* Por Lívio Oricchio
Quando a Lotus anunciou, surpreendentemente, no fim de novembro, a volta de Kimi Raikkonen à Fórmula 1, depois de dois anos disputando provas de rali, as opiniões de dividiram. O finlandês campeão do mundo de 2007, com a Ferrari, seria o piloto extraordinário de seus bons tempos ou o da última temporada, 2009, em que de tanto desinteresse acabou dispensado pelos italianos? Hoje, depois de 11 etapas disputadas, Raikkonen demostrou ter resgatado tão bem o seu melhor que virou motivo de disputa: Lotus e Ferrari o querem.
Após terminar em segundo lugar o GP da Hungria, domingo, o piloto da Lotus comentou sobre seu destino: “Você nunca sabe o que vai acontecer no futuro, mas hoje me encontro bem no meu time”. Não descartou, portanto, a transferência para a escuderia que literalmente lhe pagou para não correr em 2010, ao substituí-lo por Fernando Alonso. Os rumores de que Stefano Domenicali, diretor da Ferrari, teria interesse no finlandês para ocupar a vaga de Felipe Massa, caso seu contrato não seja renovado, tiveram resposta no diretor da Lotus, o francês Eric Boullier: “Temos um contrato de dois anos com Kimi, mas como todo compromisso há opções”.
Provavelmente a opção pertence ao piloto, o que significa que ao final do ano o direito de escolha de renovar o contrato ou aceitar outra oferta é de Raikkonen. Foi por esse motivo que ele disse, em Budapeste, não saber o que pode ocorrer no futuro. A proposta da Ferrari pode ser muito boa. Na Lotus, estima-se, Raikkonen ganha 5 milhões de euros (cerca de R$ 10 milhões) este ano, no máximo. E se a Ferrari lhe pagar o que recebe Massa, ganhará o dobro. Mais: este ano a Lotus foi capaz de produzir um carro potencialmente vencedor, mas sua estrutura não é a mesma dos italianos, mais apta a projetar um monoposto veloz nos próximos anos.
Contra a transferência seria a convivência com Alonso. O espanhol é o mais completo em atividade e, aos 31 anos, celebrados domingo, atravessa o período mais espetacular na carreira. Não é tudo: Alonso tem enorme ascensão dentro da Ferrari. Sua responsabilidade por a equipe liderar com ele o Mundial é enorme. E é assim que gosta de trabalhar. E é assim que produz o máximo.
“Kimi é feliz conosco. Não creio que sua experiência na Ferrari foi a melhor”, comentou Boullier. “Ter como companheiro Romain Grosjean certamente é melhor que Alonso. Não vejo porque desejaria ser segundo piloto na Ferrari podendo ser o número 1 aqui.”
Raikkonen deve colocar na balança todos esses elementos, de um lado os que lhe são favoráveis, como ao longo dos próximos três anos provavelmente dispor de melhor equipamento na Ferrari, em especial porque o regulamento mudará drasticamente para 2014, e ganhar bem mais dinheiro. Do outro, experimentar a difícil convivência com Alonso na Ferrari. Compartilhar não é um verbo que o asturiano conjuga com desenvoltura.
Sua reação, em Budapeste, sugeriu ser mais um jogo de cena para elevar o valor de seu contrato com a Lotus que a real intenção de se transferir para a Ferrari. “Poderiam ter concluído a nossa relação de melhor maneira”, lembrou, ao falar dos italianos, mas revelou não ter mágoa de Domenicali e do presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, com quem nunca teve boa relação.
Mesmo sem vencer na temporada Raikkonen soma 116 pontos, sexto colocado. Tem apenas um ponto a menos de Lewis Hamilton, da McLaren. Diante do seu desempenho e da Lotus na Hungria muitos o veem, agora, como candidato a lutar pelo título nas etapas finais. Mas será um desafio. Alonso possui 164 pontos, ou 48 a mais. A próxima etapa será apenas dia 2 de setembro, na Bélgica. Até lá todos os interessados nessa história vão investir boas horas das férias em longas conversas.
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