terça-feira, 22 de dezembro de 2009

GGOO RETROSPECTIVA: A F1 EM 2009*

*Por Evelyn Guimarães

Quando a Honda de Jenson Button pegou fogo no pit-lane de Interlagos ao final da corrida de 2008, Jenson Button sequer imaginava que aquilo também significava o fim da equipe japonesa na F1 e o surgimento, poucos meses depois, de um novo e renovado time a partir do que restou da estrutura da montadora nipônica. Poucos, na verdade, acreditavam que o espólio da Honda, logo após o surpreendente anúncio da saída da equipe da F1, daria em alguma coisa útil. Nem mesmo Button.

Porém, 2009 se desenhou de maneira bastante surpreendente para os ex-integrantes da Honda. E o ano foi de reconhecimento para o britânico. O piloto, que quase ficou fora do Mundial um ano antes, se viu celebrando o primeiro título na F1 na mesma pista paulistana, depois de uma atuação arrojada e agressiva (por que não?) em busca da taça.

Mas antes de lembrarmos os caminhos que levaram o britânico à conquista máxima da F1, é importante ressaltar que tudo começou no dia 6 de março deste ano, quando Ross Brawn assumiu o comando da equipe japonesa. E já nos primeiros testes em Barcelona ficou claro que o time capitaneado pelo ex-diretor-técnico da Ferrari daria trabalho à concorrência.

Durante a pré-temporada, Ferrari e McLaren monopolizaram as conversas sobre o favoritismo para a temporada que estava prestes a começar, muito em função do ano anterior, claro. Algumas corridas mais tarde, entretanto, ficaríamos sabendo que ambas estavam muito aquém do esperado.

Apesar do assombro causado nos treinos coletivos, a Brawn ainda convivia com a dúvida. Era de conhecimento público que tanto Button quanto Barrichello apostaram quase que às cegas no projeto liderado por Ross Brawn, inclusive, aceitando um corte significativo nos salários. Por outro lado, o time ainda procurava parceiros. E a salvação veio da inglesa Virgin, que apresentou uma nova face na F1. Ainda assim, o primeiro e único carro da equipe inglesa correu com a pintura branca, com detalhes em amarelo e pouquíssimos anunciantes.

Em meio a tudo isso a pole e a vitória de Button e a dobradinha na abertura do campeonato, na Austrália, apenas serviram para provar que o desempenho apresentado durante os testes era mesmo real. O fato é que Button foi soberbo na primeira metade da temporada. Como se diz: não teve para ninguém. Jenson faturou seis das sete primeiras etapas do ano, mostrando uma performance perto da perfeição.

A exceção foi o GP da China, o terceiro do calendário, vencido por Sebastian Vettel e sua Red Bull, que viraria a grande pedra no sapato de Jenson na segunda parte do campeonato, além do próprio companheiro de equipe.

Voltando ao começo do Mundial, duas provas necessitam de destaque. A primeira foi a da Espanha. A mudança na estratégia de pit-stop causou certo constrangimento, especialmente por conta de Barrichello, que chegou a falar em favorecimento da equipe a Button.

Mesmo assim, o britânico se mostrou rápido no momento certo e soube lidar com ira do parceiro de equipe, que não gostou nada da alteração de última hora do companheiro inglês. Uma coisa importante a ser dita sobre Button neste ano é que o piloto soube como ninguém ficar longe das confusões e das polêmicas. Ao que pareceu, o campeão criou uma bolha de proteção e viveu nela por grande parte do ano.

O outro destaque vai para a etapa de Mônaco, a mais charmosa do calendário. Jenson aportou em Monte Carlo com uma vantagem considerável para Barrichello, Vettel e Mark Webber. E foi aí que a pressão começou a se fazer presente. Afinal, o piloto surgia como franco favorito ao título. Mas a pole e a vitória aliviaram a cobrança e as especulações da imprensa. Button ainda ganharia na Turquia, antes de assumir de vez uma postura cautelosa rumo ao título.

A segunda metade do campeonato, que começou com o GP da Inglaterra, já viu um Jenson completamente diferente. Além disso, a Brawn não apresentava o mesmo domínio das primeiras etapas, enquanto a rival Red Bull passava a ditar o ritmo.

É bem verdade que Button não cometeu erros durante a temporada, mas também é certo dizer que o inglês teve atuações que sequer lembraram o piloto seguro, constante e rápido do início do ano. Ainda assim, Jenson conseguiu, com maestria, controlar o campeonato até final, mesmo diante das atuações impecáveis dos principais rivais, como Barrichello, em Valência e em Monza, e Vettel. Mas contou com erros e incidentes dos adversários para chegar a Interlagos com chance de fechar de vez o campeonato. E foi o que aconteceu.

A prova paulistana mostrou um terceiro Button, na verdade. Não foi aquele dominante do início da temporada e nem tão pouco o cara cauteloso que surgiu na garagem da Brawn a partir da prova de Silverstone. O Jenson que apareceu no autódromo José Carlos Pace no dia da corrida estava mesmo a fim de sair do Brasil campeão. Mas não foi uma decisão de tirar o fôlego, como a luta entre Felipe Massa e Lewis Hamilton um ano antes.

Na verdade, a definção do título foi um reflexo de como Button conduziu o campeonato inteiro, em uma mistura de arrojo, cautela e perfeição. Mas o que vimos em São Paulo teve a mais a ver com arrojo. O britânico brigou por posições, fez boas ultrapassagens e cruzou a linha de chegada em quinto, o que foi o suficiente para garantir a taça com uma prova de antecedência. Depois, desabafou: "Foi um alívio."

Finalmente, a corrida de Abu Dhabi foi apenas um bônus. E Button, ainda sob o efeito de Interlagos, ensaiou uma bela briga com Mark Webber nas últimas voltas da prova árabe, vencida de forma categórica por Vettel, para fechar 2009 em grande estilo. Literalmente.

2 comentários:

  1. Tá, levou o caneco, mas patriotismo à parte, não me convenceu!!
    Não gosto de pilotos estilo "Prost", sem agressividade, não arriscam, e muita coisa cai no colo.

    ResponderExcluir
  2. resumindo... button nunca foi ameaçado durante o ano... foi chato!!!

    ResponderExcluir