terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Por que o automobilismo brasileiro está falido*

* Por Francis Henrique Trennepohl - Blog Poeira na Veia

Ontem recebi uma ligação perto do meio dia e, ao atender, era o Christiano Bornemann completamente indignado ao telefone me relatando uma situação que é no mínimo vergonhosa.

O Chris, o Lucas (seu irmão) e o Bruno (filho do Chris) estavam no final da reta de largada no Autódromo Internacional de Curitiba para assistir o Brasileiro de Marcas e o Festival Brasileiro de Marcas, quando a equipe de segurança chegou e mandou que se retirassem dali. O motivo? "Os bombeiros não autorizaram".

Piada! Ali é o local onde sempre há a maior concentração de público nas corridas, pois é onde os carros passam "de cano cheio" e sempre acontecem boas disputas.

As pessoas que ali estavam se negaram a sair, pois haviam comprado o ingresso e queriam assistir a prova naquele local. A polícia foi chamada para retirar as cerca de 30 pessoas que haviam ali.
O objetivo dos organizadores era aglomerar todo o público presente na arquibancada em frente aos boxes, "para fazer volume" e possivelmente tirar uma foto das arquibancadas "lotadas" e enviar para os patrocinadores.

O que mais me deixa indignado e revoltado é saber que a empresa responsável pelo Brasileiro de Marcas é a VICAR, do Sr. Carlos Col, ex-piloto da Stock Car (inclusive Campeão) a quem já fiz elogios no passado, dos quais me arrependo amargamente, pois o Col nos últimos anos vem numa sequência de atitudes e decisões lastimáveis que apenas comprovam seu interesse no "business" e não no esporte.

Acho mais do que justo que quem se dispõe a correr atrás de patrocínio e organiza um campeonato leve a sua "pontinha" no negócio, afinal de contas nem cachorro balança o rabo de graça, mas quando valores morais, éticos e humanos são deixados de lado em prol da conta bancária fica impossível ter algum respeito ou admiração por uma pessoa dessas.

Abaixo o desabafo do Lucas e do Chris, e as imagens e o vídeo.

"Por que o automobilismo brasileiro está decadente e falido? Por que as empresas nacionais não investem em patrocínio e no automobilismo em geral?
Este fim de semana pude ter uma idéia do que pode ser um dos grandes motivos.... A total falta de respeito para com o público que acompanha, e que deveria ser tratado da melhor maneira possível.
No dia de hoje 04/12/2011 eu Lucas Bornemann, acompanhado de meu irmão e meu sobrinho, fomos até o Autódromo Internacional de Curitiba, a fim de prestigiar alguns amigos que participariam do festival de Marcas 1600 e também no intuito de acompanhar o Campeonato Brasileiro de Marcas, categoria esta que até então tínhamos certo interesse de verificar a possibilidade de participarmos de algumas provas ou talvez até do campeonato todo.
Ao chegarmos no autódromo nos dirigimos até o final da reta, ponto em que sempre assistimos as corridas no AIC, pois todo mundo que entende um pouco de corrida sabe que ali é o melhor ponto da pista para se acompanhar uma prova. Pois se for para eu acompanhar uma corrida vendo apenas a reta eu prefiro ir ver uma prova de arrancada, ou ficar em casa assistindo TV.
Chegamos faltando uns 15 minutos para o inicio da primeira bateria do Brasileiro de Marcas, e percebia-se claramente, que o público era muito pequeno. O que em se tratando de provas no AIC não é nenhuma surpresa e segredo para ninguém.
Sentamos em nosso local de sempre, perto da placa da freada de 100 metros, ao nosso entorno haviam aproximadamente mais umas 30 pessoas. O que aconteceu na sequência foi algo que eu nunca tinha visto e não acredito até agora que ocorreu.
Alguns seguranças vieram em direção a nós e todo o público presente nesta área dizendo que não poderíamos permanecer neste local e que deveríamos ir para a arquibancada da reta. Perguntamos o motivo e nenhum dos seguranças soube falar, e como todos os ali presentes se recusaram a sair eles foram embora.
Aproximadamente 3 minutos antes da largada, apareceu um Senhor com a camisa da Vicar, entitulando-se promotor do evento, e cujo nome disseram ser Manoel, o que não posso assegurar. Então este senhor acompanhado de quatro policiais veio fazendo um arrastão e retirando todas as pessoas que se encontravam na arquibancada ao final da reta.
Perguntei a este Senhor qual o motivo disto e o mesmo não me respondeu, ele realmente não tinha um argumento válido, um assessor seu, acredito que era o responsável pela equipe de seguranças, tentou argumentar que era uma questão de segurança. Ai perguntei, será que havia o risco de algum acidente naquele local? Acho que não, só se colocássemos asas nos carros para algum conseguir chegar até aquela arquibancada. Então este responsável pela segurança disse que o problema era, segundo palavras dele, a "favela" que existe na divisa com o autódromo e que poderiam vir nos assaltar naquele ponto. Primeiro, não vejo favela nenhuma aos fundos da arquibancada, segundo, acho que seria um pouco improvável alguém tentar assaltar 30 pessoas ao mesmo tempo, e por final, se realmente o perigo era este, não seria mais fácil colocarem os quatro policiais e os cinco seguranças do evento que vieram nos retirara da arquibancada para cuidarem do local e assegurar que pudéssemos assistir a corrida de onde quiséssemos?
E tem mais, se realmente sabiam que aquele local não tinha segurança, por que proibiram a entrada e a permanência neste local somente depois do inicio do evento, deveriam avisar isto com antecedência, assim não pegariam ninguém de surpresa e tudo estaria resolvido. Quem não quiser ver da reta não vá ao evento e pronto.
Mas sabem qual o real motivo para essa palhaçada toda, e essa total falta de respeito? A falta de público, como disse no começo, o público era ínfimo no AIC para a grandiosidade do evento, e do investimento ali deixado por patrocinadores como Petrobras, Pirelli além das marcas oficiais Honda, Chevrolet e Ford.
Como o público era pequeno, e disperso pelas arquibancadas, parecia ainda menor. Qual foi a grande idéia do Senhor Promotor do evento? Fechar a maior arquibancada do autódromo e juntar todos os poucos presentes na arquibancada da reta, que além de ser a menor, fica de frente para as filmagens da TV e também para os camarotes dos patrocinadores. Ou seja, assim todo mundo se engana. Os promotores se enganam achando que o público compareceu em bom número, como já está anunciado no site do Campeonato Brasileiro de Marcas, enganam as marcas patrocinadoras que acham que investiram bem seu dinheiro, e enganam principalmente o público.
Acho que o grande problema nestes eventos é que eles não são realmente feitos para o público, são feitos para algumas pessoas ostentarem algum cargo e se sentirem importantes na vida, para algumas pessoas também levarem muito dinheiro sem muito esforço. Pois não acredito que os promotores deste evento tenham tido lucro com o público ali presente, e pelo que presenciei, não estavam nem interessados em manter os presentes ali. Ou seja, a bolada deve ser grande de outro lado.
Então me pergunto, será que é esse o interesse dos patrocinadores e também dos pilotos deste evento?
Dentro dos boxes tudo é lindo, camarote, tudo bem organizado, mas se o piloto e o patrocinador olharem em volta verão que ali estão seus parentes, conhecidos, pessoas que já conhecem sua marca ou seu trabalho, quem realmente deveria ser cativado e que levaria a marca ou o nome do piloto a outro patamar de conhecimento, está lá do outro lado da cerca é o público.
E ai faço um desafio aos pilotos do Brasileiro de Marcas e aos patrocinadores deste campeonato. Saiam da área VIP um pouco e dêem uma olhada lá fora. Tentem uma vez mudarem de lado e virarem espectadores. Será que é num evento como o deste dia 04/12/2011 em Curitiba, que o responsável pela área de marketing da Petrobras quer ter sua marca atrelada? Será que o público presente e a forma como eles foram tratados valem os milhares ou milhões de reais que a Pirelli ou a Chevrolet investiram? Será que valeu a pena a idéia da Honda e das outras marcas em fazerem um estacionamento VIP para os carros da marca que foram ao autódromo e ver que neste estacionamento tinham apenas meia dúzia de carros?
Bom meus amigos, até me desculpo por ter me alongado tanto, mas o sentimento de indignação é tanto que é difícil conter as palavras. Indignação por ter sido tratado de uma maneira que jamais imaginei dentro de um autódromo, e sem motivo nenhum, e indignação por ver o despreparo das pessoas que deveriam fazer nosso automobilismo crescer e cada vez o afundam mais.
Podem ter certeza que eu e as outras pessoas que ali se encontravam não pisaremos mais no AIC e nem em um evento organizado pela VICAR. Infelizmente para a Vicar e para o AIC, isto não fará a mínima diferença, mas quem sabe se todos nós resolvermos não prestigiar mais estes eventos eles fiquem mais felizes em seus camarotes se enganando e enganando seus patrocinadores sem ter que se preocupar com esse publico que só incomoda não é mesmo?

Lucas Bornemann"


"Após anos passados, eu Chris Bornemann, piloto, e meu irmão Lucas Bornemann, também piloto, e meu filho Bruno Bornemann, presenciamos mais uma cena lastimável nos bastidores do automobilismo Brasileiro, em particular no famoso AIC (Autódromo Internacional de Curitiba).
Em meados dos anos 90, eu já havia visto, neste mesmo local, uma família tendo que "apagar" sua churrasqueira, pois isso era proibido naquele autódromo. Após duas décadas, eu e o Lucas que juntos, somamos 10 títulos de automobilismo (velocidade na terra), fomos no dia 04/12/2011 retirados da arquibancada no fim da reta do AIC, juntamente com mais ou menos 30 pessoas (público vergonhoso para um evento com tamanho investimento).
Sem um argumento válido, um cordão de seguranças, somado a polícia local, obrigaram os presentes a se retirarem do famoso fim da reta do AIC.
Com um possível interesse na categoria Marcas Brasileiro para 2012, eu o Lucas e mais alguns conhecidos nos dirigimos ao autódromo. O público estava aquém do esperado para os organizadores, então acredito que estes resolveram colocar os poucos presentes em um "cercado", para que apenas naquele ponto, a foto para divulgação do evento saísse cheia. Se o problema para a não permanência no fim da reta fosse realmente segurança, relacionado aos vizinhos moradores do autódromo, então acredito que a polícia e a empresa de segurança atuante deveriam usar deste poderio para proteger o público e não retirar os poucos que prestigiavam o evento.
É lastimável o que aconteceu. Este é um dos motivos que me levam ao investimento na velocidade na terra, onde colocamos em 2011, de 5 a 10 mil pessoas em cada evento! E onde as pessoas pagam seus ingressos e podem assistir as corridas onde quiserem, fazendo seu churrasco e confraternizando com sua família".

Christiano Bornemann"

5 comentários:

  1. Parabéns ao pessoal que registrou essa vergonha, essa palhaçada.
    Vamos divulgar isso sem dó e mostrar o que é a Vicar!
    Por isso e outras coisas que eu já não acompanho mais a Stock Car. Torço muito pro Cacá, o acho um excelente piloto, mas de minha parte, nem audiência terão mais.
    Vamos divulgar esse vídeo!
    E com esse vídeo na mão, metia um processo na Vicar, por constrangimento, cerceamento de direito, danos morais e o que mais o advogado achasse pertinente.
    Absurdo é pouco pra descrever isso.

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  2. Os autores desse vídeo deviam encaminha-lo aos patrocinadores da categoria, pra mostar o quanto estão sendo enganados e lesados.

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  3. Por inúmeras vezes eu vi e estive naquela área, até quando fui ao camarote da Formula Truck, pois é o local mais emocionante e onde todos querem ficar - esse tipo de coisa é o que desmotiva a fazer parte do publico.

    OBS.: Nunca fiquei sabendo de algum carro que saiu voando na arquibancada, nem mesmo em arrancadão que acontece toda semana.

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  4. PM do Paraná ainda é feita de palhaça...se mistura com os segurança e administradores da corrida.
    tinha que levar pra delegacia os representantes da Vicar...venderam ingresso e depois não pode ficar...aqui no RJ a PM nem se metia...deixava o abacaxi para os "seguranças"...
    palhaçada..Procon...estatuto do torcedor neles....

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