terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Uma tribo em guerra*

* Por Luis Fernando Ramos


Já faz tempo que tenho deixado claro minha descrença no futuro imediato da equipe Mercedes. Não que eles não possam ter um 2013 melhor do que o ano passado - triunfo na China à parte, não tem muito como errar ainda mais. Mas é impressionante como reina a mais absoluta confusão numa equipe que precisa tanto de paz para finalmente encontrar o caminho do sucesso na F-1.

Na edição de ontem do “Frankfurter Allgemeiner Zeitung”, um dos mais influentes da Alemanha, dois acionários da montadora deram declarações contra a presença dela na categoria. Muito dinheiro para poucos resultados (e pouco retorno) foi o argumento mais contundente, embora um deles tenha citado que a marca sofra danos de imagem com corridas “questionáveis, em países onde a não-observação dos direitos humanos esteja no centro das críticas”. Um pensamento legítimo, mas irônico vindo de uma empresa com o passado da Mercedes. Ainda ontem, no site do “Bild Zeitung”, um porta-voz da montadora já respondeu afirmando que o compromisso dela com a F-1 é de longo prazo.

O conteúdo da discussão não importa tanto quanto o fato dela mostrar como o time não vai ter paz para trabalhar. Em todos os sentidos. Existe tensão entre acionários e o corpo diretivo da marca. Na direção esportiva, parece inevitável um conflito de interesses entre a facção austríaca de Toto Wolff e Niki Lauda com a inglesa de Ross Brawn e Nick Fry. Na equipe técnica, os rumores de uma futura vinda de Paddy Lowe - ainda na McLaren - devem assombrar as mentes de Rob Bell, Geoff Willis e Aldo Costa - por si só engenheiros respeitados e que devem receber altos salários. No meio deste caos onde cada um está mais preocupado em defender sua posição estão os responsáveis para lidar com o tão genial como genioso Lewis Hamilton nos momentos inevitáveis de derrotas e frustração que vão acontecer ao longo da temporada.

São muitos caciques para um tribo só. E a guerra pelo poder ali dentro promete ser intensa. Uma receita prática para o desastre esportivo. Estou sendo pessismista demais?


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