segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Massa esbanja autoconfiança em Barcelona*

* Por Lívio Oricchio



O estado de espírito do Felipe Massa que concluiu ontem a segunda série de testes da pré-temporada com o modelo F138 da Ferrari, no Circuito da Catalunha, em Barcelona, realizado em certos momentos debaixo de pequenos flocos de neve, é o mesmo que terminou o campeonato do ano passado no pódio do GP do Brasil, em terceiro, a apenas 861 milésimos do conceituado companheiro de equipe, Fernando Alonso, segundo colocado.

É o que ele próprio revelou ao Estado com exclusividade, ontem, no autódromo espanhol: “Sinto-me muito feliz, na minha vida pessoal e profissional, faço o que mais gosto e aprendi que fazer com a cabeça em pé é muito melhor do que de cabeça baixa”.

As sérias dificuldades técnicas e emocionais vividas no começo do ano passado o desestabilizaram, a ponto de colocar em xeque seu futuro na Fórmula 1. Depois de oito etapas, Massa havia somado 11 pontos e Alonso, 111, ou seja, 100 a mais. O drama parece tê-lo feito mais forte.

“As vezes as coisas acontecem sem que você espere. Mas trabalhei muito para superar. Tudo o que consegui na vida foi resultado de trabalho e será assim que vou conquistar mais do que já obtive.” O que mais lhe faltava no começo de 2012, autoconfiança, diagnóstico do próprio diretor da Ferrari, Stefano Domenicali, segundo afirmou ao Estado, no GP do Canadá, é o que hoje mais Massa sugere exibir. “Quero mais sucesso na carreira.”

Em 172 Gps, ou 10 temporadas, venceu 11 vezes e largou na pole position em 15 provas. Em 2008 foi vice-campeão do mundo e em 2006, terceiro.

Na pista, ontem, Massa completou 80 voltas no traçado espanhol de 4.655 metros, sempre em condições muito difíceis. “Eu não me lembro de ter treinado com o asfalto a 5 graus de temperatura”, comentou, rindo. “Em alguns momentos nevou.” A exemplo dos demais pilotos, não conseguiu cumprir o programa de experiências com o carro da Ferrari e os novos pneus Pirelli, desafio nesse início de trabalho.

“Quando coloquei pneus novos para iniciar a série longa de voltas (simular uma corrida) começou a chover”, explicou Massa. “No molhado tive um bom feeling do carro.” De bom foi a oportunidade de os pilotos testarem os novos pneus Pirelli para elevada ou pouca quantidade de água no asfalto.

Os tempos tiveram ainda menos representatividade ontem por causa de o teste começar com asfalto seco, passar a molhado e depois ideal para os pneus intermediários. Massa estabeleceu 1min27s553, sétimo tempo, com pneus médios. O mais rápido do dia foi Lewis Hamilton, da Mercedes, com 1min23s282 (52 voltas), também com médios.

Repercutiu bastante na imprensa italiana a frase de Massa depois ratificada por Alonso: “Esta Ferrari é de outro planeta”. A explicação de Massa: “Sim, disse isso, mas comparada ao carro do ano passado, inguiável nos primeiros treinos. O deste ano é bom, mas ainda está cru, tem de ser desenvolvido, depois vamos ver”.

No teste da próxima semana, de quinta-feira a domingo, o último antes da abertura do campeonato, dia 17 na Austrália, Massa e Alonso vão ter um modelo bem diferente do usado até aqui na pré-temporada. “Mas a versão definitiva do F138 para o começo do Mundial só vai aparecer mesmo na prova de Melbourne”, explicou.

“Será a oportunidade para checarmos, também, se os dados do túnel de vento são compatíveis com os verificados na pista, o que não foi possível avaliar ainda.” A Ferrari deixou de usar o seu túnel de vento por causa de os resultados não conferirem, comprometendo o desenvolvimento do carro. Atualmente trabalha no da ex-equipe Toyota, em Colônia, na Alemanha.
Por os pneus não aderirem como deveriam por causa do frio intenso, é impossível para o piloto da Ferrari fazer uma avaliação de sua escuderia e dos adversários. “Fui para o meio do circuito com meu engenheiro (Rob Smedley) e vimos a diferença enorme que fazia quando um piloto estava com os pneus novos ou usados ou mesmo entre os vários tipos existentes.”

Mas não está descontente com o modelo F138. “Vi gente fazendo bons tempos, como a Red Bull, Lotus, McLaren. Quanto a nós só poderei falar depois de testar nosso pacote de novos componentes semana que vem aqui e depois em Melbourne. Mas iniciamos numa condição bem melhor que em 2012.”

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