quarta-feira, 6 de março de 2013

AUTO-SUSTENTAÇÃO*

* Por Victor Martins




A Stock Car começou neste fim de semana e movimentou o noticiário, pelo menos o do Grande Prêmio, com alguns pontos importantes e que levam a novas reflexões dos rumos e pensamentos deste campeonato de logotipo e site novo, mas com uma cara de passado em vários outros sentidos.

Em dois meses, a maior categoria do Brasil não conseguiu arrumar um patrocínio-máster depois que a Caixa decidiu não renovar o patrocínio. Neste ínterim, Carlos Col saiu – imbuído em seu desejo maior de assumir o comando da CBA – e, enquanto mandava um e-mail agradecendo o apoio e anunciando seu desligamento da Vicar, a empresa promotora revia os contratos negociados com o ex-dirigente porque “não há dinheiro”. Sobre esta informação, que Renan do Couto questionou, Maurício Slaviero, presidente da Vicar, riu. “A Stock Car se sustenta”. OK.

A Stock Car dá bastante valor a seu paddock, HC’s e tudo mais. As informações: nenhuma loja de produtos oficiais, como nos outros anos; pouquíssimos bares ou estabelecimentos de refeição para o público pagante; preço do ingresso de visitação triplicado (de 40 para 120 dilmas). “Em vez de democratizar, elitizaram”, reclamou um amigo, fã fervoroso do campeonato, que pega avião de onde está para ver as corridas. A Red Bull, por exemplo, só tinha convidados. “Pouca gente pagou para visitar os pits, que era o momento mais legal do fim de semana. Deste jeito, fica difícil expor a categoria.”

Pois é. A Stock Car, que se sustenta, precisa se expor, ainda mais que tem sua programação concentrada principalmente na TV a cabo, o SporTV. No ano passado, lembro bem que Col havia feito a opção de largar mão do público das arquibancadas para focar na transmissão da Globo. Não deu muito certo no sentido de que apenas 1/4 do campeonato vai passar na TV aberta. Mas já que agora tem transmissão da classificação e um horário fixo num canal esportivo, poderia trabalhar melhor uma questão simples: o tempo de duração de prova. 40 minutos é muito pouco, ainda mais considerando que as câmeras são direcionadas mais a determinados carros que outros – Vitor Genz, por exemplo, mal apareceu na tela, e foi líder da corrida faltando duas voltas para o fim. E se é pouco para a TV, é menos ainda para o público que ainda se empolga para ver no autódromo. Não agrada parte alguma.

Porque, convenhamos, não é das tarefas mais simples do mundo atravessar a cidade para chegar a Interlagos. Para sentar a bunda na arquibancada e não ter lá muitos bons tratos, tomar 29ºC na cabeça, ver 40 minutos de corrida e ir embora. A Stock Car não faz atrativo algum a quem quer acompanhá-la de perto. Poucas vezes vi o autódromo paulista tão vazio para a categoria – e, me desculpe, não confio em qualquer número que me for trazido como oficial; lembro bem dos eternos 31 mil de Campo Grande, onde não cabem mais que 15 mil. E se o pai quer levar seu moleque para conhecer Barrichello ou Zonta, ex-pilotos de F1, vai ter de desembolsar 240 contos para isso. A não ser que o filho chore e esperneie, um pai são e consciente não paga isso nunca.

A corrida foi bem legal, a disputa entre Átila, Valdeno e Cacá foi excelente, a categoria tem ótimos pilotos, as empresas seguem investindo e tal. Mas alguns defeitos são crônicos, e coisas simples atravessam os anos. A Stock Car se sustenta. Só que as pilastras ficam cada vez mais fracas e enganam alguns tantos olhos.

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