* Por Lívio Oricchio
Sejamos realistas, apesar de haver ainda em disputa até o GP do Brasil, 20º e último do campeonato, 225 pontos, pois temos nove etapas pela frente, na prática os pilotos que devem disputar o título, este ano, são os cinco primeiros colocados na classificação: Fernando Alonso, Ferrari, 164, Mark Webber, Red Bull, 124, Sebastian Vettel, Red Bull, 122, Lewis Hamilton, McLaren, 117, e Kimi Raikkonen, Lotus, 116.
Claro que, diante do número de pontos em jogo, Nico Rosberg, Mercedes, sexto colocado, com 77, e Jenson Button, McLaren, e Romain Grosjean, Lotus, ambos com 76, em sétimo, também podem se inserir na luta, mas é pouco provável. É muito mais lógico esperar que já a partir do GP da Bélgica, próxima corrida do calendário, dia 2, tanto Button quanto Grosjean e o companheiro de Alonso, Felipe Massa, 14º, com 25 pontos, passem a trabalhar mais em função de suas equipes serem campeãs do que visando os próprios interesses.
Na Red Bull, o desafio de Webber e Vettel é um pouco maior. Os dois têm chances quase iguais de surgirem nas provas finais com possibilidades de serem campeões. Não há uma diferença relevante de resultados entre os dois, diferentemente de 2011, quando o alemão dominou o australiano.
Diante do quadro do campeonato, hoje, não é exagero afirmar que os “segundos pilotos”, dada sua colocação na classificação, Massa, Button e Grosjean, poderão ter papel decisivo na definição do Mundial.
Com as ordens de equipe liberadas, “desde que não transgridam os interesses maiores do esporte”, como defende a FIA, tudo muito subjetivo, é bem possível que os três iniciem os treinos de cada etapa já sabendo que, dependendo das condições da corrida, deverão favorecer Alonso, Hamilton e Raikkonen. E para poderem fazer diferença nessa luta será preciso estar próximo dos líderes ou até mesmo na sua frente nas provas.
Serão cobrados, com certeza, pela direção de seus times. A melhor forma de dificultar a trajetória dos adversários é lhes tirar pontos e posicionar-se na competição de maneira a, eventualmente, trocar de posição com o companheiro. Massa foi decisivo para Raikkonen ser campeão em 2007, em Interlagos, ao lhe ceder a liderança do GP do Brasil. E o finlandês ao deixar Massa ultrapassá-lo, na China, em 2008, a fim de permitir o brasileiro chegar em Interlagos com maiores chances de ficar com o título diante do segundo lugar de Xangai. Pilotavam para a Ferrari.
A ajuda ao companheiro não se limita a dar passagem na corrida. Se a escuderia desejar, já desde o primeiro treino livre, sexta-feira de manhã, o programa de preparação do “segundo piloto” para o domingo pode ser mais voltado a criar maiores referências para o ajuste do carro do piloto envolvido na luta pelo título do que com o objetivo de um melhor resultado seu. Com os pneus Pirelli assumindo elevada importância no desenvolvimento da competição, é outra área em que os pilotos com companheiros envolvidos na luta pelo título podem ser determinantes, ao serem escalados para experiências de se conhecer, por exemplo, o limite de voltas de cada tipo de pneu à disposição.
Com uma temporada como a atual, uma das mais competitivas de todos os tempos, somar um, dois, três pontos a mais poderá significar a diferença entre celebrar o título e faturar 100 milhões (R$ 250 milhões) ou apenas assistir à festa do adversário e receber bem menos. E Massa, Button e Grosjean podem, sim, trabalhar para Alonso, Hamilton e Raikkonen, em determinadas situações, conquistarem esses preciosos pontos a mais.
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