segunda-feira, 22 de agosto de 2011

INTERESSES ARTIFICIAIS*

* Por Bruno Vicária - http://www.totalrace.com.br/blog/brunovicaria/2011/08/19/interesses-artificiais/


Todos reclamam. Luiz Razia, Felipe Nasr, Bruno Senna, Lucas di Grassi, Adriano Buzaid, vários nomes que estão à caminho da F-1 (e até veteranos, como Rubens Barrichello e Felipe Massa) falam para quem quiser ouvir: falta apoio aos competidores brasileiros.

Desta vez, Cesar Ramos sentiu na pele como é ficar quase a pé. Aos 45 do segundo, um de seus patrocinadores (que é italiano, não brasileiro) conseguiu pagar a parcela atrasada da cota comprada e o piloto gaúcho poderá correr a etapa de Silverstone, neste fim de semana.

Contudo, sua presença nas duas etapas seguintes ainda não está certa. Assim como os outros não sabem de 2012. Em um momento tão frutífero para a economia brasileira, as empresas daqui teriam uma obrigação moral de ajudar. E não só no automobilismo, mas em outros esportes que não sejam futebol _este, o mais simples e mais rentável.

Muitos falam que, se Massa tivesse conquistado o título de 2008 a história atual seria diferente. Concordo. Foi o que aconteceu com Gustavo Kuerten, ou o que acontece agora após o sucesso de Cesar Cielo. Agora, há uma enxurrada de novas promessas.

Imaginem, com Massa campeão, o que teria acontecido com campeonatos como F-Futuro e F-3. Ou a quantidade de pilotos que estaria no exterior competindo com exposição considerável. Mas aqui, no Brasil, piloto só tem destaque se for campeão. Vice é lixo, infelizmente.

E, se não tem apoio dentro da própria casa, como terá fora?

É para se pensar.

Não que podemos ter um intervalo entre um piloto ou outro na Fórmula 1, mas, se um piloto surgir, ganhar tudo sem apoio do país e não levantar a bandeira no alto do pódio, eu vou achar bem-feito e justo. E os ignorantes vão dizer que ele devia ser patriota. Mas quem o ajudou no caminho todo?

As pessoas aqui gostam de ver o produto na vitrine, mas não o processo inteiro.

Para mim, brasileiro não gosta de automobilismo.

Se gostasse, incentivaria. Iria na arquibancada a troco de nada, gastaria R$ 25 reais ao invés de ficar chorando credencial (até de serviço) para desfilar no paddock se achando o tal, aproveitando o boca livre e puxando o saco das pessoas.

Mas não.

Gastar mais de R$ 2 mil para ficar o dia inteiro mofando no sol ou chuva para ver 2h de carrinho andando na F-1 as pessoas pagam e acham bonito, mas R$ 25 para fazer o mesmo numa Stock Car e em um GT Brasil é um absurdo, é o que sempre ouço por aí.

Como eu disse, o interesse genuíno do público atrai empresas, alimenta pilotos e equipes e melhora o espetáculo. Se esse interesse fosse real, as pessoas saberiam nome dos pilotos, a classificação do campeonato, acompanharia pela televisão, internet, revista, rádio, e isso movimentaria o mercado, pois a mídia também teria anunciantes e melhoraria ainda mais a qualidade da informação, que hoje em dia é dada com muito suor e esforço, com o apoio de poucos abnegados.

O que vemos hoje em dia é interesses artificiais. E piloto dependendo de patrocínio europeu pra tentar um lugar ao sol.

O público brasileiro não faz a sua parte, acha que reclamar e cobrar é o suficiente.

E, para mim, não gosta de automobilismo. Adoraria que calassem a minha boca e provassem o contrário.

E, antes que você, leitor que discordou, pense em reclamar, olhe pra casa do vizinho. Dê uma visitinha na Argentina.

Depois a gente conversa.

5 comentários:

  1. sinto muito colegas,mas eu não associaria o nome da minha empresa a pilotos que entregam vitorias,imagina a ``CARA´´ do PATROCINADOR no dia seguinte a um gp da alemanha/2010 ou um gp da austria/2002,como é que eles vao ``soltar´´ o comercial de um piloto te indicando um produto no dia seguinte a um fato desses???CAVARAM SUAS PROPRIAS SEPULTURAS...

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  2. vejo que o brasileiro não gosta mesmo de automobilismo, aliás não gosta de esporte nenhum além do futebol... brasileiro só gosta quando vê outro brasileiro ganhando e aí pode ser em qualquer modalidade que todos se tornam "especialistas" e fãs do assunto, isso até vir o primeiro fracasso e o ídolo do momento virar vilão ou piada nacional... lamentável!!!

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  3. Povo sem memória, sem vergonha na cara, sem caráter.
    Cadê os caras-pintadas que, muitos sem nem saber porque, foram até Brasília exigir impeachment do Collor?
    Pq não foram lá protestar contra aquele aumento absurdo dos salários dos deputados, ou contra a corrupção desenfreada que lá se instalou?
    Não, é mais fácil votar no Tiririca, afinal de contas, pior do que está não fica né? Será que não?
    A gente vive tirando sarro dos argentinos, mas lá eles fazem panelaço, enfrentam polícia e derrubam presidente.
    E voltando ao automobilismo, podemos excluir um pouco o povo do sul do Brasil, eles prestigiam bastante as categorias locais, vão aos autódromos.
    Na argentina, as principais categorias como a TC, TC 2000, Turismo Carretera, arrastam milhares aos autódromos, grande sucesso por lá.
    Aqui, malemá se sabe da F-1.
    E não podemos nos esquecer dos nossos competentes cartolas do automobilismo nacional, também responsáveis por tanto incentivo as categorias locais, pilotos iniciantes e por essa onda de entusiasmo da população em acompanhar tudo.
    Nem tiro mais sarro dos argentinos, nem no futebol, pq nem nisso tá dando mais...

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  4. Não adianta pessoal. O Brasil só vai mudar quando estiver a beira do penhasco. Enquanto tiver mais gente querendo saber quem matou a Norma, do que quem matou a juíza Patrícia Acioli estaremos todos condenados.

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