segunda-feira, 16 de julho de 2012

Cronicamente inviável*

* Por Luis Fernando Ramos


Vamos ser honestos: o autódromo de Jacarepaguá já morreu faz tempo, quando construíram obras para os Jogos Panamericanos de 2007 em parte dele - algumas delas aliás, que custaram milhões aos cofres públicos e que serão demolidas pois não prestam para serem utilizadas nos Jogos Olímpicos de 2016, com a devida benção cúmplice dos governos Federal, Estadual e Municipal, uma verdadeira canalhice suprapartidária.

Hoje a Stock Car correu pela última vez por lá e o clima geral é de revolta, como bem relatou o Bruno Vicaria em seu blog ou nos depoimentos que colheu de Cacá Bueno e Jorge de Freitas. Impressionante como nos comentários houve quem condenasse que o desabafo de ambos teria vindo tarde demais.

Olhemos o mundo real, pessoal. Não é o choro de gente de automobilismo que iria comprometer a ação de políticos com rabo preso com um montão de interesses muito mais fortes do que com a modalidade esportiva. Se alguém poderia influir nessa história era a CBA. Ela até reclamou, o que era o mínimo, mas da forma claudicante de costume. Por enquanto, um novo autódromo no Rio de Janeiro está só na promessa. Quando for construído, se for, a segunda maior cidade do país terá nas costas um bom par de anos sem uma praça para a prática do automobilismo. Uma palhaçada.

E um eventual circuito em Deodoro - ou onde quer que seja - jamais trará de volta todo o charme de Jacarepaguá. Não vivi seus anos de Fórmula 1, mas estive lá pela primeira vez em 1995 para cobrir a etapa brasileira do Mundial de Motovelocidade e fiquei de cara encantado com o incrível visual que permeia o circuito, com as montanhas e a mata atlântica que fazem o charme maravilhoso da cidade do Rio de Janeiro.

Toda essa mágica vai morrer em breve por nada, simplesmente nada, a não ser a ganância de um poder público completamente vendido a setores privados mais gananciosos ainda. Uma pequena e triste história de um grande autódromo que ilustra muito bem porque, boom econômico à parte, continuamos como um país condenado à mediocridade de uma sociedade que jamais conseguiu pensar coletivamente.

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