quarta-feira, 10 de março de 2010

A VOLTA, DEZ ANOS DEPOIS*

* por Rodrigo Mattar

Em 2000, eu estava lá em Jacarepaguá, quando a pista carioca ainda era uma das melhores da América do Sul e também do mundo. Foi o último ano da então Fórmula Indy aqui no Brasil, cabendo a vitória, na ocasião, ao mexicano Adrián Fernandez. Quis o destino e a ganância de algumas pessoas cujos nomes não cabe citar que o autódromo da Cidade Maravilhosa fosse completamente destruído anos depois do cancelamento definitivo do evento em terras tupiniquins, em 2001.
Hoje, uma década depois, o Brasil está de volta ao calendário da Fórmula Indy, um certame completamente diferente daquele que veio aqui competir por cinco anos consecutivos no Rio de Janeiro. A administração não é mais da finada Championship Auto Racing Teams (CART) e sim da Indy Racing League (IRL), que passa por um processo geral de reformulação, começando pela saída de Tony George do comando da entidade e também da presidência do Indianapolis Motor Speedway (IMS).

Seu substituto, Randy Bernard, lidava com um meio fortíssimo dentro dos EUA: era o presidente da liga profissional americana de rodeio. Ele terá a espinhosa missão de domar esse “touro bravo” que é a IRL, uma categoria de monopostos que tenta sobreviver em meio à crise que abalou também as estruturas da Nascar, tida e havida como a organização top do automobilismo ianque.

Apesar dos percalços, Bernard conseguiu, entre perdas e ganhos, fazer com que as equipes se apresentassem em número bastante razoável para a abertura da temporada, a São Paulo Indy 300, em pista montada no circuito do Anhembi, usando o Sambódromo paulistano, parte do entorno do Campo de Marte e uma pista da Marginal do Tietê. As favoritas de sempre – Penske, Ganassi e Andretti Autosport (novo nome da antiga Andretti Green) estarão lá em meio a times de menor orçamento, mas que podem sempre surpreender de acordo com a dinâmica das corridas.

Vinte e três (ou vinte e quatro) carros devem vir para a etapa inaugural do campeonato de 2010. Seis deles pilotados por brasileiros, dois deles estreantes: Bia Figueiredo, que conta com imensa simpatia da torcida, e Mário Romancini, que a exemplo de sua compatriota, é egresso da Indy Lights, categoria de base da IRL. Os outros são os experientes Tony Kanaan (campeão em 2004), Hélio Castroneves (tricampeão das 500 Milhas de Indianápolis), Vítor Meira (duas vezes vice-campeão em Indy) e Raphael Matos, que disputará sua segunda temporada na categoria.

Além de Bia, a Indy terá outras quatro mulheres defendendo a honra do outrora sexo frágil neste ano: a marqueteira Danica Patrick, a ítalo-suíça Simona de Silvestro, a estadunidense Sarah Fisher – que não disputará todas as etapas e confirmou sua ausência no Brasil - e a venezuelana Milka Duno, ótima como modelo, fraquíssima como piloto.

Olho também em Takuma Sato. Após um ano e meio ausente das pistas, o japonês, contratado pela equipe KV Racing Technology na vaga de Marinho Moraes, pode surpreender. Veloz a gente sabe que ele é. Se vai conseguir adaptação aos ovais e não “afinar” nas curvas de pé embaixo a mais de 300 km/h, aí é outra história.

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