* Por Lívio Oricchio
Avaliações dessa natureza são subjetivas e, em geral, controversas. Mas há dentre os profissionais da Fórmula 1 um certo consenso de que os três mais talentosos pilotos hoje são Fernando Alonso, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel. É grande o número de fãs da Fórmula 1 que ve a atual geração da mesma forma. Você já deu uma olhadinha na tabela de classificação, depois de sete etapas de um campeonato definido por muita gente importante, a exemplo de Niki Lauda, como “campeonato de piloto”?
Hamilton, da McLaren, lidera com 88 pontos, seguido por Alonso, Ferrari, 86, e Vettel, Red Bull, atual bicampeão do mundo, 85. Curiosamente, os três ocupam as três primeiras posições separados por diferenças mínimas. Entre Hamilton e Vettel é de apenas 3 pontos, o equivalente a um décimo lugar numa prova.
É o que primeiro emerge, este ano, depois de um terço de temporada. Sem o escapamento aerodinâmico, principal recurso da Red Bull, resultado da sua capacidade, todos passaram a competir na mesma categoria, o que ajuda a explicar essa seleção mais apurada dos pilotos.
Outra constatação até agora é o grau de competitividade, nunca visto antes: sete pilotos diferentes, de cinco equipes distintas, venceram as primeiras sete etapas do calendário. Não vamos entrar no caso, ao menos agora, da eventual artificialidade dessa disputa intensa. O fato é que ela está aí e tem sido saudável para a Fórmula 1. A FOM deve divulgar depois do GP da Grã-Bretanha, quando se encerra a primeira metade do campeonato, o número de telespectadores nas nove primeiras corridas e compará-lo com o de outros anos. Sabe-se já que cresceu.
Para exemplificar melhor o aumento, este ano, da concorrência, em 2011, depois do GP do Canadá, também sétima etapa, Vettel liderava com 161 pontos seguido por Jenson Button, McLaren, 101, Mark Webber, Red Bull, 94, e Lewis Hamilton, McLaren, 85. A diferença, portanto, do primeiro para o quarto colocado era de 76 pontos (161 – 85). Já na temporada em curso, Hamilton, líder, soma 88, e Webber, quarto, 79. A diferença entre eles é de apenas 9 pontos, equivalente a um quinto lugar. Bem diferente dos 76 do ano passado, cerca de três vitórias.
No Mundial de Construtores as diferenças são, da mesma forma, significativas. Em 2011, após a corrida de Montreal, a Red Bull, primeira no campeonato, tinha 255 pontos, seguida da McLaren, 186, Ferrari, 101, e Renault, 60. Da Red Bull para a quarta colocada, Renault, a diferença era de 195 pontos. A Renault somou 23,5 % pontos da Red Bull. Hoje a Red Bull segue líder, com 164 pontos, mas a quarta é a Ferrari, com 97. Diferença entre ambas: 67 pontos. A Ferrari, quase que com um piloto apenas, diante dos fracos resultados de Massa, somou 59,1% dos pontos da Red Bull.
Numa mais que rápida explanação sobre o porquê dessa diferença relevante entre o nível de competição de 2011 e este ano está, primeiro, a proibição do escapamento aerodinâmico. Depois o maior rigor no controle de flexibilidade do aerofólio dianteiro, mais bem explorado também pela Red Bull. Foram as únicas mudanças, a rigor, das regras. E a manutenção do regulamento, como é o caso agora, sempre foi favorável para aumentar a competitividade entre os participantes.
Por fim o fator pneus. A Pirelli manteve a breve vida útil de 2011, para atender o promotor do show, Bernie Ecclestone, mas reduziu a faixa de temperatura em que o pneu responde com o máximo de aderência, ao redor dos 85 graus Celsius. Quem é capaz de acertar o carro para os pneus trabalharem próximos dessa temperatura apresenta performance superior aos que não conseguiram.
É um desafio de engenharia. Reduz a importância de uma escuderia dispor de orçamento muitas vezes superior ao de outras. É por isso, também, que Lotus e Sauber vêm surpreendendo na temporada.
É, dos males, o menor.
ResponderExcluirAinda faltam os pegas pra valer mesmo!