos pneus”;

E a McLaren? A situação por lá é tão feia que houve quem cogitasse levar os carros de 2012 para a Malásia. Whitsmarsh acabou descartando a ideia, mas é um poço de desânimo: ”Depois de um final de semana como este, eu estaria falando besteira se dissesse que os engenheiros estão confiantes”.

Massa preferiu falar em “aposta certa” de Alonso no momento do segundo pit. Pode ser. Mas, dado o histórico ferrarista, pode também não ser. De qualquer forma, há alto estranho aí. Se o brasileiro estava disputando posição com o espanhol e este entrou nos boxes, ele deveria ter entrado logo depois. É aquele velho jogo de marcação, já cansamos de ver isso. Com estratégias iguais, a chance de as coisas continuarem iguais são bem maiores, isso me parece lógico. Massa ficou na pista quatro voltas a mais. Deu no que deu;

Uma estatística curiosa: havia 55 GPs que a Ferrari não liderava o Mundial de Construtores, desde o GP da Malásia de 2010. Sinal dos tempos;

Depois de Raikkonen, o nome da corrida foi Sutil. E as histórias dos dois exemplificam o apotegma de que talento não se esquece;

Vettel: “Depois de uma boa largada e duas ou três voltas, os pneus começaram a se despedaçar. Não podíamos continuar como o resto do pelotão”. Sim, foi flagrante o mau comportamento dos pneus nos carros da Red Bull. É um problema grave, mas nada que não possa ser solucionado por Newey em dois ou três GPs. Enquanto isso, é importante seguir marcando pontos. E Vettel tirou leite de pedra para conseguir a terceira posição;

Malásia terá pneus duros e médios. É o mesmo cardápio de 2012. O problema é os compostos estão, todos, mais macios. A comparação que a própria fabricante faz é que o duro deste ano equivale ao médio do ano passado. Ou seja: já dá pra prever, com seis dias de antecedência, que, em Sepang, os médios serão usados só pra cumprir tabela. Isso, claro, se não chover. “Esperamos três pits, mas novamente o clima vai comandar as ações”, diz Paul Hembery, diretor da Pirelli.

A maior ironia do final de semana foi Maldonado reclamar que o carro é inguiável. É cada uma…

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