terça-feira, 19 de junho de 2012

A asa móvel vale a pena?*


* Por Rafael Lopes


Após vários campeonatos com poucas ultrapassagens, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) trouxe uma mudança radical em 2011: a adoção da asa traseira móvel ou, no inglês, Drag Reduction System (DRS). Nas corridas, o dispositivo pode ser acionado em locais pré-determinados pela direção de prova, sempre que o piloto de trás estiver a menos de um segundo do que está à sua frente. E a novidade cumpriu seu objetivo: de acordo com os números compilados pelo site inglês Clip the Apex, a temporada passada foi a que mais teve ultrapassagens na história da Fórmula 1: 1.152 no total, com média de 60,63 por GP. Em 2012, ela caiu para 55,57 (até agora), mas ainda muito acima de 2010, por exemplo, que teve 28,79. Mas uma pergunta permanece na cabeça dos fãs e dos especialistas: o uso do DRS vale a pena ou torna as disputas artificiais?

Bom, para mim, qualquer novidade que sirva para melhorar o show da Fórmula 1 é sempre bem-vinda. Mas concordo que o uso do DRS, na maioria das vezes, torna a defesa de posição quase impossível. Ou seja, deixamos de ver aquelas disputas no limite, já que os pilotos sabem que poderão usar a asa no momento certo e passar sem esforço. É o lado negativo do DRS, que dá essa sensação de artificialidade que vários fãs sentem. Mas grande parte disso é culpa da direção de prova, que errou várias vezes na escolha da área do uso da asa móvel. Só para ficarmos em uma corrida recente: qual a necessidade de se usar o DRS na reta Droit du Casino, local em que normalmente já ocorrem ultrapassagens? Não seria melhor escolher outro ponto, como o trecho que antecede o hairpin L’Epingle? Pequenas mudanças que fariam uma enorme diferença.

Ou seja, o uso do DRS deveria criar um NOVO ponto de ultrapassagem e não facilitar demais a vida dos pilotos em lugares em que as disputas já aconteceriam normalmente. É claro que os números cresceram e as corridas estão mais movimentadas. Mas acho um pouco injusto deixar o carro da frente sem chances de defesa, como uma presa fácil. Daria para aumentar o show com o uso da asa móvel em lugares diferentes. O índice de ultrapassagens seria maior, sem dúvidas, mas não tão exagerado quanto as médias das temporadas de 2011 e 2012 (até agora). Até mesmo pilotos impetuosos como Lewis Hamilton, que costumavam inventar pontos para superar os adversários, estão tendo paciência para passar com o DRS. Mas isso não é negativo para eles. Pelo contrário: eles demonstram muita inteligência ao lidar com as regras atuais da Fórmula 1.

Só que, apesar de toda essa discussão em torno do DRS, o principal culpado pelo aumento das disputas na Fórmula 1 é o desgaste mais acentuado dos pneus desenvolvidos pela Pirelli. Os pilotos passaram a necessitar de uma habilidade maior ao lidar com os compostos, que têm uma vida útil mais tênue. Quando o ponto ideal do pneu é superado, seu desempenho cai vertiginosamente. Foi o que vimos com Fernando Alonso e Sebastian Vettel na parte final da corrida em Montreal. Hamilton optou por duas paradas e venceu a corrida. Essa variação tática me agrada bastante. Boa parte da imprevisibilidade da temporada 2012 é responsabilidade dos pneus.

E a pergunta do título deste post, como seria respondida? A asa móvel vale a pena? Continuo a achar que vale, mas a área de uso do DRS precisa ser melhor escolhida pela direção de prova. A ideia teria de ser criar um novo ponto de ultrapassagem, não torná-las banais. É algo a se pensar para o futuro próximo, se possível mudar esse conceito ainda nesta temporada. E vocês, o que acham?

2 comentários:

  1. Quer emoção?? Ultrapassagens reais? Os pegas como antigamente?
    Tira asa móvel, tira regulagens internas feitas pelo piloto, tira Kers, e toda parafernália.
    Volta o reabastecimento, libera o pneuzão largo, motorzão, aerofólios e spoilers.
    Aí, é só pé embaixo e o pau comendo na pista!
    Quem tiver mais braço, faz curva corrigindo no vácuo e sai colado na reta.
    Quem tiver coragem, põe de lado.
    E quem tiver mais cú, freia depois!!

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  2. Precisa ser engenheiro, fazer milhões de cálculos, computadores HI-TEC, gastar milhões de dólares em pesquisas e testes, salários caros pra saber disso e chegar nessa equação???
    Mas aí né, a competição mesmo, na sua essência, é o que menos importa hj...

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