quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Vitória de Hamilton em Monza representa séria ameaça a Alonso*

* Por Lívio Oricchio


Serão sete etapas de tirar o fôlego! Assim pode ser definida a sequência do campeonato depois de Lewis Hamilton, da McLaren, vencer ontem o emocionante GP da Itália, em Monza, e ficar a 37 pontos de Fernando Alonso, da Ferrari, líder do Mundial (179 a 142), terceiro colocado ontem. Depois da prova em Hockenheim, dia 22 de julho, Alonso tinha 62 pontos de vantagem para o inglês.

“Vencemos a terceira seguida. Nosso carro está ótimo, acho que eu e Fernando vamos lutar até o fim”, disse Hamilton, com expressão de confiança, bem distinto de antes de a McLaren lançar a versão B do seu modelo MP4/27, na Alemanha. A vitória
pressiona ainda mais Ron Dennis, sócio da McLaren, a ceder em parte nas negociações dos próximos dias visando renovar o contrato desse excepcional piloto, campeão do mundo de 2008.

Alonso não ficou triste com o resultado. “Largar em décimo e terminar em terceiro, para quem esperava apenas marcas pontos…”, explicou. Mas a satisfação maior veio do fato de a dupla da Red Bull, Sebastian Vettel e Mark Webber, até então seus adversários mais próximos na classificação, não terminar a corrida. Vettel teve outra pane no alternador e Webber, com os pneus bem desgastados, rodou e decidiu abandonar por estar fora dos pontos.

Fico claro mais uma vez para Alonso: “Precisamos melhorar o carro. Já para o etapa de Cingapura (dia 23) teremos importantes novidades”. Hamilton brincou com ele: “Vou avisar minha equipe, então, que vocês terão um pacote de mudanças”. Alonso já sabia do ataque do piloto da McLaren no campeonato, pois comentara: “Lewis é o meu maior concorrente”.

O mexicano Sérgio Perez disputou outra corrida espetacular, ao levar o carro da Sauber do 12.º lugar no grid à segunda colocação. Voou na veloz pista italiana. “Não foi fácil no começo com os pneus Pirelli duros. Acho que só eu e Maldonado optamos por eles na largada. Permaneci muitas voltas na pista (foi o último a fazer o pit stop, na 29.ª volta de um total de 53)”, contou. “Mas depois, com os pneus médios, conseguia ser cerca de um segundo mais rápido que os líderes, que tinham os duros.” Não acredita, contudo, que pudesse desafiar Hamilton.

O engenheiro-chefe da Sauber, Gianpaolo Dall’Ara, pensa diferente. Lamentou Perez não ter largado um pouco mais à frente. “Acho que chegaríamos na McLaren.” O piloto mexicano se disse surpreso: “Nosso ritmo de corrida é sempre bem melhor que durante a definição do grid, mas nem nos nossos sonhos planejamos esse pódio aqui em Monza”. Kamui Kobayashi, seu companheiro, nono, somou mais dois pontos aos 18 de Perez. Agora a Sauber começa a pressionar a Mercedes pelo quinto lugar entre os construtores, 126 a 100.

Kimi Raikkonen, da Lotus, não manteve a série de colocações no pódio que vinha obtendo, ao se classificar em quinto. Fora terceiro na Alemanha e na Bélgica e segundo na Hungria. “Sem velocidade nas retas ficou fácil para eu ser ultrapassado e difícil para tentar qualquer coisa. Pena Alonso ter ampliado a vantagem.” Mas com a desistência de Vettel e Webber o finlandês passou para terceiro no Mundial, com 141 pontos, 38 a menos do espanhol.

Se Stefano Domenicali está analisando o desempenho de Felipe Massa e Perez, além de Nico Hulkenberg, da Force India, para escolher o companheiro de Alonso em 2013, a prova de ontem com certeza aumentou ainda mais suas dúvidas. Massa disputou a sua melhor corrida este ano, ao receber a bandeirada em quarto, depois de ocupar convincente segundo lugar por bom tempo. E Perez ofereceu um show. Massa explicou: “Tive um desgaste inesperado dos pneus. Mais algumas voltas e perderia umas duas colocações”. Hulkenberg abandonou.

O bom trabalho, ontem, ajudou Massa mostrar que ainda tem o que oferecer a Ferrari, mas evitou comentários. O mesmo fez Perez: “Minha preocupação é manter a Sauber nesse nível, o que me parece possível pela ausência de grandes retas nas próximas pistas”.

O venezuelano Pastor Maldonado é tido com um piloto muito rápido. Ocorre que não marca pontos desde a bela vitória no GP da Espanha, há oito etapas, e só fez ponto antes na China, oitavo. É pouco. A Williams o está cobrando. Já Bruno Senna, com o mesmo carro, é mais regular. Ontem, pela sétima vez no ano marcou ponto, com o décimo lugar. “Estou contente porque nos circuitos de pouca pressão aerodinâmica, como este, nosso carro não é muito eficiente”, disse. Tem depois de 13 provas 25 pontos diante de 29 de Maldonado.

O nível de pilotagem no GP da Itália encantou os mais de 100 mil entusiasmados tifosi no autódromo e milhões que assistiram ao GP da Itália na TV e apreciam a arte da condução a mais de 300 km/h. Jackie Stewart, três vezes campeão do mundo, comentou ao Estado: “Estamos assistindo a uma das mais fantásticas gerações de todos os tempos na história da Fórmula 1”. E como o campeonato é de pilotos, faz todo sentido que Alonso e Hamilton sejam primeiro e segundo na classificação.

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