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sexta-feira, 18 de maio de 2012
POR QUE BARRICHELLO É UM SUCESSO NA INDY*
*Por Mark Glendenning, do Autosport.com
A vasta extensão do centro de exposições que dobrou com o paddock da Indy em São Paulo provocou o caos com a acústica. Como consequência, levou alguns instantes para o louco clamor – um incorpóreo e sobrenatural grito que soava como um ritual espírita tomando forma – repentinamente fazer sentido.
Um rápido movimento em direção à fonte do tumulto, passando a Ganassi à esquerda e a Penske à direita, revela um grupo de talvez um milhão de fãs, com as câmeras dos celulares ao alto. Tentando passar por eles, está Rubens Barrichello, equipado com uma scooter, um sorriso confuso e o olhar adotado por todos os pilotos de F1 (que lhes permite olhar por cima do ombro de dúzia de pessoas simultaneamente). Em alguns instantes, ele alcança o santuário da barreira que separa os fãs da área de controle da prova e desaparece na sala dos pilotos, deixando para trás um grupo de pessoas ansiosas e maravilhadas após um minuto com a realeza.
A glorificação não se restringe a Barrichello. Uma aparição de Hélio Castroneves provoca uma reação semelhante antes do piloto chegar até a barreira para assinar autógrafos e posar para fotos. Os gritos para Tony Kanaan foram recompensados com uma onda quando ele passa com sua scooter. Até a relativamente discreta Bia Figueiredo, disputando a primeira de suas duas provas pela Andretti, provocava histeria assim que mostrava a cabeça para cima do parapeito da área de pilotos. Mas quando Rubinho apareceu, foi como se os fãs tivessem achado uma forma de elevar seu ânimo para o nível 11.
Os fãs brasileiros da Indy se provaram fanáticos no ano passado, quando desafiaram a chuva enquanto permaneciam sentados nas arquibancadas à espera da corrida de que todos sabiam que certamente seria adiada por um dia. A expectativa de ver Barrichello vencer em casa – algo que os habitantes de São Paulo tem sido incapazes de ver durante as muitas visitas a Interlagos, a 25 quilômetros dali – eleva sua animada devoção a um nível inteiramente novo.
Seriam eles irrealistas? A resposta mais fácil é: menos do que em algumas ocasiões em que levaram as mesmas esperanças para Interlagos. Barrichello ainda não compreendeu todas as idiossincracias da Indy, levando em conta de que os ovais ainda estão por vir. Mas ele está aprendendo rapidamente. Uma estreia difícil em São Petersburgo foi respondida com três términos consecutivos no top 10. Os números, por si mesmos, não significam muito, mas sua posição média de chegada – 11º - após as primeiras quatro provas se sai bem contra a do atual campeão Dario Franchitti (10,75) e dos companheiros de equipe Tony Kanaan (15,75) e Ernesto Viso (11,75).
De forma mais incisiva, o décimo lugar conquistado no parque do Anhembi, nas ruas de São Paulo, se deve mais às bandeiras amarelas inesperadas. Se tivesse sido um pouco diferente, ele ficaria entre os quatro primeiros com mérito. As estratégias de corrida da Indy são um pouco mais elásticas do que a F1 e o momento da bandeira amarela pode facilmente tirar dez posições de um piloto. Barrichello provou do lado errado da estratégia no Brasil e admitiu que isso o afetou ligeiramente.
“Tenho de dizer, eu não entendo a corrida. Estava andando em terceiro ou quarto, e de repente, estava em 17º. Tive alguns problemas com os pitstops, mas a estratégia foi um grande fator. Após a prova, pedi ao Dario [Franchitti] me ensinar a rodar na hora certa, porque, às vezes, você roda, põe a gasolina na hora certa e, de repente, está na frente.”
No começo da temporada, ele soou francamente decepcionado ao falar ao “USA Today”, após sua estreia, sobre a primeira prova em que a prioridade era poupar combustível.
“Sou o tipo de piloto que gosta de pressionar. Quero estar no meu máximo todo o tempo, mas nesta corrida, era poupar, poupar, poupar todo o momento. Não podia forçar o carro o máximo que podia, e isso foi frustrante.”
Sua irritação era compreensível – um problema no medidor de combustível comprometeu sua prova no fim da corrida –, mas seria interessante saber se sua visão mudou desde então. Conservação de combustível pode não ser tão fundamental na F1 como na Indy, mas há momentos em que a administração do desgaste de pneus é exigida. Preservar a borracha e conservar combustível sem perder tempo de volta são habilidades diferentes, mas elas resultam de um mesmo ponto de partida.
Desde a primeira corrida, Barrichello assiste ao piloto da Chevrolet Will Power andar mais rápido do que todos, inclusive ele mesmo – e parar duas voltas mais tarde do que os outros pilotos do pelotão da frente. Power é um doente quando se fala de poupar combustível, mas mesmo assim, os desempenhos de Barrichello mostraram que há um meio termo entre velocidade e flexibilidade estratégica que o brasileiro ainda não respondeu.
Quando você entende o quanto Barrichello ainda tem de aprender na Indy, você aprecia o quanto ele já conquistou. Antes do início da temporada, esperava-se amplamente que Barrichello passaria as primeiras provas próximo ao amigo Kanaan para ser orientado. Na maioria das provas, no entanto, Kanaan não o alcançou, embora a entrada de Barrichello na categoria tenha sido favorecida por uma programação que começou com quatro circuitos mistos. Mas você esperava que ele tivesse aproveitado mais a experiência do campeão de 2004, agora que os ovais entram no jogo.
Menos de um ano atrás, a Indy se mostrou tão desesperada em apelar para o intercâmbio com outras categorias que anunciou um prêmio de 5 milhões de dólares pela vitória em Las Vegas, em uma tentativa de atrair um piloto da Nascar para o grid. Com a chegada de Barrichello, é impossível medir a quantidade de fãs de F1 que prestam maior atenção à Indy do que no ano passado, mas o fato de todos os ingressos para a prova terem sido vendidos sugere que a entrada dele tenha sido impactante. A cacofonia a cada vez em que ele saía da área da KV no paddock deve ser ressaltada.
Barrichello terá um pouco de trabalho antes de começar a vender tantas camisas quanto Danica Patrick, mas sua sólida legião de fãs tem feito muito para compensar sua saída da antiga categoria. E se seu ritmo inicial serve como guia, estes adeptos logo estarão comemorando mais do que sua mera presença na Indy.
kd o André de Itu, sumiu???
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