segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Torcedor considera NORMAL quando o brasileiro tem escudeiro, mas JAMAIS pode ser o segundo*

* Por Américo Teixeira Jr.


Já garantido na Ferrari para a temporada 2013, Felipe Massa obteve hoje, em Monza, seu principal resultado no ano ao receber a bandeirada de chegada em 4º lugar. Ontem, no Qualifying, superou suas marcas anteriores no ano ao assegurar o 3º lugar no grid. Apesar disso, recebeu muitas críticas pelo Twitter e Facebook por sua postura diante do companheiro de equipe Fernando Alonso, que vindo de 10º, ganhou a posição do brasileiro e foi ao pódio, em 3º, diante da fanática torcida italiana. Tudo isso em meio à vitória de Lewis Hamilton e o 2º lugar de Sergio Perez. Alguns aproveitaram o episódio para renovar suas críticas a Rubens Barrichello.

Vale ressaltar que não aconteceu rigorosamente nada de anormal e a Fórmula 1 precisar ser vista com olhos mais realistas, sem os arroubos de paixão e nacionalismo que dão à categoria uma importância que ela não tem. Na esfera esportiva, é evidente que Alonso tem a primazia da Ferrari, visto estar liderando o campeonato com 179 pontos, contra os 47 que só agora Massa conseguiu acumular. Foi justamente esse trabalho conjunto que permitiu a Ferrari superar a Lotus no Mundial de Construtores, figurando agora em 3º. Por fim, a equipe italiana se mostrou coesa rumo à conquista dos dois títulos da temporada.

Agora, analisando sob a ótica da vida real, ser piloto de Fórmula 1 nada mais é do que um emprego. Um fantástico emprego, diga-se de passagem, muito melhor do que o meu e o seu, provavelmente. Mas não passa disso, é um emprego, com benefícios e obrigações. Felipe Massa fica na Ferrari porque é um bom funcionário. Não fosse assim já estaria no olho da rua. Como todo trabalho, sempre existem aquelas tarefas que a gente faz a contra gosto. Isso acontece com o seu trabalho, o meu e o dele. Então, fazer de uma ultrapassagem um drama épico, realmente, um exagero enorme.

Essa coisa meio doentia de nacionalismo impede algumas observações lógicas. Gerhard Berger foi notório escudeiro de Ayrton Senna em 1990, 1991 e 1992. Esteve sempre a postos para facilitar as coisas para o tricampeão, uma espécie de “alívio” que representou, após o inferno que foi ter Alain Prost como companheiro de McLaren em 1988 e 1989. Realmente, não me recordo de alguma ordem para Berger dar passagem para Senna, entretanto, se não o fez, certamente o faria, caso assim fosse instruído.

As mesmas palavras podem ser ditas em relação ao segundo título de Emerson Fittipaldi, o de 1974, quando teve na McLaren o alemão Jochen Mass como teammate (teve vários em 1972). Já para Nelson Piquet, embora a conquista do tri, em 1987, tenha sido uma odisséia com a Williams trabalhando para Nigel Mansell ser campeão, nem sempre o “inimigo” morava em casa. Em seus tempos de Brabham, foi campeão em 1981 e 1983 com os companheiros de equipe não oferecendo resistência, respectivamente, o mexicano Hector Rebaque e o italiano Riccardo Patrese.

Quer dizer que, na ótica nacionalista, Berger, Mass, Rebaque e Patrese puderam sem problemas servir como coadjuvantes. Assim como foi normalíssimo a McLaren trabalhar para Fittipaldi (1974) e Senna (1990 e 1991) e a Brabham priorizar Nelson Piquet em 1981 e 1983. Todos foram campeões maravilhosos, mas já estiveram no papel que hoje é de Fernando Alonso na Ferrari.

E agora? Menos, pessoal, menos!


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