segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Alonso não treina em Jerez para se preparar melhor fisicamente*

* Por Lívio Oricchio


Quinta-feira da semana passada, em Madonna di Campiglio, na Itália, Fernando Alonso e Felipe Massa conversaram conosco. Foi numa coletiva. Antes e depois da entrevista também tivemos breves momentos com ambos, onde sempre se fala sobre algo, informalmente. Almoçávamos e jantávamos sempre juntos, nos refúgios nas montanhas cheias de neve.

Na coletiva e enquanto aguardávamos na saída de um desses refúgios a chegada do gato da neve, veículo com esteiras para transporte sobre o gelo, Alonso reclamou da extensão da última temporada, com 20 etapas. “É muito”, definiu. “Nós terminamos o campeonato no Brasil e atendemos a uma série de ações promocionais com a equipe até próximo do Natal. Passei uma semana em casa, na Espanha, depois outro período na Russia e na sequência já viajamos para cá”, comentou, visivelmente contrariado. A namorada de Alonso, Dasha Kapustina, é da estratégica cidade russa de Vladivostok, no extremo leste do país, perto das Coreias. Longe, portanto, da Europa.

Alonso dedica parte significativa das férias para se preparar fisicamente. Na época da Renault ia para o Kenya com o time. E para a temporada que vai começar dia 17 de março na Austrália não dispôs de tempo para concentrar-se na preparação atlética. “Acho que 20 corridas no ano é muito. O ideal seria ter menos e mais treinos”, disse.

Sua postura em Madonna di Campiglio e a decisão da Ferrari, ontem, de deixá-lo de fora da primeira série de testes em Jerez de la Frontera, na Espanha, de 5 a 8 de fevereiro, se encaixam perfeitamente. Não creio que seja por outra razão que Alonso não participará dos ensaios iniciais do modelo deste ano e no seu país.

Diante da sua sistemática de trabalho, comprovadamente eficiente, o mais indicado é deixá-lo definir o que é melhor para si. E entre treinar com o novo carro dois dias em Jerez, considerando-se a natureza desses experimentos iniciais, e submeter-se a intensivo programa de preparação física o melhor para o espanhol, seu preparador, o italiano Fabrizio Borra, e Stefano Domenicali, da Ferrari, é dedicar-se a aprimorar a condição atlética. Eu me surpreenderia se fosse outro o motivo.

Não fará diferença relevante para Alonso na abertura do Mundial, em Melbourne, perder dois dias de treino em Jerez, até porque será compensado com três dias de testes na série seguinte, em Barcelona, de 19 a 22, quando o carro vai já estar mais desenvolvido.

Massa acelera o novo modelo da Ferrari nos três primeiros dias em Jerez e o catalão Pedro de la Rosa o assume no último. O contato de Pedro com o monoposto será depois útil para ajustar melhor os programas de computador do simulador da equipe, em Maranello.

Já para Massa o ensaio de três dias seguidos é muito bom. Sua maior dificuldade, no ano passado, decorreu do desequilíbrio do F2012 associado ao curto período de testes, o que acabou por afetar sua autoconfiança. Alonso conseguia tirar mais velocidade do carro. Treinar é sempre saudável quando o que se deseja é ganhar confiança para poder exigir mais de si e do equipamento.

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