quinta-feira, 19 de julho de 2012

F-1 na Alemanha na berlinda*

* Por Luis Fernando Ramos


Faliu. Simples assim. Nürburgring, uma das pistas mais antigas ainda em funcionamento do mundo não é mais viável economicamente. Virou um enorme abacaxi cinza no meio de uma região essencialmente rural, fria e pobre. Um monumento à incompetência de alguns políticos e empresários.

Era mais do que óbvio que aquela espécie de Disneylândia que construíram no meio do Eifel não daria em nada. Criaram uma estrutura enorme, com hotéis e parque diversão que fica às moscas o tempo todo. Sem exagero nenhum aqui, estive lá duas vezes desde a inauguração e os relatos dos locais são claros: os funcionários do “Ring Boulevard” passam o ano olhando para o vazio!

Cheio de curiosidades é olhar para esse episódio tendo em mente o que se passa no Brasil. A empresa que administra Nürburgring está falindo por não ter conseguido aprovar uma injeção financeira de 13 milhões de Euros, cerca de 32 milhões de reais. Não é pouco, mas parece trocado quando se vê as somas absurdas empregadas na construção e renovação de estádios para a Copa do Mundo de 2014. Outra diferença é que o ministro-presidente de Rheinland-Pfalz (o governador da região) interrompeu suas férias e foi dar explicações numa coletiva de imprensa sobre o fracasso do projeto. Explicações à imprensa e ao público, imagine só!!!

O que vai acontecer com Nürburgring e com o GP da Alemanha ainda é incerto. A pista se reveza com Hockenheim como sede da prova, organizando-a nos anos ímpares. Há quem pregue por aqui a demolição da faraônica obra e que o circuito volte a ser apenas uma pista que receba corridas de vez em quando - a de F-1 inclusive. Há quem ainda espere uma salvadora ajuda da União Europeia, mas esta parece estar mais preocupada no momento em salvar sua moeda.

A direção de Hockenheim, que recebe a corrida de Fórmula 1 deste final de semana, já sinalizou que só aceitaria fazer o GP anualmente se “as condições fossem propícias para isso”. Ou seja, pagando muito pouco para Bernie Ecclestone, o que dificilmente acontecerá. No meio disso, o país da Mercedes, de um monte de patrocinadoras de peso e do maior número de pilotos do grid teme pelo futuro de sua corrida.

Lá em Nürburgring, as moscas voam em busca de comida num enorme pátio deserto.

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