segunda-feira, 31 de maio de 2010

PILOTOS: NORMAN CASARI

Norman Barbosa Casari nasceu em São Paulo, a 2 de março de 1936, filho do industrial italiano Antônio Casari e de dona Sílvia Barbosa. Começou a dirigir aos dez anos de idade, em 1946, quando deu umas voltas no Ford com seu pai, o "velho" Casari, que apesar de orgulhoso do filho, não tirava os olhos do volante e do breque. Aos 12 anos, sentindo que dominava o carro do pai, chamou um amigo e deu uma "voltinha" no bairro. Ganhou uma bronca do "seu" Casari e dona Sílvia. Mas seu sonho era ser um grande automobilista.

Por volta de 1950, com 14 anos, pouco depois de mudar-se para o Rio de Janeiro, participou de uma corrida de bicicletas motorizadas. Não gostou da experiência.

Sua primeira corrida foi em 1960, aos 24 anos, com um Volks, na inauguração de Brasília. Depois comprou um DKW-Vemag e foi correndo com o nº 96, que dizia ser seu número de sorte, e mostrou tão bem sua habilidade que foi convidado a pilotar os carros da equipe oficial da Vemag.
Em 1965 Jorge Lettry, Chefe do Departamento de Competições da Vemag, criou a idéia de construir um carro (streamlined) para estabelecer um recorde brasileiro de velocidade absoluta em linha reta, e finalmente após 8 meses de trabalho em segredo, desenhado por Anisio Campos, construído por Rino Malzoni em chapa de alumínio sobre um chassi de Fórmula Junior fabricado por Toni Bianco em 1963, que era da equipe Vemag, o carro "Carcará" ficou pronto.

Em 29 de junho de 1966 pode-se dizer que Norman Casari estava no lugar certo, na hora certa, e que era seu dia de sorte, pois na última hora Marinho Camargo piloto escolhido para bater o recorde, não sentindo muita confiança naquele bólido, desistiu de guiar o streamlined. "- O bicho “passarinhava” demais, parecendo incontrolável". Lettry convidou então Casari e ele aceitou o desafio, mas não sem antes colocar um volante de madeira com enorme diâmetro para minimizar as reações, tornando a direção mais lenta, afinal o recorde seria tentado em linha reta.

Num piscar de olhos entrou para a história do automobilismo brasileiro.

Na noite do mesmo dia em que estabeleceu o primeiro recorde brasileiro de velocidade absoluta pelos padrões da FIA: 212,9km/h no início da Rio-Santos, hoje Avenida das Américas, inaugurou sua oficina autorizada DKW-Vemag, a Cota, em sociedade com seu amigo Mauro de Sá Motta Filho.
"- Muita emoção para um brasileiro só". - foi o que disse, ao final de tudo.


Recorde batido, o Carcará voltou para a fábrica Vemag e depois foi doado a Norman Casari, ficando em exposição na sua concessionária "Cota" em Botafogo.

Foi a fase de ouro da carreira do volante nascido em São Paulo e radicado no Rio de Janeiro.

Norman estreou oficialmente em 1960 com um Volks, mas foi com carros DKW-Vemag que ganhou fama. Em 1966 Norman Casari conquistou o título carioca depois de ganhar quatro das cinco corridas válidas, três delas com o DKW Malzoni, e a outra com um DKW Vemag. Campeão do ano anterior, Norman Casari era o franco favorito à conquista das vitórias já nas corridas iniciais do Campeonato Carioca de 1967. A recompensa pelo trabalho no desenvolvimento do carro foi o bicampeonato carioca. Depois Norman correu de Fórmula Vê, foi dono de pistas de kart no Rio e em Itaipava, fabricou karts e também correu com um Lola T70. Em seus últimos anos como piloto, correu com Ford Maverick.

No final do ano de 1968 foi para a Europa tentar, junto com Luiz Pereira Bueno, Milton Amaral e Ricardo Achcar, uma chance de participar do Campeonato de Fórmula Ford e para isso fazem um teste na equipe de Stirling Moss, todos vão bem, mas chance mesmo só em 1969 para dois deles. Então em maio de 1970 vai para a Inglaterra e participa de três corridas de Fórmula Ford com um Titan Mk-6 alugado do piloto Valentino Musetti.

Apesar dos bons resultados, volta ao Brasil. Em 1970 já morava em Petrópolis, RJ.


A equipe Casari/Brahma, do Rio de Janeiro foi quem iniciou o movimento de grandes patrocinadores no automobilismo brasileiro, estreou em 1970 com uma Lola T70 Mk3A/Chevy, 4999cc e 430 cv nas X Mil Milhas Brasileiras, e como sempre com usando o nº 96. Em 30 de maio de 1971, na prova 300 Quilômetros de Tarumã, a Casari/Brahma inscreveu dois bonitos carros: a Lola T70 que Norman pilotou e o protótipo Casari A1, pilotado por Jan Balder, um lindo carro que levava o nome de seu construtor. O Casari A1 tinha chassis herdado do Carcará, motor Ford V8 de Galaxie, com coletor de admissão e tampa da corrente do comando feitos em alumínio pelo próprio Norman em Petrópolis/RJ, a carenagem frontal Norman usou uma do AC, pois considerou que era mais fácil e econômico a adaptação do que criar uma frente totalmente nova, e foi cedida por Anísio Campos para contribuir para o sucesso do projeto do amigo.



No final da década de 70, foi diretor do Autódromo Internacional do Rio de Janeiro.

O Carcará foi desmontado para aproveitar seu chassis na construção do protótipo Casari A1, e depois sua carroceria foi cedida à Glaspac, uma empresa fabricante de bugues e réplicas de carros em plástico reforçado com fibra de vidro. Ficou jogado num galpão por um tempo, até que a empresa precisou esvaziar a área, e como ninguém sabia o que era aquele estranho carro que não servia para nada, o venderam como sucata de alumínio.

Norman Casari morreu dia 31 de dezembro de 2005, em Petrópolis, de insuficiência respiratória (provocada por um câncer descoberto três semanas antes). Tinha 69 anos, divorciado (duas vezes), deixou três filhos, dois do primeiro casamento, Antônio e Cecília, e uma do segundo casamento, Isadora.

Em 2005 foi construída por Toni Bianco uma réplica do Carcará para a "Associação Cultural Museu do Automobilismo Brasileiro" de Passo Fundo/RS, que tem a orientação de Paulo Trevisan, para uma homenagem aos 40 anos do recorde, e Norman seria um dos homenageados.


Fonte: Blog Bandeira Quadriculada

2 comentários:

  1. bela história, essa eu não conhecia...
    e será que o DKW#96 do flávio gomes tem algo a ver com a história do #96 casari???

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