Destacamos as principais falas de Nuno Cobra, que vemos aqui a seguir:
Por que ele (Ayrton Senna) se interessou a começar a preparação física?
Ele achava que tinha problema no coração enquanto estava na Fórmula 3 Inglesa, por isso me procurou. Não aguentava nem uma corrida de 20 voltas e saía esgotado. E eu, que pouco acompanhava automobilismo, nem o conhecia.
No primeiro encontro ele me perguntou se eu poderia ajudá-lo, já que em algumas corridas ele saía de dentro do carro desmaiado. Aquele corpo franzino, bem fraco naquela época. Fizemos alguns exames e falei pra ele que o coração estava forte, ótimo. Só precisávamos trabalhar mais, estava atrofiado, ele tinha pouca resistência aos esforços físicos.
E como foram os primeiros meses de trabalho?

No primeiro ano dele na Fórmula 1, ele me contava que ainda desmaiava depois de algumas corridas, tamanho o esforço. Na África do Sul, por exemplo, ele chegou a desmaiar. Em Silverstone, ele também acabou passando mal. Mas o dom do “fazer” que ele tinha foi ajudando muito com o tempo.
Nessa preparação ele comentava sobre o mundo da F1?
Às vezes, sim. Em 1986, enquanto nos preparávamos perto de Londres, aconteceu algo curioso. O Enzo Ferrari cansou de ir atrás dele para convencê-lo a ir para a Ferrari. Ele ainda não era campeão, mas já tinha vencido corridas e a equipe viu o talento dele.
Além disso, o fator financeiro era muito forte nas propostas. Mas não era o suficiente para ele. O Ayrton me dizia que não aceitava, pois queria primeiro ser campeão algumas vezes da Fórmula 1, para depois ir para a Ferrari conquistar mais títulos. Naquela época, o carro da equipe estava em baixa. Mas era um plano que ele tinha.
Ele já chegou a contar como via a rivalidade com o Alain Prost?
Claro, ele falava sim. Para ele, o Prost era espetacular. Ele se esforçava muito para poder bater esses caras, principalmente o Prost. Nos piques que dávamos, ele se cansava, mas dizia que se lembrava do Prost e tirava determinação para continuar, para chegar na F1 “matando” esses caras, no bom sentido. Nisso, o Prost acabou sendo até motivador para o Ayrton.
Você chegou a trabalhar com o Rubens Barrichello, que agora está lá. Como vê ele hoje, aos 40 anos de idade?
Hoje vejo o Rubinho na Indy e ele parece uma criança. Recentemente, ele comentou que está conseguindo correr, fazer exercícios, graças ao trabalho que fizemos lá atrás, isso é muito gratificante. Ele ficou comigo pouco menos de dois anos, mas conseguimos um ótimo trabalho.
Infelizmente, o Rubinho não conseguiu se tornar um campeão da Fórmula 1. Na minha opinião, ele era muito melhor que o Schumacher. Se eles combatessem em condições iguais, o Rubinho que seria sete, oito vezes campeão mundial. Ele acertava o carro para o Schumacher.
E o Schumacher? A idade está pesando?
A idade não conta tanto assim, não. Um corpo de 40 anos produz a mesma quantidade de substâncias que um de 20. A preparação muda bem pouco. Agora, o Schumacher está mostrando quem ele verdadeiramente é. Apenas comum.
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