segunda-feira, 11 de junho de 2012

SORRISOS DE SOBRA*

* Por Luis Fernando Ramos


Na metade do Grande Prêmio do Canadá, a briga pela liderança era intensa entre Lewis Hamilton, Fernando Alonso e Sebastian Vettel. Num momento em que os três contornavam a curva quatro do circuito de Montreal, a imagem da televisão captou no canto da tela dois torcedores em pé na beira de uma arquibancada e de braços abertos, celebrando a passagem dos carros como quem comemora um gol de futebol.

Foi a melhor tradução não apenas da corrida de hoje mas também de toda a temporada. Enquanto pilotos sofrem com tantos detalhes que determinam o vencedor de uma corrida, os fãs se deliciam com um equilíbrio absoluto que resultou num sétimo vencedor diferente na sétima corrida do ano. E Lewis Hamilton aproveitou a chance de subir ao degrau mais alto do pódio para assumir a liderança no Mundial de Pilotos.

Uma condição que foi propiciada pelo sucesso da estratégia de corrida de dois nomes que não estão exatamente na luta pelo título. Romain Grosjean, da Lotus, e Sergio Perez, da Sauber, foram os únicos pilotos da tarde canadense que conseguiram capitalizar fazendo apenas uma parada. Já Alonso e Vettel, que tentaram fazer o mesmo, se deram mal quando tiveram um desgaste excessivo nas voltas finais - o espanhol caiu da liderança para o quinto lugar no final, o alemão optou por uma troca emergencial de pneus e conseguiu salvar uma quarta colocação.

Assim, natural que o inglês da McLaren creditasse a vitória conquistada por uma inspirada pilotagem na pista à estratégia utilizada nos boxes: "Sabíamos que duas paradas seria a melhor opção para a corrida. E mesmo com ela eu tive de trabalhar para preservar os pneus. Quando eu abri vantagem para Alonso e Vettel depois da primeira parada, sabia que eles parariam apenas uma vez. Sabia que se eu mantivesse um bom ritmo eu os ultrapassaria no final pois eles teriam problemas para segurar o carro na pista", analisou.

Olhando em retrospecto, Hamilton iniciara o final de semana bombardeado de perguntas sobre seu futuro na McLaren. Com seu contrato terminando em dezembro e depois da equipe ter cometido diversos erros que o prejudicaram em corridas anteriores, parecia o momento propício para especular sobre uma eventual mudança de equipe. Mas ele nem quis abordar o tema, respondendo de forma firma que só pensava no campeonato, não no futuro.

Ao final da corrida de ontem, ele provou que não era conversa para boi dormir. A vitória no GP do Canadá serviu para incendiar alguém que alia velocidade e emoção em sua pilotagem. Líder do campeonato, difícil imaginar Hamilton querendo mudar de casa se está tão feliz quanto demonstrou nas entrevistas.

"Foi uma das corridas mais legais que eu tive até agora. De manhã estava pensando como seria especial para mim ganhar a corrida no mesmo lugar em que venci pela primeira vez na Fórmula 1 em 2007. Não acreditei quando cruzei a linha de chegada, tive uma explosão de alegria dentro de mim. É por isso que eu amo as corridas e quero voltar a sentir isso por muitos anos, porque espero continuar aqui por muito tempo".

Em contraste com o Hamilton perdido e errático do ano passado, o inglês realmente está provando ter reencontrado sua sintonia neste ano. Os já citados erros da equipem não o desconcentram mais, a pilotagem continua exuberante e sua regularidade é incrível, sendo o único do grid ao lado de Alonso a ter pontuado em todas as corridas aqui. Não é por acaso que o espanhol, tido como o melhor piloto do grid, afirmou ontem em Montreal: "Como já havia dito no início do ano, um piloto que eu sempre fico de olho numa disputa por um título é Lewis. Ele é meu maior rival".


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