* Por Flávio Gomes
De tempos em tempos, Bernie Ecclestone sai a campo para meter o pau em Interlagos. Reclama do espaço, dos boxes, do entorno, da paisagem. Até alguns anos atrás, o alvo era o asfalto. Como foi resolvido, e piloto nenhum se queixa mais do piso, que se escolha alguma outra coisa para esculhambar.
Eu diria que não precisamos de Ecclestone para malhar Interlagos. Conhecemos bem o entorno, a paisagem, as deficiências. A cidade engoliu o autódromo, de fato é uma região feia da cidade, não se compara às marinas de Valência ou Cingapura.
Mas é o que temos, bonitão. E melhor faria o dirigente máximo da F-1 se em vez de ficar resmungando contra o autódromo, repartisse os lucros com a cidade. Que tal? Que tal ajudar a urbanizar as favelas? Que tal destinar parte do que a categoria arrecada para a manutenção do autódromo?
Interlagos tem vários problemas. Mas é o autódromo que mais melhorou nos últimos anos em relação ao que era duas décadas atrás, quando voltou a receber a F-1. Se não tem o brilho cafona-novo rico de pistas como de Abu Dhabi ou Bahrein, tem tudo que precisa ter e mais um pouco. Aquilo que não se compra na esquina: história e personalidade.
Interlagos tem 70 anos de vida. Os pilotos gostam da pista. O público que vai ver o GP do Brasil gosta de corrida. Não é artifical, como nesses autódromos do Oriente, onde nem de camelo se corre. China, Cingapura, Turquia, Malásia, Abu Dhabi e Coreia do Sul não têm GPs de F-1. Têm eventos corporativos. É um crime de lesa-automobilismo que países como França, Portugal, Argentina, Holanda e Suécia, por exemplo, estejam fora do calendário para satisfazer os anseios mercantis pessoais de Bernie, que faz 80 anos em outubro e não se cansa de buscar meios para ficar mais e mais rico.
O autódromo ganhou um novo administrador recentemente e numa conversa por telefone ele me contou que uma das prioridades agora será o estudo de um novo traçado para Interlagos. Quem sabe ressuscitar trechos da pista antiga, de quase 8 km, uma das mais espetaculares de todos os tempos que foi mutilada para que a F-1 permanecesse no Brasil.
Essa é uma boa ideia. Aumentar a extensão do traçado, criar percursos alternativos que possam dar mais flexibilidade de uso ao autódromo, revitalizá-lo esportivamente, de olho no automobilismo, e não na estética. Ninguém precisa de boxes climatizados, torres de controle espelhadas, coberturas de arquibancadas que lembrem tendas árabes.
Cada país que faça seus eventos internacionais do jeito que der, dentro de suas possibilidades e realidades econômicas e sociais. Está na hora de as grandes entidades mundiais esportivas, como FIA, COI, Fifa e outras, compreenderem que dinheiro não dá em árvore em qualquer lugar.
sem falar que se converter o preço do setor g (que é o mais barato)em dolares,o gp brasil é um dos mais caros da temporada!!!
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