* Por Lívio Oricchio
Não acredito nem por um instante que Lewis Hamilton esteja pensando com seriedade em deixar a equipe McLaren. Tive a oportunidade de conhecer as duas escuderias, refiro-me a suas sedes, e olha que quando visitei a McLaren as novas dependências, Paragon, não estavam prontas.
Ron Dennis é obcecado por organização. Não chega a ser um Frank Williams, capaz de investir no time quase tudo que ganha, mas dá para ver seu idealismo e paixão por automobilismo na complexidade da sede da McLaren, ontem e hoje.
Na temporada de 1970 Ron Dennis era o mecânico chefe de Jack Brabham. No fim do ano o autraliano parou de correr e Ron decidiu partir para um projeto de equipe própria, mas ainda com carro comprado, o modelo Brabham BT 36, em 1971. Não foi por obra do acaso que sob sua direção, a partir de 1980, a McLaren conquistou 10 títulos mundiais de pilotos e 7 de construtores. Jack está bastante debilitado. Não o vi em Silverstone, onde costuma ir nos dias do GP. Uma experiência interessante é ver Jack entrando no motorhome da McLaren para se encontrar com Ron Dennis.
A estrutura da Lotus, ex-Renault, é respeitável, mas não dá para comparar com a atual da McLaren. Ok, verdade, só isso não garante vitória, mas sob a condução de Ron Dennis representa a certeza de ser protagonista do evento. Por se recusar a sequer citar o seu passado de mecânico, acreditava de o inglês fosse indiferente ao piloto que ajudou a ganhar o GP da África do Sul de 1970. Falsa impressão, Ron Dennis trata Jack com deferência.
A Lotus tem um grupo unido, hoje, a perda dos cardeais da escuderia ascendeu profissionais jovens e competentes, como o projetista-chefe Martin Tolliday, no lugar de Tim Denshan, James Allison, em substituição a Bob Bell. E dá gosto ver como trabalham, quanto amor há nesse projeto. Mas se a base do bom modelo E20 não fosse tão boa a capacidade de a Lotus intervir tecnica e financeiramente para melhorá-lo é menor que a da McLaren, por isso enquanto a Lotus apresenta altos e baixos, a média da McLaren é bem melhor.
Por outro lado, ver Hamilton em outro time seria sensacional do ponto de vista esportivo. Se isso ocorrer, o que não acredito, seria uma grande surpresa, mas bem vinda, a pergunta sem resposta seria: quem sai na Lotus. Não hesito em afirmar: Kimi Raikkonen. O finlandês voltou diferente à Fórmula 1, mais motivado, interessado, simpático. Suas reclamações com o sistema de direção, porém, e até com a posição de pilotar, ainda, como foi em Mônaco, já faz alguns integrantes da Lotus olharem entre si nesses momentos.
Gerard Lopez é homem de negócios. Duvido muito que ao contratar Raikkonen, depois de dois anos longe da Fórmula 1, lhe ofereceria um contrato de dois anos sem uma cláusula que o permitisse rever o acordo ao final do primeiro ano. E do jeito que estamos falando parece que o campeão do mundo de 2007 está sendo um fracasso. Qual nada!
Para quem ficou parado e nem sequer via as corridas na TV pilotar com faz está bem além do que se poderia esperar do finlandês. Já foi três vezes ao pódio. Até o fim do ano aposto boas fichas que vencerá uma das etapas.
Ocorre que Eric Boullier, diretor da Lotus, tem certeza de que Romain Grosjean será campeão do mundo também. É a menina dos seus olhos. Fala nele com entusiasmo amador para o padrão da Fórmula 1. E de fato o francês ou suíço, como queiram, segundo ele próprio, realiza importante trabalho na sua primeira temporada efetivamente.
Bem, mas ficando por aqui porque se deixar o teclado correr solto vou longe. O que desejo dizer, em resumo, é: primeiro, Hamilton está usando essas notícias de que pode se transferir para a Lotus para Ron Dennis aceitar suas condições financeiras, no mínimo repetir o que ganha hoje, estimado em US$ 25 milhões por ano. Hamilton quer ainda permanecer com os troféus que conquistar nas corridas. Na McLaren, todos os troféus vão para a galeria da equipe.
E Gerhard Lopez não pagaria essa quantia a Hamilton, a não ser que encontre um grupo de empresas dispostas, também pouco provável hoje.
E se tudo isso que imagino furar, ou seja, Hamilton assinar com a Lotus, saiba que boa parte dos que gostam de Fórmula 1 ficaria feliz. Dentre eles, eu. Seria outra garantia de espetáculo em 2013.
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