quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A ZONA NO AUTOMOBILISMO NACIONAL*

* Por Victor Martins

Foi um amigo das pistas, e resguardo seu nome, que me atentou para uma regra que será diversificada em 2011, confirmada por outros: quem corre na Stock Car não vai poder andar no Trofeo Linea neste ano, tal como o piloto que na primeira está não pode estar na F-Truck, e vice-versa. Coisa pouca, sabe?, mesquinha, dessa gente meio acéfala que comanda e não ajuda e não se ajuda.

Coisa da Vicar, sabe?, aquela que está organizando um Campeonato de Marcas e quer valorizá-lo, e assim agiu provavelmente porque a Fiat não deve ter tido interesse em botar seus carros no certame vicarístico, então aí se passa a caneta e fode-se a vida do pobre piloto. Cacá Bueno, então, não vai ter como defender seu título em 2011 no Linea porque está proibido, e aí vai falar isso para um português para ver se ele não tira sarro da piada pronta. Alceu Feldmann, Allam Khodair, Popó Bueno, Thiago Camilo, dentr’outros, terão só uma única alternativa na carreira in Brazil. E o certame que mais deu certo dentre aqueles criados pelos Massa se esvai.

Ser piloto aqui, às vezes, é sinônimo de ser heroi, porque deve ser um saco ter de engolir esse povo velhaco que cria e dita regras e os transforma em marionetes apenas capazes de virar para a esquerda e a direita, acelerar e frear. E muitos dos garagistas e preparadores que vivem das competições estão abandonados, com vermes e moscas rodeando as cabeças decompostas pela impossibilidade de agir, gente que dedicou tempo, vida e obra para que neles obrassem. Você, piloto que corre no Brasil, é um cara totalmente feliz com sua profissão? Você, chefe de equipe, tem situação financeira saudável no fim do ano? E você, dirigente-mor, encosta a cabeça no travesseiro tranquilo de que está fazendo a coisa certa?

O esporte a motor aqui é assim, ó: autódromos não recebem um cuidado mínimo, são destruídos, kartódromos idem, uns tantos mal saem da planta porque sempre há um ou dois bolsos prontos para ficarem cheios, campeonatos surgem e são podados, pilotos têm de saber nos ovos onde pisam e não podem pisar no do vizinho, empresas com interesses em patrocinar diminuem a cada ano, TV rival é TV inimiga, a entidade cruza os braços e cobra taxas, e é uma onda de lavagem de dinheiro e evasão fiscal do cacete. O automobilismo brasileiro é um grande tapete vermelho que serve só para esconder a poeira suja e acumulada.

Está absolutamente tudo errado. Sabe? Ô se sabe. O ideal seria se o automobilismo brasileiro fosse tipo um carro de rua, e cada piloto e/ou entusiasta pudesse junto apertar o botão para zerar, deixar tudo como uma tabula rasa. Só um recomeço salva o esporte, hoje caminhando para a fase terminal do câncer devidamente espalhado em metástase por essa gente que carrega no DNA a estranha mania de cuidar mal dele.

2 comentários:

  1. Falou e falou bonito, cutucou a ferida mesmo.
    E faz teeeeeempo que falamos disso aqui, postamos e reproduzimos textos e mais textos parecidos, mas tudo indica que os cartolas são intocáveis, pois critica-se, grita-se, protesta-se muito, mas tudo em vão. E a coisa val de mal a pior.
    Culpa de quem? De muita gente.
    Na minha humilde e singela opinião, os prejudicados deveriam se revoltar, boicotar e cruzar os braços e, como disse o autor em certo trecho do texto acima, foda-se a vida. Pode ser prejudicial aos próprios no princípio, mas só assim os cartolas vão se tocar e parar com esses desmandos.
    Se as principais categorias fizerem isso, duvido que a coisa não mude.
    Mas, enquanto se abaixa a cabeça e se diz amém, a coisa vai continuar de mal a pior.
    Lamentável.

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