quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Diário de um GP – domingo*

* Por Bruno Vicária


Chegou o grande dia, o dia da corrida. Ah, que felicidade. Na época de torcedor, acordava antes das cinco para chegar lá ainda no escuro e garantir um lugar no começo da fila, assim poderia escolher o melhor lugar no Setor A (e não sair de lá até o fim da corrida). Hoje, trabalhando com o "baguio", deu para chegar em um bom horário, às 8h.

Ao contrário dos dias anteriores, onde as atividades começavam muito cedo, neste domingo a ação se daria às 14 horas, mas já eram 7 da manhã e a Sala de Imprensa já estava tomada. Mais cheio que ali, só no paddock. Hoje, foi infernal, pois todas as emissoras de TV e rádio começaram muito cedo.

Confesso para vocês: fui dormir beeem tarde ontem e aproveitei as corridas da Porsche Cup para tirar um pequeno cochilo. As arquibancadas me impressionaram: os setores populares, lotados; os setores corporativos, esvaziados (só foram tomados na hora da corrida). Mas dava para ouvir a farra da galera do Setor G de longe.

Depois de muito café, chegava a hora mais divertida de todo o fim de semana: zanzar pelo paddock nas horas que antecediam a largada. Todos, absolutamente todos que possuiam algum tipo de credencial que permitiam a entrada no paddock estavam lá. E hoje foi dia de figurões: Guga, Emerson Fittipaldi e seu neto Pietro, Damon Hill, Johnny Herbert, a princesa Martin Brundle, Eddie Jordan, Cesar Ramos, Luiz Razia, Sebastien Buemi, Tarso Marques, Ricardo Rosset, Felipe Nasr, Mika Salo, Marc Gené, o entrevistador Nelson Piquet, Thiago Camilo, Alberto Valério, o repórter Rubens Barrichello, Niki Lauda, Cacá Bueno, o ator Owen Wilson, o coxinha do Gilberto Kassab, o prefeito novo Fernando Haddad… Não vi Jackie Stewart, infelizmente. Ele era presença sempre constante.

A aglomeração era tanta que a Ferrari, que serve almoço aos jornalistas, fez o povo comer em pé do lado de fora, pois não cabia uma alma lá dentro. Cheguei a ver repórter se apoiar em lata de lixo para comer. Cada um fazia o que podia. Eu, infelizmente, passei batido pelo almoço e fiquei a base das porcarias que existem na sala de imprensa (Capuccino, Mokaccino, iogurte de mel e os incomparáveis refrigerantes Schin).

Havia também um grupo de jornalistas feminino que babava e esperava por Fernando Alonso. Enquanto conversava com elas, alguém colocou as mãos nos meus ombros e pediu uma "escusa". Era Alonso. Fui devidamente xingado por todas as quatro que estavam comigo. Eu lá tenho culpa?

Mas a grande dúvida era: choveria ou não? Eu torcia pelo sim, pois meu carro havia ganhado uma decoração vinda de alguma bazuca anal, que não sabia se era de algum ser quadrúpede ou bípede. Ninguém acreditava que choveria, as previsões de todos diziam que não, mas a chuva caprichosamente veio.

Quando Vettel apareceu ao contrário na Descida do Lago, a Sala de Imprensa soltou um sonoro "ooooooooooooooh". E houve uma enorme vibração com cada ultrapassagem que acontecia. Todos estavam vidrados, foi uma corrida que prendeu a respiração e a bexiga de todos (muitos diziam "quero ir ao banheiro mas não consigo!"). O acidente entre Hulkenberg e Hamilton também gerou manifestações, mais de solidariedade com o inglês. No fim, com o título, Vettel arrancou aplausos generalizados.

No fim, foi aquela correria para ouvir a palavra de todos. Assim como Massa, Vettel também quase foi às lágrimas na entrevista coletiva. Alonso falava em satisfação; Massa não escondia a decepção por ter tido de ajudar o parceiro. Button, por sua vez, só celebrou mais uma vitória.

E acabou. Agora as equipes começam a empacotar suas coisas em tempo recorde, pois terça-feira, no máximo, os conteineres estarão dentro dos aviões cargueiros no aeroporto de Viracopos. E a gente, vai observando o circo se desmontando já carregando uma carga de saudade, torcendo para março chegar logo para a montanha russa rolar novamente.

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