sexta-feira, 15 de março de 2013

Fique de olho na temporada – parte 2*

* Por Julianne Cerasoli


“A sensação no carro é a mesma de Interlagos”, comparou Fernando Alonso após o primeiro contato com o F138. Mas será que podemos esperar um cenário exatamente igual ao do final da temporada passada em Melbourne?

De fato, as poucas mudanças no regulamento sugerem que sim, pois é difícil fazer milagre com um conjunto de regras que está em vigor basicamente desde 2009, mas há algumas variáveis.

Os pneus Pirelli podem oferecer um desafio a mais a uma ou outra equipe – e só deve ficar claro quem fez bem a lição de casa e vai conseguir tirar proveito da nova borracha na classificação sem destroçá-la na corrida após as quatro primeiras etapas, pois os testes pouco serviram para isso. De resto, a questão é saber quem fez melhor a licão de casa no inverno.

Fundão e meio do pelotão

Lá atrás, se a Marussia parecia caminhar para superar a Caterham, os testes tumultuados e a pouca quilometragem – o time só andou mais que a Lotus – colocaram um grande ponto de interrogação nesta briga.

Sauber e Williams usaram bem o dinheiro trazido pelos mexicanos e venezuelanos, respectivamente, e se organizaram. O resultado começou a ser plantado ano passado e tem tudo para seguir na mesma linha. Apostaria mais na Williams aos sábados pela velocidade de Maldonado e mais na Sauber aos domingos pela consistência de Hulkenberg.

Mas ambas as equipes terão um rival duro pela frente: apostando na experiência de sua dupla de pilotos, a Force India busca continuar com a forte ascensão do final do ano passado e tem calibre para ser o destaque do meio do pelotão – isso, se não faltar dinheiro para desenvolver o carro. Na outra ponta, a própria Toro Rosso reconhece que tem muito trabalho pela frente e surpreenderia se desse um salto em relação a 2012.

Vamos ter um G5?

Mesmo tendo passado em branco em cinco das últimas seis provas em 2012,a Mercedes pode ser colocada entre os candidatos pelo menos a pódios. Isso porque o time passou 2012 reestruturando sua parte técnica e abandonou cedo o projeto do W03. O plano é dar o pulo do gato só em 2014, mas os frutos devem começar a aparecer agora.

E lá na frente? Nas últimas três provas de 2012, a Red Bull não dominou, perdendo terreno em relação à McLaren, da mesma forma que a Ferrari ficou devendo para ambas. Já a Lotus dependeu muito da interação dos pneus com a pista e o clima.

Isso significa nova vitória de Button na Austrália? Pelo menos pelo visto nos testes, a McLaren não parece tão no chão quanto a Red Bull. O time de Woking preferiu começar um novo projeto a desenvolver o carro de 2012 e pode levar mais tempo para compreender suas escolhas, como as suspensões dianteiras em pullrod, algo difícil de acertar. Talvez colham os frutos mais para frente.

A Lotus parecia candidata a incomodar a Red Bull, mas os problemas de confiabilidade que enfrentou nos testes colocam um ponto de interrogação no potencial da equipe. Mesmo que os problemas em si tenham sido resolvidos, é inegável que houve atrasos no desenvolvimento.

Assim, a bronca fica com a equipe que esteve mais longe da Red Bull nas últimas etapas. Com a correlação de dados da simulação com a pista em dia, acabaram as justificativas para a Ferrari se perder no desenvolvimento. Mas será que o ganho já foi suficiente para dizimar a diferença, principalmente em classificação? O carro não parece tão no chão assim...

O que já sabemos é que a Austrália pouco vai servir para nos dar todas essas respostas, por ser um circuito atípico. E depois vem o caldeirão da Malásia. E depois o frio e outra pista “estanha” na China. Bom, melhor voltarmos ao assunto da relação de forças em maio!

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