segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

BARRICHELLO: A DECISÃO DEVE SER TOMADA EM UMA SEMANA!

Sem vaga na principal categoria do automobilismo mundial após 19 temporadas completas, Rubens Barrichello não quer parar de correr. Mas ainda não definiu onde competirá em 2012. O piloto, que completará 40 anos em maio, faz questão de reforçar que ‘o futuro está aberto’. Seja para a Indy, onde foi o mais rápido num teste coletivo organizado pela categoria, ou mesmo na Fórmula 1, cujas portas estão fechadas no momento. Mas garante: não quer ficar em casa, informa o site Globoesporte.com

Com o olhar de um ‘novato’ que mostrou seu talento diante dos principais pilotos da Indy, Rubens não esconde o orgulho pelos tempos alcançados na pista de Sebring, quando foi o melhor entre os que testaram o novo chassi que a categoria usará em 2012.

- Eu me encontrei muito bem com o carro, essa é a verdade. Achei que teria muitos problemas para me adaptar aos pneus, porque passei 19 anos na Fórmula 1, onde há o cobertor (térmico), e na Indy você sai do box com o pneu a zero, mas foi uma adaptação rápida. Com 20 voltas eu já estava fazendo tempos bons. Isso foi impressionante, uma coisa gostosa de ter vivido. Um teste sem muita expectativa, que puxou um alarme forte na categoria por eu ter feito uma coisa que se espera de jovens, não de um quase quarentão. E eu sempre disse isso na Fórmula 1: eu não vendo experiência; eu vendo a juventude e a vontade que eu tenho atrás do volante. Isso que me impulsionou e dá o tom para um futuro que pode ser promissor – disse o piloto, em seu retorno ao Brasil.

‘Promissor’ é um termo apropriado para o momento. Rubens admite que já recebeu propostas relacionadas à categoria norte-americana, mas que sua decisão tem que ser muito bem pensada. Para quem vive há mais de três décadas de olho no cronômetro, correr contra o tempo não parece problema.

- Quero estar com o volante na mão, acho que não chegou o momento de parar. Realmente fui para lá sem intenção nenhuma, com a mente bem aberta. Mas sabendo que, como eu gosto tanto, poderia gerar alguma coisa. O telefone está tocando, é um momento muito legal, mas é um momento de atenção, em que tem que haver calma para analisar tudo sem querer dar um salto maior que a perna e aí então tomar uma decisão justa. A decisão não deve demorar, porque, se eu for mesmo correr de Indy, ela tem que ser tomada em uma semana – alertou Rubinho.

Sobre o comentado veto de sua esposa Silvana, que não gostaria de vê-lo correndo nos perigosos circuitos ovais dos Estados Unidos, Barrichello fala em tom diplomático. E dá a entender que a definição de sua vida profissional passará pelo círculo familiar. Neste fim de semana, o piloto se reunirá em seu sítio com os pais, a mulher e os filhos para descansar.

- Eu acreditei que eu correria de F-1 por uns 25 anos e, quando parasse, não haveria espaço para andar de Fórmula Indy. A Silvana sempre deixou meio em aberto, numa de “você não vai querer fazer isso, não é?” Existe, sim, muita paixão e muita curiosidade em saber como é outra categoria, e há uma incógnita sobre os ovais. Mas hoje a categoria permite fazer só os mistos, então está em aberto. A gente chegou de viagem agora, e tem uma semana para conversar e pensar nisso. A verdade é que eu não tenho intenção de ficar em casa. Gostaria, sim, de estar fazendo alguma coisa de forma muito competitiva. Pela Silvana, eu diria que tenho uns 75%, então eu tenho que decidir se é essa mesma a vontade e mandar ver – admitiu.

Mobilização na Indy
A participação de Barrichello nos treinos coletivos impressionou os engenheiros e o dono do time, o ex-piloto e campeão da Indy Jimmy Vasser. E também causou burburinho nos bastidores. Até o presidente da categoria, Randy Bernard, compareceu à pista de Sebring para vê-lo testar. Caso o piloto decida disputar a temporada 2012 ou parte dela, deve mesmo competir pela KV, equipe pela qual testou. Andar ao lado do grande amigo Tony Kanaan também é um incentivo.

- Entrar para ganhar é uma condição. A KV é uma equipe que está crescendo, que o Tony fez com que ela crescesse muito, evoluísse, mas eles têm que colocar um orçamento à disposição para que seja uma coisa muito vantajosa. Colocar um carro a mais, só por colocar, que vai trazer dificuldades para o time, não. Se acontecer, seria um prazer enorme correr com o Tony. Já corri com tanta gente que eu não gostei, e o Tony é um cara que eu gosto demais, então seria um prazer dividir um box com ele. Mas tem uma série de coisas envolvidas – ponderou.

Se o orçamento ainda é um obstáculo, pode se dizer que a vaga já existe. O japonês Takuma Sato, que correu na KV em 2011, assinou com outra equipe para 2012. Perguntado se voltaria à Fórmula 1 mesmo estando em atividade na Indy, Barrichello deixa a possibilidade no ar.

- Toda fase da vida é um renascimento. A gente tem que estar aberto para tudo o que acontecer. Aconteceu aquilo, meu futuro está em aberto. Se eu vou correr na Indy e isso vai gerar uma oportunidade futura, a gente tem que estar em aberto para qualquer situação. O importante é não fechar a porta e não se dar por vencido. Estou super em aberto mesmo. Se for para acontecer o que está previsto, correr de Fórmula Indy e isso gerar alguma coisa, que seja assim – finaliza o piloto.

Após 19 temporadas na Fórmula 1, Barrichello se viu sem lugar garantido na categoria com a confirmação de Bruno Senna na Williams. O brasileiro tem 11 vitórias, 68 pódios e o recorde de participações em GPs: 326, com 322 largadas. Nesta sexta-feira, a equipe HRT anunciou o indiano Narain Karthikeyan, completando assim a lista dos 24 inscritos na temporada 2012. É a primeira vez, desde 1992, que Rubens não aparece nesta lista.

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